Micheletti prometeu mas não suspendeu o “Estado de sítio”, aproveitou para desalojar os partidários de Zelaya, prender alguns e jogar um pouco de gás nas manifestações de ontem a tarde: tudo na mesma
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Não se sabe exatamente a quantidade de manifestantes presos
Fontes: BBC Brasil, Portal Terra, BBC Brasil
Forças militares de Honduras prenderam, nesta quarta-feira, simpatizantes do presidente deposto do país, Manuel Zelaya, que estavam acampados na sede do Instituto Nacional Agrário, na capital, Tegucigalpa.
Os 57 trabalhadores rurais acampados foram retirados do local, que era palco do protesto desde a deposição de Zelaya, há cerca de três meses.
De acordo com a polícia, a medida foi autorizada pelo decreto de estado de sítio emitido pelo governo interino do país no último final de semana. O decreto determina, entre outras restrições, a desocupação de prédios públicos tomados por manifestantes.
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O porta-voz da polícia hondurenha, Orlin Cerrato, afirmou que as pessoas detidas serão interrogadas para que se determine “sua responsabilidade” e disse que outras operações similares podem ser realizadas.
Ainda segundo o porta-voz, a desocupação se deu de forma pacífica e os manifestantes teriam se retirado “voluntariamente” do local.
Entre as pessoas que ocupavam a sede do Instituto Nacional Agrário estavam idosos, mulheres e crianças, de acordo com a imprensa hondurenha.
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Mas durante a tarde outros manifestantes que protestavam em frente ao prédio da Rádio Globo, a única que apoiava o presidente deposto e que saiu do ar na madrugada de segunda-feira (28), quando foram dispersos e houve conflito.
O presidente Roberto Micheletti reuniu-se com representantes da Suprema Corte para discutir o decreto que instituiu o estado de sítio. O Congresso, a Justiça Eleitoral e até mesmo a imprensa favorável à Micheletti criticaram a restrição dos direitos constitucionais no país.
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A comitiva de deputados brasileiros em Honduras é formada por Raul Jungmann (PPS), Bruno Araújo (PSDB), Maurício Rands (PT), Claudio Cajado (Democratas), Jeanette Pietá (PT) e Ivan Valente (Psol), na foto acompanhados de deputados hondurenhos
Nesta quinta-feira, uma missão formada por seis deputados brasileiros, para acompanhar a situação da embaixada, chegou a Tegucigalpa.
Em entrevista à Agência Câmara, o coordenador da missão, deputado Raul Jungmann, afirmou que o objetivo da comissão não é mediar a crise. Vão ver as condições da embaixada e observar a situação dos brasileiros residentes em Honduras, com os colegas parlamentares hondurenhos
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Nesta semana, empresários contrários a Zelaya apresentaram uma proposta para resolver a crise que prevê o retorno do presidente ao poder, mas sob prisão domiciliar e com suas atribuições restritas.
O governo de Honduras também autorizou que uma missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) desembarque no país em dia 2 de outubro para fazer os preparativos para que uma comissão formadas por chanceleres da região chegue ao país no dia 7 para negociações.
A decisão foi tomada apenas uma dia depois de o governo de Micheletti ter impedido a entrada de outra missão da OEA em Honduras.
Em declarações ao Canal 5 de Honduras, na última terça-feira, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas do país, general Romeo Vásquez, afirmou acreditar que a crise política no país irá se solucionar de maneira “rápida”.
“Vejo que rapidamente estamos chegando a uma solução. Percebo a disposição de diferentes setores para buscar uma saída”, afirmou o general.
Lançado ao centro da crise em Honduras após Zelaya ter se refugiado na embaixada brasileira, o governo do Brasil defende o retorno do presidente deposto ao poder.
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Em uma audiência pública no Senado, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o governo brasileiro “não tem o que fazer nesse momento”.
Segundo o chanceler, o caminho agora é “aguardar as negociações no âmbito da OEA (Organização dos Estados Americanos)”.
“O protagonismo nesse caso não cabe ao Brasil. A comunidade internacional precisa compartilhar conosco as dificuldades ou ônus da crise”, disse.
Ainda de acordo com Amorim, o governo brasileiro vem fazendo sucessivos contatos com os organismos internacionais e com os Estados Unidos, no sentido de que todos acompanhem de perto a situação na embaixada.
Descaradamente Amorim negou que o Brasil esteja interferindo em assunto doméstico de outro país.
“O que está em jogo não é apenas a situação em Honduras, mas a democracia na região”, disse.
Não explicou porque a suposta ditadura de Honduras é tão perigosa e a de Cuba e os atos ditatoriais praticados pelo presidente da Venezuela Hugo Chávez, não o são
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Por mais de uma vez o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti (foto) , afirmou que está disposto a rever o estado de sítio no país, decretado no domingo por um período de 45 dias.
“No momento adequado será revogado esse decreto, para que os hondurenhos possam participar das eleições”, afirmou o presidente interino.
Para correspondentes, a revisão sobre o decreto de estado de sítio parece motivada pela necessidade de preservar a solução eleitoral que está sendo apoiada por diversos setores.
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O governo interino quer realizar eleições gerais no dia 29 de novembro e se disse disposto a dialogar com o presidente deposto, Manuel Zelaya (foto), se este aceitar o pleito.
Zelaya, entretanto, que está abrigado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, tem se declarado contrário a realização de eleições organizadas por "golpistas".
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