14 de nov. de 2010

PanAmericano: Banco Central não viu porque não quis

BRASIL
PanAmericano: Banco Central não viu porque não quis
O trambique operado no banco do grupo Silvio Santos, causou um rombo na Caixa Economica Federal, ameaça o sistema financeiro, e mostra que o BC brasileiro, apesar de se dizer surpreso, foi conivente, irresponsável ou na melhor das hipoteses, incompetente ao lidar com a questão.

Foto: Associated Press

OIÃO - Meirelles prá que esses olhos tão grandes?

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha de São Paulo, Agora, Tudo Global, Sidney Resende, Folha Online, Estadão

Quanto mais vem à tona o formato do trambique do banco PanAmericano, do Grupo Silvio Santos, mas enredado fica o Banco Central. No estilo raposa investigando o desaparecimento de galinhas, os técnicos do BC, à medida que vão expondo as nuances do rombo contábil, de R$ 2,5 bilhões (até agora), evidenciam a própria culpa, ou cumplicidade, no episódio.

Sabe-se que a fraude foi executada de maneira primária, simplista e até grosseira, durante três ou quatro anos nas barbas do presidente do Banco Central, Henrique "Oião" Meirelles, que diz cinicamente, que o órgão regulador do governo, agiu a tempo e a hora.

Além de todas as outras implicações, existência de um rombo como esse, por tanto tempo, e em níveis tão evidentes, põe em risco a credibilidade de todo o sistema financeiro brasileiro. Quem garante que isso não possa estar acontecendo no banco onde você tem conta, onde você aplica, onde você tem as economias guardadas?

O que se sabe até agora, os diretores do Banco PanAmericano, usavam de estratégias contábeis pouco discretas como a manipulação dos saldos devedores dos clientes de cartão de Crédito, criaram inclusive cartões fantasmas, registrando falsas movimentação astronômica, para parecer que o banco estava financiando transações e era credor dessas dívidas inexistentes. Só essa parte da contabilidade escondia um rombo de R$ 400 milhões.

Divulgou-se também que um único cliente pessoa física, o empresário Adalberto Salgado, de Juiz de Fora (MG), recebia mais de R$ 120 milhões de rendimento por ano numa aplicação na instituição, brindado com taxas muito superiores às de mercado.

Ele mantinha R$ 400 milhões num CDB (Certificado de Depósito Bancário) do PanAmericano, que o remunerava a mais de 30% ao ano. Quando, em média, o normal seria algo em torno de 10,75% ao ano.

O CDB é um instrumento usado pelos bancos para captar recursos. O investidor empresta dinheiro ao banco e recebe juros baseados no CDI - taxa cobrada nas transações entre instituições financeiras.

A Folha de São Paulo comenta que “a descoberta de uma aplicação tão extravagante só após a intervenção é um indício de que a fiscalização do BC cometeu “falhas graves” no caso do PanAmericano.”

A fiscalização deveria ter notado o CDB, no mínimo, pelo risco que o pagamento de juros tão altos significaria ao banco.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, tentou tirar o dele da questão afirmando que não é obrigação do Banco Central auditar instituições financeiras e que no caso PanAmericano, até agora não houve qualquer aporte de dinheiro público, para resolver a questão.

Acontece que no final do ano passado após as auditorias internas e externas, que não identificarem problemas nos balanços patrimoniais, a Caixa Econômica Federal, um banco estatal, adquiriu 49% das ações do Panamericano, injetando na instituição que afundava R$ 739,2 milhões.

Fala-se que na ocasião o governo federal estava estimulando a compra de carteiras de crédito de bancos pequenos e de médio porte devido à falta de liquidez provocada pela crise econômica mundial. O objetivo era impedir que essas instituições quebrassem (?).

Como os 49% do Banco PanAmericano, depois de descoberta a roubada, vale menos da metade do que valia, na ocasião da transação, a Caixa Econômica, contabiliza por baixo um prejuízo direto de R$ 350 milhões. Pergunta-se: quem é o responsável por esse desastrado negócio? Quem vai para cadeia?

Esse, como outros escândalos, desse governo, vai como a história da carochinha, “entrando pela perna do pinto e saindo pela perna do pato contribuinte.


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