Vinte e seis dias após um tribunal de Milão ter condenado o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, a sete anos de prisão, por pagar para ter relações sexuais com uma prostituta menor de idade durante “animadas” festas em sua residência, e de ter usado sua influência para encobrir o caso, três pessoas próximas do premiê, foram condenados por auxílio e cumplicidade com a prostituição, inclusive de menor, a penas entre sete e cinco anos de prisão.
O relações públicas Lele Mora e o ex-diretor de jornalismo do "Rete Quattro" (canal de TV de Berlusconi) Emilio Fede foram declarados culpados por auxílio e cumplicidade com prostituição ao procurarem garotas para terem sexo pago com o político, e receberam penas de 7 anos de prisão, além da inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos.
Foto: Facebook
Nicole Minetti, conselheira regional da Lombardia em 2010, eleita pelo partido de Berlusconi, Povo da Liberdade (PDL)
Também foi condenada a 5 anos de prisão e 5 anos de inabilitação para cargo público, Nicole Minetti, 28 anos, ex-dentista que entrou na política sob a tutela do ex-premiê.
Minetti, 28 anos, é uma celebridade de televisão que foi eleita conselheira regional da Lombardia em 2010 pelo Povo da Liberdade (PDL), partido de Berlusconi, e ocupou o cargo até 2012.
A imprensa italiana diz que ela recrutava garotas de programa para as chamadas festas de "bunga bunga" promovidas pelo ex-premiê. A promotoria também a acusava de ter realizado sexo pago nestes eventos. Ela nega todas as acusações e disse que amava Berlusconi há época dos eventos.
Berlusconi, de 76 anos, foi sentenciado a sete anos de prisão e a um impedimento vitalício de ocupar cargos públicos - o que pode significar o fim da carreira política de Berlusconi, que já soma 20 anos. Contudo, ainda há mais dois níveis de apelação antes da sentença definitiva.
O ex-premiê não ocupa nenhum cargo oficial no governo italiano atual, mas continua influente na frágil coalizão que se formou depois das eleições de fevereiro.
Foto: Zimbio
A marroquina, conhecida também como Ruby Rubacuori (rouba-corações, em italiano), acabou roubando o sossego de Berlusconi
Tanto ele quanto a jovem marroquina protagonista do escândalo (Karima el-Mahroug, conhecida como Ruby), que era menor de idade. 17 aninhos, quando frequentava as festas do ex-premiê, negaram ter mantido relações sexuais.
Berlusconi, que além de politico também é um magnata da mídia italiana, diz, em sua defesa que as grandes festas que dava em sua mansão eram acontecimentos de gala, jantares suntuosos e finos, sem nenhuma ligação com a prostituição.
Não foi o que disse a jovem marroquina, Ruby, pivô do processo, em seu depoimento, vazados para o jornal italiano La Repubblica. Ela disse ali, que as chamadas "festas bunga-bunga" de Berlusconi, envolvia dezenas de mulheres nuas dançando e se acariciando em torno do primeiro-ministro italiano, num ritual de sedução:
"Depois do jantar, íamos para um salão no subsolo, onde acontecia a bunga-bunga", contou a moça. "Todas as garotas ficavam nuas durante a bunga-bunga, e eu tinha a sensação de que elas estavam competindo umas com as outras para fazer com que Berlusconi as notasse, com performances sexuais cada vez mais ousadas.”
Em outro trecho do depoimento, Ruby descreve como foi seu primeiro encontro com o premiê italiano. "Naquela noite, Berlusconi me disse que a bunga-bunga era um harém, o que ele copiou de seu amigo (o ditador líbio Muamar) Kadafi, e que consistia em garotas tirando a roupa e concedendo-lhe 'prazeres sexuais'".
E acrescentou: "O primeiro-ministro me levou até seu escritório, e me fez entender que minha vida mudaria completamente se eu participasse da bunga-bunga.”
Ela conta ter se recusado em uma primeira ocasião, mas acabou se unindo ao "harém" de Berlusconi da segunda vez em que o visitou, em março - mas garantiu que sua condição era manter-se vestida. "Eu não tirava a roupa e não mantinha relações sexuais", afirma.
"Eu era a única garota vestida, e apenas para ter algo para fazer eu levava para o primeiro-ministro um Sanbitters de vez em quando", continua, referindo-se a um popular drink não alcoólico vendido na Itália.
A jovem disse ter comparecido a cinco festas na casa do político, e que depois de cada uma delas ele a presenteou com 3 mil euros.
Foto: Filippo Monteforte/AFP
Nicole Minetti, a ex-deputada e estrela de televisão, mostrando parte dos seus atributos num desfile em Milão, disse que fez tudo por amor a Berlusconi
Berlusconi, em outro processo, já foi condenado por fraude fiscal, a quatro anos de prisão e cinco anos afastado da vida pública. Recorreu, mas a sentença foi confirmada após o primeiro recurso.
Foto: Mauro Scrobogna /La Presse
Bem ao estilo, Luiz Inácio Lula da Silva, Berlusconi admitiu que é "um pecador, como todo mundo", mas acusou os juízes moralistas e adversários puritanos de orquestrarem uma campanha contra ele.
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