PAULA E A FAMILIA PRECISAM É DE COLO
Foto: Nivaldo Almeida Filho
Recife mandou lhe chamar...
Fontes: Expresso da Notícia, Folha Online
A pernambucana Paula Oliveira e sua família continuam precisando do nosso apoio e carinho qualquer que seja a verdade da dramática história vivida pela nossa irmãzinha. O real e legítimo é que ela está internada num hospital, toda retalhada, enquanto sua família sofre todo tipo de pressão como se a sua filha fosse uma marginal perigosa que houvera cometido um crime lesa pátria contra a Suíça.
Assistimos os primeiro depoimentos da cônsul brasileira na suíça, Vitória Clever, no programa “Em cima da Hora” na Globo News, quando o caso ainda estava começando. A autoridade brasileira dizia que tinha dificuldades de se comunicar com a polícia suíça, que o policial que primeiro atendeu a brasileira, exigiu que a solicitação sobre o caso fosse feitas por escrito e quando ela o fez, ele disse que nada tinha a informar.
Esse é o “xis” da questão. O pai de Paula, o advogado Paulo Oliveira, sentiu a mesma má vontade. Viu sua filha voltar ao hospital depois de ter tido alta, por duas vezes, sangrando e passando mal, o serviço médico querendo investigar a possibilidade de contaminação viral ou similar no estilete que a atacou e o noivo suíço da moça, o jovem Marco Trepp, afirmar que não se sentia seguro com os agressores da noiva solto, abrigando-se na casa de familiares. A imprensa local não dava uma linha a respeito. O advogado Paula Oliveira, queria ver sua filha protegida de alguma forma, vendo-a vulnerável e desassistida pelas autoridades policiais locais, resolveu através do jornalista Ricardo Noblat, a quem conhecia e confiava, por a história de sua filha na mídia brasileira.
Quem conhece Paulo Oliveira, sabe que essa decisão não foi fácil nem precipitada. Expor o corpo retalhado da filha, nos jornais era a coisa que ele menos desejava em toda a sua vida. Homem discreto e equilibrado gosta sobremaneira da filha, a quem deu seu próprio nome, não vacilou e não vacilará em usar de todas as armas de que disponha para salvar a filha ou amenizar o seu sofrimento. Foto:Steffen Schmidt/AP
Philipp Hotzenkoecherle, Comandante da Polícia e o Chefe do Departamento de medicina Forense da Universidade de Zurique Walter Baer,divulgando os laudos, desmentindo a pernambucana.
Tudo isso é tão legítimo e sincero que em quase toda a sua totalidade a imprensa brasileira virou pai de Paula. O próprio governo brasileiro, sempre lento e omisso em questões semelhantes, vendo a repercussão da imprensa pressionou diplomaticamente para que a jovem tivesse segurança e fossem investigados os fatos.
O resto já se sabe, o medico legista encarregado do caso, veio a público e disse que Paula, não estava grávida, à época do “suposto atentado” e disse acreditar que as mutilações da moça teriam sido feita por ela mesma.
É incompreensível que o governo suíço, mesmo diante de um processo que corre em segredo de justiça, divulgue um laudo pericial inconcluso, acrescido de declarações repletas de suposições e “achismos”, de um perito, que estava mais preocupado em defender o seu país da pecha de xenofobia do que respeitar a situação da vítima, tecnicamente sua cliente.
A situação de Paula Oliveira e de seu pai na Suíça é atualmente de risco. Há um compreensivo clima de indignação, uma xenofobia de reação, da imprensa e das autoridades. Todos viraram skinheds perigosos querendo ver, sem levar nada em conta, à pernambucana ser processada, expulsa execrada, como se ela fosse uma aventureira vulgar que não hesitou em caluniar os skinheads suíços, em busca de fama ou fortuna.
Até a comunidade brasileira na Suíça se pronunciou pedindo que o governo brasileira peça desculpas no caso, temendo eles, também serem atingidos por possíveis atos xenófobos, embora se diga que isso não existe por lá.
O comandante da polícia de Zurique, Philipp Hotzenkocherle, informou na sexta que, se ficar comprovado que Paula mentiu, ela poderá sofrer ações legais por "falsa denúncia e engano de autoridades judiciais".
De acordo com o partido SVP de Zurique, após a conclusão do processo, o órgão de migração deve avaliar o fim da permissão de permanência da brasileira no país.
Para surpresa geral o vice-presidente do partido, Yvan Perrin (foto), em declaração ao jornal "Tribune de Genève" (Tribuna de Genebra), tem uma opinião serene e está disposto a se contrapor ao seu partido, afirmando:
"Se houve uma agressão racista, a Justiça deverá ser dura. Se a vítima é uma mentirosa, é porque ela está num estado lastimável. Nesse caso, eu lutarei para que o partido não a persiga."
Deus ilumine o advogado Paulo Oliveira mais uma vez e que ele tome a decisão mais acertada, em relação a sua filha em conjunto com a sua família. Estamos daqui ansiosos para que as vidas desses nossos irmãos comecem a se normalizar, tranqüilizar. Já passou da hora desse pesadelo ter fim.
Nos pernambucanos, colegas da faculdade da menina Paula, os amigos do pai Paulo, não vemos a hora de por Paula, seu pai e todos os seus familiares, no colo e inundá-los de carinhos e ternura, como seres humanos identificados pela solidariedade, sem nada perguntar, sem nada cobrar.
EMBARAÇO, NOSSO E DELES
Foto: Reuters
Um membro do tatuado neo-nazista grupo "Blood and Honour" comemora o "Dia do Orgulho", em Budapeste na Praça Heroes, há três dias atrás,14 de fevereiro de 2009.
CLÓVIS ROSSI Fonte: Folha Online
Três ou quatro coisas que ainda é preciso dizer sobre o caso da brasileira Paula Oliveira, atacada ou automutilada nas imediações de Zurique:
1 - Se aceitei, precipitadamente, a versão dela sobre a agressão foi por absoluta falta de razões para duvidar. Afinal, ela não é clandestina nem tem ficha policial nem antecedentes comprometedores. Para que inventaria a história?
2 - Mesmo que tenha se automutilado, não há razões para, ao contrário do que diz certa mídia suíça, o país ficar ofendido pelas críticas à xenofobia. O Partido do Povo Suíço e seu líder, Christoph Blocher, são um embaraço para boa parte do establishment político local, exatamente pela xenofobia.
Blocher é da mesmíssima família política de outros líderes da extrema-direita, como o francês Jean-Marie Le Pen e o austríaco Jörg Haider, recentemente morto, para não falar da Liga Norte italiana.
O embaraço é tamanho que a União Europeia chegou a impor sanções à Áustria quando o partido de Haider entrou para a coalizão governante.
Portanto, a hipótese de um atentado racista era verossímil. Nem seria o primeiro, aliás.
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