21 de set. de 2010

Soldados EUA matam, “por esporte”, civis afegãos

ESTADOS UNIDOS – AFEGANISTÃO
Soldados EUA matam, “por esporte”, civis afegãos
Hediondos crimes de guerra foram cometidos por soldados americanos contra inocentes afegãos, numa mistura de crueldade, consumo de drogas pesadas e descontrole da tropa por parte dos comandantes militares. A descoberta desses assassinatos, com requinte de crueldades, dificultará ainda mais a missão americana no Afeganistão, criando um clima favorável de apoio aos talibãs, os verdadeiros alvos inimigos dos americanos no país

Fotos: Portal do Exército USA

Os militares acusados de praticarem tiro ao alvo com os afegãos são os soldados Andrew Holmes, Adam Winfield, Michael Wagnon, Jeremy Morlock e o sargento Calvin Gibbs, que não está na foto. Podem ser condenados a pena de morte ou a prisão perpétua.

Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Washington Post, Daily News, Jornal de Notícias, Wikipedia, The Economist, Army Times, Folha de São Paulo

Doze soldados norte-americanos estão sendo acusados de integrarem um "esquadrão da morte" na guerra do Afeganistão. O grupo assassinou civis afegãos, por diversão, há relato que colecionavam dedos, ossos e até crânio, das vítimas inocentes, como troféu.

O grupo era constituído por cinco soldados que teriam assassinado três homens afegãos em diferentes ataques.

Outros sete são acusados de encobrir os crimes e de atacar o soldado que denunciou o ocorrido aos superiores.

De acordo com o jornal britânico "The Guardian", os soldados envolvidos integravam a brigada de infantaria "Stryker" colocada na província de Kandahar, no Sul do Afeganistão. O "The Guardian" afirma que esta é uma das mais graves acusações de crimes de guerra no Afeganistão. Todos os soldados negaram os fatos que se confirmados podem resultar em pena de morte ou prisão perpétua, para os militares.

Foto: Getty Images

Os americanos estão no Afeganistão para combater o Talibã, um movimento islamita extremista nacionalista da etnia afegã pashtu, que governou o país 1996 e 2001, que chegou ao poder ajudado pela CIA que lhes forneceu armas e munições, enquanto eles combatiam a União Soviética.

Depois que controlaram a capital Cabul e 90% do território afegão, criando o chamado "Emirado Islâmico do Afeganistão", os Talibãs definitivamente voltaram suas armas, doada pelos EUA, contra os americanos.

Após o ataque terrorista às Torres Gêmeas em Nova York, descobriu-se que o governo talibã dava refúgio e apoiava Osama Bin Laden, o líder do grupo terrorista Al-Qaeda.

Foto: Associated Press

Sob o pretexto de capturar Bin Laden, o governo americano invadiu o Afeganistão, derrubo o regime talibã, com apoio de outros países, como a Inglaterra e a França e instalou um governo liderado por Hamid Karzai (foto), que está no poder até hoje.

Com a situação aparentemente sob controle, o presidente Bush partiu para a aventura do Iraque, deixando a guerra do Afeganistão em segundo plano.

Foi o suficiente para os talibãs reagrupando-se militarmente, assumindo o controle político sob parte da população na conturbada região de fronteira com o Paquistão. Através de emboscadas e os ataques suicidas mantém os marines acuados.

Durante a campanha eleitoral americana, Barack Obama pregou que a sua prioridade militar seria combater o talibã no Afeganistão. Com efeito depois que assumiu, declarou a intenção de enviar ao Afeganistão, mais 34 mil militares, para se juntarem aos 65 mil, que estão em combate no país, onde a situação militar só tem piorado.

Foto: Associated Press

O número de combatentes das forças aliadas da Otan mortos nessa guerra, somam quase dois mil desde 2004. Porém, durante o governo Obama, o número de baixas tem aumentando consideravelmente. Em 2009 morreram 521 e neste ano, até agosto, já são 500 os mortos.

Diante das notícias desses crimes atuais, vê-se que os americanos estão cada vez mais afundando num atoleiro sem glórias.

De acordo com os investigadores e as provas testemunhais que integram o processo, o “esquadrão da morte” começou com a chegada do sargento Calvin Gibbs à base Ramrod, em Novembro passado. Gibbs contava histórias e falava da emoção de matar impunemente e exibia dedos que havia colecionado, nos tempos em serviu no Iraque. Contava aos restantes soldados, como uma aventura, como era fácil "lançar uma granada para alguém e matá-lo".

De acordo com as provas recolhidas, Gibbs, de 25 anos, arquitetou um plano, juntamente com o soldado Jeremy Morlock, de 22 anos, e outro integrante da unidade para formar um "esquadrão da morte" que acabou por matar três afegãos durante as patrulhas.

A primeira vítima terá sido Gul Mudin, sobre quem "atiraram uma granada e disparam uma espingarda" quando a patrulha entrou na aldeia de La Mohammed Kalay, em Janeiro. Após o ataque, Morlock terá afirmado ao soldado Andrew Holmes, de 19 anos, e que se encontrava de guarda nesse dia, que o assassinato tinha acontecido por "desporto" e ameaçou-o caso contasse alguma coisa sobre o ocorrido.

A segunda vítima, Marach Agha, foi morta a tiro no mês seguinte. Gibbs matou-o e colocou uma espingarda Kalashnikov ao lado do corpo para justificar a morte. Em Maio, um terceiro afegão, Mullah Adadhdad foi morto após ter sido atingido por tiros e uma granada.

Foto: Sgt. Jeremiah Johnson

Integrantes da brigada de infantaria "Stryker", onde serviam os acusados, em operações no Afeganistão

Soldados do pelotão foram acusados ainda de desmembrarem e fotografarem os corpos dos civis que assassinaram, além de colecionarem um crânio e outros ossos humanos.

O pai de um soldado afirmou que repetidamente alertou o Exército após seu filho ter lhe contado sobre o primeiro assassinato. Mas seus repetidos alertas foram repelido e não levado a sério, pelos militares americanos.

Foto: Reuters

As investigações Oficiais do Exército não descobriram nenhum motivo de combate para as mortes. Uma revisão dos documentos militares e entrevistas com pessoas familiarizadas com o caso sugerem que os assassinatos foram cometidos simplesmente por esporte, e que os soldados envolvidos faziam uso constante de haxixe misturado a bebidas alcoólicas.

Em resumo, depois de muito tempo em combate, os soldados não valorizam a vida humana dos cidadãos do país que ocupavam. Nem diferenciam quem é amigo ou inimigo. Transformaram a vexatória guerra, numa horripilante caçada humana.


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