ONU O Brasil no Conselho de Segurança da ONU
Depois que Barack Obama defendeu esta semana a entrada da Índia, como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU e o chanceler inglês defendeu outra vaga para o Brasil, alvoroçaram-se os candidatos, como se as porteiras do seleto clube estivessem escancaradas. As pretensões brasileiras nascida no governo FHC e abraçadas por Lula, como um troféu a ser conquistado, além de não trazer nenhuma vantagem nem para o Brasil nem para os brasileiros, seria dispendioso, perigoso e inútil.
Foto: G. Kinch/UN/DPI
Discurso de Fernando Henrique na ONU: “A força da ONU passa por uma Assembléia Geral mais atuante, mais prestigiada, e por um Conselho de Segurança mais representativo, cuja composição não pode continuar a refletir o arranjo entre os vencedores de um conflito ocorrido há mais de 50 anos, e para cuja vitória soldados brasileiros deram seu sangue nas gloriosas campanhas da Itália.” (10/11/2001)
Postado por Toinho de Passira Fontes: Estadão, Folha Online, Folha de São Paulo, BBC Brasil, Veja
Nos tempos em que Fernando Henrique Cardoso e o seu chanceler Luiz Felipe Lampreia, defendiam a entrada do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, o Partido dos Trabalhadores, era contra, com o argumento de que o Brasil tinha que resolver primeiro os seus principais problemas internos para estar se preocupando com esses problemas internacionais.
O presidente Lula e o PT ao metamorfosearam-se no poder, ao que se supõe, acreditando que todos os problemas nacionais já estão resolvidos, gastaram toda a energia possível, nos últimos sete anos, nesta direção.
Para tanto, capricham no atendimento a vítimas de catástrofes internacionais, numa presteza e fartura de matar de inveja os flagelados brasileiros. Entraram no beco sem saída do Haiti, onde o exército brasileiro é responsável pela segurança dos haitianos, enquanto o crime organizado impera no Brasil.
O nosso presidente, atabalhoadamente correu de um lado para o outro, tentando resolver o conflito milenar entre judeus e palestinos, faz estranhas alianças com ditadores, como o iraniano Mahmoud Ahmadinejad e gasta bilhões do orçamento comprando armamento aos franceses, só porque o presidente Nicolai Sarkozy, o marido de Carla Bruni, diz que é a favor do Brasil no conselho de Segurança da ONU.
O interessante é que apesar de tentar demonstrar insistentemente seu desamor pelos americanos, posicionando-se sempre contra a política externa de Barack Obama, o governo Lula, nos seus estertores, ainda fique surpreso em ver o americano defendendo a Índia e não o Brasil, junto aos Estados Unidos, no Conselho das Nações Unidas.
Foto: Pete Souza/Official White House
VENDEDOR DE ILUSÃO - Obama na Índia acenando com uma improvável vaga no Conselho de Segurança da ONU
Interessante é que tudo isso não passa de uma farsa americana. A proposta de Barack Obama não tem nenhuma sinceridade, nem possibilidade prática. O presidente americano após o fracasso eleitoral do seu partido nas eleições legislativa, apenas por marketing político, tenta dar significado grandioso a sua passagem pela Índia, na pretensão de que certo brilho, na política externa, reflita positivamente junto ao eleitorado americano.
O discurso de Obama, proferido no parlamento indiano, incluiu uma mensagem dúbia. No primeiro momento ele disse: - "Nos anos seguintes, eu espero ansiosamente por um Conselho de Segurança das Nações Unidas reformado que inclua a Índia como membro permanente".
Parece que todo mundo só ouviu esse enunciado, mas na continuidade o presidente americano fez exigências bem difíceis para a Índia merecer o seu apoio, alertando que o país asiático, teria que assumir um papel mais responsável em assuntos internacionais, como pressionar o governo de Mianmar para adotar a democracia. "A Índia constantemente se esquivou de alguns desses assuntos. Mas falar por aqueles que não têm voz não é interferir nos assuntos de outros países."
Foto: Reuters
LULA –AHMANIDEJAD - Aliados polêmicos, oportunidade para aparecer, como independente, no cenário internacional.
O Conselho de Segurança da ONU -responsável pelas decisões mais importantes da organização- sempre teve cinco membros permanentes com poder de veto desde que o órgão foi criado, os EUA, China, Reino Unido, França e Rússia acrescidas de dez membros não permanentes, em rodízios, que tem os mesmo direitos de votos em todas as questões discutidas, mesmo o poder do veto.
É bem verdade que essa composição vem sendo criticada por não refletir a divisão de poder no século 21, já que a decisões de sua criação ocorreram em fins da segunda guerra mundial.
Uma reestruturação do Conselho vem sendo negociada, com mais veemência, há 18 meses, mas não se vislumbra nenhuma solução à vista. O leque de proposta colocada na mesa de negociações é de uma complexidade tão diversificada que não se imagina efetivamente venha ocorrer, nas próximas décadas, uma mudança concreta.
Entre os principais temas a ser debatidos estão: como ampliar o atual Conselho para mais de 15 assentos; se esses assentos serão permanentes ou seus membros deverão ser eleitos; e se os novos membros terão poder de veto. Há uma profusão de propostas: cinco novos membros permanentes sem poder de veto, mais cinco outros eleitos, perfazendo um total de 25, por exemplo, ou a criação de um nível intermediário de cadeiras para países bastante envolvidos na ONU, com um mandato de três ou quatro anos.
Mas, salvo a proposta de ampliação, não há consenso sobre nenhuma outra questão, e as disputas regionais sobre quem poderá preencher as novas cadeiras permanentes tornam qualquer mudança problemática, talvez impossível.
Foto: Reuters
LONGE DE CASA - Soldados do exército brasileiro dando segurança aos haitianos, já a segurança dos brasileiros...
Comentando o pronunciamento de Obama, o chanceler do governo Fernando Henrique, Luiz Felipe Lampreia, esclarece que “a questão não vai se resolver imediatamente, pois há mais fatores de complicação do que apenas a “anterior” posição negativa dos Estados Unidos. Na realidade, há muitos anos que o tema é objeto de acelerações e freadas”.
Os outros candidatos além do Brasil e a Índia, são a Alemanha e o Japão, embora se fale recentemente da introdução na lista de candidato, a África do Sul e a Arábia Saudita.
Sempre houve forte resistência da Argentina e de outros países do continente, à escolha do Brasil, pois eles preferiam que houvesse uma cadeira latino-americana a ser preenchida em rodízio por um número restrito de países.
O certo, é que com a evolução do mundo, as decisões do conselho de segurança da ONU estão cada vez mais inócuas e desimportantes. Aumentar o número de possibilidade de países com direito a vetos, vai tornar praticamente impossível qualquer sansão, pois como hoje ninguém consegue sancionar Israel, devido aos vetos americanos, ninguém conseguiria sancionar o Irã ou a Venezuela, devido aos vetos brasileiros, supõe-se.
Essa história toda parece uma grande perda de tempo. Basta que o Brasil faça o seu dever de casa continue cuide da sua economia com seriedade, melhore seus índices humanos (saúde, educação, segurança), aja com bom senso nas questões internacionais e alie-se a parceiros insuspeitos, que será convidado a opinar sempre que for necessário.
Essa ansiedade de ser importante é coisa de novo rico, ansioso por ser aceito pelos poderosos, que antes fingia desdenhar.
Foto:Arquivo ONU
OBJETO DO DESEJO - A sala de reuniões do Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque |
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