9 de set. de 2010

PAQUISTÃO: Angelina Jolie em missão humanitária

PAQUISTÃO
Angelina Jolie em missão humanitária
A atriz fez uma visita de dois dias ao sofrido povo paquistanês, para chamar a atenção da comunidade internacional para a situação de 21 milhões de afetados pelas chuvas de monções que atingiram o Paquistão no final de julho, que causou a morte de 1.700 pessoas

Foto: Reuters

Angelina Jolie no campo de refugiados em Jalozai

Toinho de Passira
Fontes: EFE, UPI, Estadão

A Organização das Nações Unidas lamentou que o mundo ainda não tenha entendido a magnitude das inundações no Paquistão, onde chegou, nesta terça-feira, a atriz norte-americana Angelina Jolie, como embaixadora da boa vontade do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, para impulsionar a assistência aos mais de 21 milhões de afetados.

“Neste desastre lento e progressivo, é preciso que a comunidade internacional desperte e ajude o Paquistão com uma nova visão”, declarou, em entrevista coletiva em Islamabad, o diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Ásia e no Pacífico, Ajay Chhibber.

Chhibber ressaltou que o mundo ainda não entendeu a magnitude do desastre no país asiático e reforçou o pedido de urgência de acelerar o ritmo nas doações que, por enquanto, somam pouco mais de US$ 1,1 bilhão.

“Estou muito comovida com eles (os desabrigados). Espero poder fazer algo para ajudar”, disse a atriz Angelina Jolie diante de um grupo de jornalistas na cidade de Nowshera, no noroeste do país, após ter visitado o acampamento de desabrigados de Jalozai.

“A situação das inundações é extraordinariamente complexa. É algo a longo prazo, que irá exceder o prazo de mandato dos presidentes”, ressaltou a atriz.

Jolie, que dias atrás fez uma doação pessoal de US$ 100 mil às vítimas, lembrou nesta terça-feira que há pessoas que já foram afetadas por tragédias em outras ocasiões, como alguns refugiados afegãos e os deslocados pelo conflito entre o Exército e a insurgência talibã.

Em sua quarta viagem ao Paquistão desde que, em 2001, se tornou embaixadora da boa vontade da Acnur - a última foi há cinco anos, após o terremoto na região setentrional da Caxemira -, a atriz visitará diferentes comunidades de desabrigados e se reunirá com trabalhadores humanitários e representantes do Governo paquistanês.

“Esperamos que (sua visita) tenha um grande impacto. é importante que as (grandes) personalidades façam o mundo consciente do problema”, disse o representante do PNUD.

Chhibber argumentou, no entanto, que é importante que haja “mecanismos de supervisão e controle com credibilidade no país” para “ajudar a atrair mais recursos”.

Foto: Associated Press

Angelina Jolie vestida com trajes típicos do Sul da Ásia - um shalwar kameez preto e uma dupatta preta com debrum grená, cobrindo o seu cabelo, em respeito as tradições locais, mostrou-se muito preocupada com a ineficácia da comunidade internacional em socorrer os paquistaneses

Entre contribuições entregues e prometidas, o Paquistão assegurou até o momento cerca de US$ 1,1 bilhão, dos quais US$ 818 milhões canalizados através da ONU e diversas ONGs, enquanto o resto chega diretamente às autoridades paquistanesas, segundo dados oficiais.

O organismo multilateral recentemente pediu ao Governo paquistanês que criasse um órgão independente para supervisionar as ajudas internacionais, a fim de garantir transparência na distribuição e assegurar que os fundos não sejam alvo de corrupção.

Foto: Getty Images

Enquanto isso, a catástrofe, que desde o fim de julho já deixou 1.752 vítimas fatais e cerca de 21 milhões de afetados - sendo dez milhões sem nenhum tipo de alojamento -, segue agravando-se no sul do país com novas inundações.

Com 896 mil casos de infecções cutâneas e outros 705 mil de doenças respiratórias registrados em consultas médicas, os organismos humanitários voltaram a alertar nesta terça-feira que há risco de graves epidemias de malária - por enquanto, 139 mil casos foram registrados - e cólera, dado o alto número de diarreias agudas (639 mil casos).

Segundo um comunicado da ONU, o Ministério de Saúde paquistanês “confirmou focos de cólera” depois que cerca de 50% dos supostos casos da doença - endêmica no Paquistão - foram confirmados nos últimos dias.


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