Briga de cachorros grandes
OPINIÃO Briga de cachorros grandes O PT e o PMDB estão numa rinha disputando espaços no futuro governo. O PT quer governar sozinho, e o PMDB além do espaço político, quer consagrar a teoria de um governo de dupla vertente PT-PMDB. A luta não tem bons propósitos e não tem regras civilizadas. Vale tudo: chantagem, ameaças e principalmente golpes baixos. Já se sabe que o resultado não será de forma alguma bom para o país. O próprio presidente Lula, fez uma previsão, que nos soou pessimista, ao afirmar que no final, o novo ministério, será “a cara de Dilma.”
Foto: Associated Press Toinho de Passira O Partido dos Trabalhadores usa com o PMDB de Michel Temer, aquelas velhas táticas de conquistadores de donzelas, que antes de conseguirem as prendas fazem juras de amor eterno, com o firme propósito de jamais cumprir. O PMDB, de Michel Temer, não é nenhuma ingênua donzela, e apenas fingiu acreditar piamente nas propostas do PT. Fez tudo pensado, de olho nas verbas bilionárias que deverá administrar, por conta dessa intimidade consentida. O PT silencia, mas, sabe que sem o PMDB, Dilma não teria ganhado as eleições, nem Lula, os seus dois mandatos. A força do PMDB é resultante da sua incrível capilaridade Brasil a fora. Dispõe de milhares de Prefeitos, vereadores e de deputados estaduais ligados a sigla. Uma máquina de votos, capaz de servir de fiel da balança em qualquer pleito nacional. Mesmo com todo o rolo compressor do PT de Lula, nessas eleições o PMDB, conseguiu eleger cinco governadores, é bem verdade que antes tinha nove, mas é a segunda maior bancada da Câmara, com 79 deputados federais, perdendo apenas para os Petistas, com 83. São, porém senhores absolutos do senado, com 20 senadores, “que pode ser modificada dependendo das definições da Justiça sobre a Lei da Ficha Limpa.” O jogo é duro e os adversários são cínicos e inescrupulosos. O PT não deixou que o PMDB e muito menos Michel Temer se aproximasse da sua candidata. Fechou o comitê as pretensões peemedebistas. Só a muito custo o PMDB “conseguiu incluir na equipe de campanha o ex-governador do Rio Moreira Franco, que, no entanto, continuou sem muito trânsito no esquema de poder real da campanha petista, enfeixado por Antônio Palocci, José Eduardo Cardozo e o presidente do PT, José Eduardo Dutra.” Os petistas precisavam dos votos peemedebistas, mas, não queriam que eles se sentissem credores de mais alguma contribuição. Ninguém viu Michel Temer ao lado de Dilma na campanha. Ele só apareceu quando a candidata não ganhou no primeiro turno, para atrair votos do PMDB para o segundo embate. Quanto mais Dilma subia nas pesquisas, mas o PT afastava Dilma de Temer. Vazou que ele chegou a gravar participação no programa eleitoral da candidata mais sua voz foi cortada por José Dirceu, na edição e posta no lixo do comitê. No dia da eleição, Michel Temer não foi convidado a assistir com Dilma, a apuração. Só teve acesso à candidata depois que o resultado foi proclamado e ela já ia fazer o pronunciamento como eleita. O PT deixava bem claro que aquela era uma festa petista e que o PMDB estava ali, apenas como um coadjuvante menor, inexpressivo, quase um apêndice descartável. Apesar de cara de poucos amigos, Michel Temer agüentou tudo em silêncio e pacificamente, esperando a sua hora. Assim que a festa acabou e começou o momento da verdade, e o PT novamente auto-suficiente, montou a equipe de transição do governo apenas com petistas, Michel Temer fez o seu primeiro movimento e exigiu a participação do partido. A solução encontrada, pelos petistas foi conceder um cargo honorífico ao vice de Dilma: “Chefe ou Presidente da Comissão de Transição”. Um nome pomposo, sem nenhuma relevância prática. Investido do posto, Temer não terá espaço para opinar, não será obedecido e nem participará de todas as reuniões. Pode até ficar em casa, se quiser, ninguém vai se queixar ou sentir sua falta. Até quando o PMDB vai agüentar ficar do lado de fora da festa, “estacionando os carros”? Como uma esfinge indecifrável, quando questionado Temer diz que uma modesta participação no governo satisfaria o seu partido. Mas no submundo das forças ocultas, como dois cachorros grandes, os dois partidos se enfrentam, num combate pouco cavalheiresco, cheio de golpes baixos, dedo nos olhos e bordoadas abaixo da cintura. A briga é territorial, política e de acesso aos cofres públicos. Disputam milimetricamente, no grosso e no varejo: ministérios poderosos e abarrotados de dotações orçamentárias, estatais e autarquias rendosas, diretorias com mais verbas, as chefias mais cobiçadas, cargos de confiança e participação em grupos de trabalho. O PMDB saberá lembrar ao PT que a nova presidente vai precisar e muito, deles no Congresso, e nas futuras eleições. A cada investida do PMDB, outra do PT está em curso. Ontem, dia 03, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou proposta de Emenda Constitucional que determina a realização de uma nova eleição para escolher o presidente da República se o cargo ficar vago. A proposta só foi aprovada, porque a base governista do governo Lula, que tem ampla maioria na comissão, deixou que acontecesse. Para entrar em vigor, o texto aprovado fará uma longa e improvável viagem, precisa passar pelos plenários do Senado e da Câmara, em dois turnos de votações. Ficará em banho Maria, para ser acionada contra o PMDB, caso Michel Temer, não esteja bem comportado. Como se vê esse é um jogo de poucas sutilezas, realizado nos subterrâneos escuros de Brasília. Impotentes só saberemos dos resultados finais, quando emergir do lodo, o Ministério da presidente Dilma Rousseff. Não se pode esperar grande coisa, o próprio Lula, disse que o novo Ministério será a cara de Dilma. Photoshop Toinho e Passira |
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