18 de set. de 2010

VENEZUELA : Hugo Chávez partiu para o populismo varejista

VENEZUELA
Hugo Chávez partiu para o populismo varejista
Chávez está ameaçado de perder a totalidade parlamentar que possui e teme não se reeleger em 2012. Há 11 dias das eleições legislativas, transformou o governo numa espécie de “Casas Bahia” estatal, lançando programas populares de venda de eletrodomésticos pelo governo federal. “O perturbador é que os recursos para esses programas são do governo chinês, em troca de petróleo venezuelano, um acordo que fere a constituição venezuelana” - diz a oposição.

Foto: Prensa Miraflores

Em pleno Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano, foi montado um stand com os produtos do programa “Mi casa bien equipada”, com Chávez funcionando como garoto propaganda

Toinho de Passira
Fontes: El Nacional, Portal Terra, El Universal, Haier - America, Gobierno Venezuela Prensa Latina

Hugo Chávez corre riscos de perder a folgada e quase totalitária maioria parlamentar no congresso Venezuelano. A oposição não participou das eleições legislativas de 2005, acusando fraudes eleitorais e os 165 resultando no predomínio chavista sobre que o os integrantes da Assembleia Nacional atual. (Na Venezuela não há Senado).

Segundo o instituto de pesquisa Datanalisis, somente 23% dos venezuelanos se declaram hoje chavistas, contra 40% em 2007. A popularidade do chefe do Estado também caiu.

A oposição sonha em fazer uma volta com força total, depois de uma ausência de cinco anos, o presidente Venezuelano tem pesadelos, quando pensa nisso.

Empenhado na campanha legislativa, todo dia, Chávez, tira novos trunfos da manga, misturando sem pudor e atos de governo com atos de campanha, sem que ninguém possa impedi-lo. A junta eleitoral do país é dominada por chavistas.

Nessa semana, lançou um programa para a aquisição de eletrodomésticos chineses a preços baixos ou a crédito, isso há 11 dias das eleições legislativas.

O programa, chamado "Minha casa equipada" consiste na comercialização de eletrodomésticos chineses através de redes estatais de venda, onde os venezuelanos poderão comprá-los por preços mais baixos que o do mercado ou com crédito de até 100% de financiamento. Prensa

Foto: Prensa Miraflores

"Se ela fosse comprar uma geladeira no capitalismo, gastaria toda a pensão. Estamos protegendo-a", disse Chávez a uma mulher que acabara de negociar uma linha de crédito

"Vamos entregar os créditos para dignificar a vida do povo", acrescentou, ao anunciar o projeto em um ato no palácio presidencial.

Na noite do lançamento, 45 pessoas receberam créditos para adquirir eletrodomésticos.

O "Minha casa equipada" é um programa que faz parte dos convênios bilaterais adotados entre Venezuela e China. Trata-se de um contrato de compra com a empresa "Haier Electric Appliances", que prevê a aquisição de um primeiro lote de mais de 300 mil equipamentos eletrodomésticos.

“Haier” é uma gigante de produtos da linha branca da China, que tem negócios, fábricas e postos comerciais nos cinco continentes, inclusive Estados Unidos e Canadá. Vai entrar no mercado sul-americano, para concorrer com as empresas brasileiras, através da Venezuela.

A Venezuela enfrenta uma recessão econômica, enquanto todos os seus vizinhos crescem, e uma forte inflação, que já acumula 19,9% nos primeiros oito meses do ano.

No dia 26 de setembro, os venezuelanos irão às urnas para renovar a Assembleia Nacional, em um pleito considerado crucial para a continuidade de Hugo Chávez no poder.

O financiamento desses programas chavistas e de outros, na mesma linha populista, está vindo do governo Chinês e isso tem apavorado a oposição.

Foto: Prensa Miraflores

Ontem Chávez anunciou que a Venezuela recebeu cerca de U$S 4 milhões do Banco de Desenvolvimento da China, que segundo ele é o primeiro ato de um financiamento volumoso e de longo prazo. O acordo de cooperação pode chegar a U$S 20 milhões, na primeira etapa.

Como a China não prega prego sem estopa, os créditos foram concedidos com a condição que a Venezuela pague a promissória com petróleo, em condições favoráveis aos chineses, aproveitando a baixa mundial do petróleo e do dólar no mercado internacional.

Chávez já prevendo críticas, destacou que as condições do empréstimo chinês “nada tem a ver com as taxas leoninas” de organismos de créditos internacionais com o FMI.

Ao que se sabe a Venezuela pagará esse crédito a China ao menos com 200 mil barris diários de óleo cru já neste ano, e mais 250 mil, durante o ano de 2011.

Atualmente a Venezuela já vende 500 mil barris diários aos chineses, mas esse negócio, nada tem a ver com os barris pagos pelo crédito, pois, obedecem correntes de mercado pelo barril.

Todo mundo sabe que o tigre chinês quando ataca de capitalista, sempre leva a parte do leão. No caso estão comprando petróleo a preço de ocasião, endividando, ainda mais, o país de Hugo Chávez e abrindo o país para o mercado de eletrodomésticos chineses, que não tem boa reputação no mundo.

A oposição venezuelana criticou duramente o acordo entre a Venezuela e a China envolvendo o petróleo, como pagamento de empréstimo e já aprovado pelo congresso venezuelano, predominantemente chavista.

Segundo a oposição esse tipo de acordo é anticonstitucional porque compromete a riqueza nacional ao estabelecer que se pagará com petróleo, o principal produto de exportação do país. Se a China quisesse comprar simplesmente comprar petróleo a Venezuela não precisava usar desses nebulosos acordos econômicos.

Foto: Prensa Miraflores

Ninguém tem dúvidas, que ao participar de forma tão contundente da campanha legislativa, Hugo Chávez está na verdade já em campanha para sua reeleição de 2012, aprendeu com o vizinho, não descer jamais do palanque


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