22 de set. de 2010

DESASTRE AMBIENTAL : As reservas de Brasília continuam em chamas

DESASTRE AMBIENTAL
As reservas de Brasília continuam em chamas
Atual cenário de destruição do cerrado confirma o pior período de incêndios no Distrito Federal nos últimos três anos. As labaredas chegaram a três das cinco principais reservas ecológicas da capital federal, num trágico recorde de destruição O incêndio no Parque Nacional de Brasília escancarou as deficiências do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Faltam equipamentos e planejamento para enfrentar um fenômeno cíclico que se repete a cada ano

Foto: Marcello Casal/Jr

Há 120 dias não chove em Brasília. A estiagem aumenta o número de focos de incêndios e a destruição se alastra pelas deficiências de equipamento do Corpo de Bombeiros

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Correio Braziliense, Correio Braziliense, Agência Brasil

Com a média de quase um novo foco por hora, o Distrito Federal vive a pior temporada de queimadas dos últimos três anos. Até terça-feira, o Corpo de Bombeiros havia registrado 2.686 ocorrências, 30% a mais que ao longo de 2009. 17,6 mil hectares do cerrado já foram destruídos, isso representa quase 400% a mais da queimada do ano passado.

A pior tragédia ambiental teve início às 8h de domingo, quando as labaredas começaram a lamber o Parque Nacional de Brasília. Também conhecido como Água Mineral, por causa das piscinas naturais, o Parque Nacional é a maior área verde do DF. Em pouco mais de um dia, o incêndio consumiu cerca de 25% dos seus 42.789 hectares — cada hectare equivale a um campo de futebol profissional.

A fauna é a mais afetada pelo fogo, segundo os responsáveis pela operação de combate ao incêndio. “A vegetação se recupera rápido. O problema são os animais mortos. Na região, há espécies importantes, como o lobo-guará”, exemplificou o chefe do parque, Amauri Senna Motta. Os bombeiros cogitam a possibilidade de que as chamas tenham sido provocadas por pessoas que passavam pelo local. Depois de controlá-las, uma perícia será realizada na região para encontrar vestígios da origem da queimada.

Foto: Wilson Dias/ABr

Neste mês, de setembro, na Chapada imperial, 4 mil hectares foram devastados pelo fogo e cerca de 1,6 mil hectares foram queimados na reserva de Águas Emendadas.

O incêndio no Parque Nacional de Brasília escancarou as deficiências do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Faltam caminhonetes para os militares se dividirem melhor e chegarem mais rápido aos locais em chamas. A corporação também carece de aeronave e caminhões que levem água às regiões mais distantes e acidentadas.

Foto: Valter Campanato/ABr

É provável que só venha a chover em Brasília, no fim do mês, até lá os riscos de novos incêndios continua

Com reduzida quantidade de veículos, os bombeiros têm tido dificuldades para atender todas as ocorrências e chegar ao cerrado antes das chamas virarem labaredas ou se espalharem para uma área maior. “Se tivéssemos o número ideal de picapes, poderíamos atender todas ocorrências e evitar a propagação de incêndios”, ressalta o comandante do Grupamento de Proteção Ambiental, coronel Odilio Domingos Oliveira Silva.

Aviões tanques alugados pelo Corpo de Bombeiros,combatem os incêndios nas reservas florestais de Brasília
As equipes de reforço são transportadas em dois ônibus e duas vans comuns, pesadas, lentas, incapazes de rodar em estradas estreitas e mal conservadas. Os bombeiros também não contam com caminhões e apoio aéreo adequados. Os modelos de caminhões de água do Corpo de Bombeiros são para combate a incêndio em área urbana. Não rodam em rodovias asfaltadas nem nas áreas rurais com segurança e, muito menos, entram em reservas ambientais. A corporação sequer tem caminhões-pipa.

As promessas é de que os bombeiros deverão ganhar dois aviões-tanque até a próxima seca. A compra ainda depende de parecer da Procuradoria do DF. Uma empresa canadense produzirá os aviões para a capital federal, mas modernos que o tipo das alugadas para combater o incêndio do parque. As aeronaves estão orçadas em mais de R$ 7 milhões. Uma deve chegar ao DF no fim deste ano e a outra em 2011. Como disse o atual governador do Distrito Federal, Rogério Rosso: “É impossível acreditar que Brasília, com seca e incêndio todo ano, não tem um avião-tanque.”

Foto: Valter Campanato/ABr

O prédio que se vê ao fundo é o Congresso Nacional: com a baixa umidade do ar, mesmo as faixas de cerrado existentes dentro da cidade são vítimas de incêndios.


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