17 de jul. de 2013

Evo Morales fez ao ministro da defesa do Brasil, o mesmo, ou pior, do que fizeram com ele na Europa

BRASIL - BOLÍVIA
Evo Morales fez ao ministro da defesa do Brasil, o mesmo, ou pior, do que fizeram com ele na Europa
Indignado e queixoso de ter sido "humilhado", na Europa, sob suspeita de dar fuga a um ex-agente da CIA, o cocaleiro presidente da Bolívia, Evo Morales, fizerá o mesmo no final do ano passado, quando invadiu, no aeroporto de La Paz, com cães farejadores, o avião da FAB, que conduzia o ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, que regressava de uma visita oficial. Desconfiara que um senador da oposição, asilado na embaixada do Brasil, estivesse à bordo.

Foto: Divulgação

Ministro da Defesa, Celso Amorim, farejado na Bolívia

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  Jornal do Brasil, Diário do Poder, Valor, Coturno Noturno

Meses antes de expressar repúdio pela retenção e revista do avião de seu presidente na Europa, sob suspeita de que levava o ex-agente da CIA Edward Snowden, o governo boliviano reteve e revistou a aeronave que levaria o ministro da Defesa, Celso Amorim, de volta ao Brasil após uma visita à cidade de Santa Cruz de la Sierra, no ano passado. A busca, feita inclusive com cães farejadores, aconteceu em meio a suspeitas de que Amorim levava a bordo o senador de oposição Roger Pinto, que está refugiado há mais de um ano na Embaixada do Brasil em La Paz.

O incidente ocorreu em 3 de outubro do ano passado, segundo as fontes, quando Amorim visitou a Bolívia para a doação de dois helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) ao país, para serem usados no combate ao narcotráfico.

Segundo as fontes do governo brasileiro, o Itamaraty emitiu uma nota de protesto pela vistoria do avião de Amorim. Uma das fontes afirma que, em resposta, os bolivianos "responderam com um pedido de desculpas". Outra fonte afirma que Amorim permitiu a revista do avião, que pertence à FAB. O incidente vinha sendo mantido em segredo pelos dois países.

Questionado , o Ministério da Defesa disse que não comentaria o assunto. Já o Ministério das Relações Exteriores disse que "a assessoria de imprensa não tem conhecimento dessa informação" [a vistoria do avião de Amorim e a nota de protesto].

Já o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia "não confirma nem nega" o incidente.

A informação vem à tona poucos dias depois da indignação expressada por quase todos os países sul-americanos com a retenção do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, na Europa, no dia 3 de julho. Na ocasião, Itália, França, Espanha e Portugal fecharam seu espaço aéreo para o avião presidencial. Isso obrigou a aeronave a pousar na Áustria, onde ela foi revistada. O episódio ocorreu por conta da caçada promovida pelo governo americano a Snowden, que revelou no mês passado que o Washington monitora dados de internet e telefonemas para "combater o terrorismo". Os países europeus negaram que o incidente tivesse relação com Snowden.

O caso gerou uma reunião de emergência da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e foi destaque da agenda da cúpula do Mercosul, na semana passada. Reunidos em Montevidéu, os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela decidiram convocar seus embaixadores nos quatro países europeus para consultas - uma medida diplomática que sinaliza um forte mal-estar entre os países, sem implicar rompimento das relações bilaterais.

O senador Roger Pinto chegou à embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio do ano passado. Alvo de mais de 20 processos judiciais, ele diz sofrer perseguição política após ter denunciado o envolvimento de altas autoridades do governo boliviano com o narcotráfico. Pinto pediu e recebeu asilo político da presidente Dilma Rousseff, mas permanece na embaixada, pois Morales se recusa a conceder-lhe um salvo-conduto para que ele deixe o local sem ser preso.

Brasil e Bolívia formaram uma comissão bilateral em março para tentar uma solução, mas a embaixada está alijada do caso. Para Morales, o embaixador brasileiro em La Paz, Marcel Biato, passou "informações incorretas" a Dilma a respeito do senador. A ministra da Comunicação boliviana, Amanda Dávila, chegou a chamar Biato de "porta-voz da oposição".

O mal-estar levou à troca do embaixador, a pedido de La Paz. Biato deve ir para a Suécia. Ele já recebeu o "agrément" de Estocolmo, mas seu nome ainda tem que ser aprovado pelo Senado brasileiro.


  COMENTAMOS:   

Estranho que Dilma Rousseff tivesse ocultado e absorvido mansamente mais essa estripulia humilhante de Evo Morales. Só agora vazada a contra gosto, pela imprensa.

O Coronel do Blog Coturno Noturno, lembra que "em 2002, em pleno pânico com ataques terroristas que tinham derrubado as Torres Gêmeas, a segurança americana, em estado de alerta máximo, revistava qualquer cidadão que chegasse ao país, fosse ele comum, tripulante de avião ou até mesmo diplomata. Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores de FHC, foi convidado a tirar os sapatos ao chegar aos EUA, para poder passar nos detectores de metais".

O episódio foi fartamente explorado por Lula e pelos petistas como uma desmoralização para o Brasil. Cobravam do então presidente Fernando Henrique uma providência diplomática agressiva, contra os Estados Unidos e até a demissão do ministro por não ter conseguido se impôr.

E agora?

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