9 de fev. de 2010

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PERNAMBUCO
Recife envergonhado – diz o Blog PEBodycout
O blog que registra todos os assassinatos no estado, reporta-se ao crime que vitimou Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, estudante de biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco, filho de uma catadora de lixo, analfabeta, que passou no vestibular em 1º lugar, morto por engano, na porta de sua residência, no ano de sua formatura

Foto: MID Comunicação

Alcides estrelou a campanha para o Vestibular 2010 da UFPE da MID Comunicação

Fontes: O Globo, MID Comunicação, PEBodycount

O blog PEBodycout, que informa diariamente os assassinatos no estado de Pernambuco, registra que hoje foram mortas 16 pessoas, neste mês 66, e no ano, que se iniciou há pouco, 386.

No registro da morte de Alcides do Nascimento Lins, o Blog comenta que a ”Vítima teria sido morta por engano. Dois homens invadiram a casa do jovem à procura de dois vizinhos dele, identificados como Tiago e Wilton (Saúba), e o mataram. Estudante passou em primeiro lugar entre os alunos de escolas públicas no vestibular de 2007 para o curso de biomedicina. Foi garoto propaganda do manual da Covest de 2010.

O enterro de Alcides no cemitério de Santo Amaro, foi reportado por todos os meios de comunicação, pois ele se tornou um símbolo de superação e alegria, alvo de reportagens à época da aprovação e de retorno a mídia neste instante de tragédia.

No texto de Igor Maciel, da TV Jornal, publicado no Blog do Jamildo a revolta do jornalista com a morte do símbolo e o que está errado na política de segurança pública.

SIMBOLISMO PATOLOGICO

Foto : Captura de video

Alcides do Nascimento Lins em sua casa durante entrevista para o Fantástico

Igor Maciel
Fonte: Blog do Jamildo

Ontem foi enterrado, em uma cova simples no cemitério de Santo Amaro, o símbolo de que alguma coisa está errada no combate à violência.

Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, era estudante de biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco.

O rapaz, por sinal, nasceu para simbolizar. Primeiro veio ao mundo como símbolo de pobreza. Filho de uma catadora de lixo, no Recife, em uma família numerosa e sem a presença do pai. Infância pobre, com limitações sérias, inclusive à mesa, por falta de alimento.

Sempre incentivado pela mãe, tornou-se símbolo de superação. Estudou durante toda a vida no ensino público. Superava a falta de estrutura e de professores com empenho e força, sem nunca ter deixado de trabalhar para ajudar a família. Superação que lhe deu fama.

Em 2006, passou em primeiro lugar no vestibular para biomedicina da UFPE. Era um dos melhores alunos de toda a Universidade. Além de estudar, trabalhava em dois estágios e já sustentava a família com o dinheiro que juntava. Com muito esforço conseguiu ajudar uma irmã a estudar e na semana passada comemorava a aprovação dela, também, no vestibular da Federal.

Mas o destino de Alcides era ser símbolo. E depois de simbolizar a superação para a falta de estrutura do ensino público e para a pobreza, faltava ao jovem simbolizar a condição refém dos brasileiros diante da violência.

Só que para ser um símbolo da violência é preciso ser vencido e não vencê-la. Era preciso levar dois tiros na cabeça, por engano. Não que o revólver tenha disparado sozinho, não foi por acidente. As balas apenas tinham outro endereço. Talvez ele já tivesse tudo planejado e nem sabia.

Assim como um atleta que não sabe a hora de parar, como um ator que não sabe quando deixar o palco. Alcides não sabia deixar de ser símbolo.

Torço para que os criminosos não sejam presos. É isso mesmo, parece loucura, mas é a minha torcida. Porque, se eles forem presos, o Governo vai colocá-los em uma plataforma, apresentá-los à população sedenta por vingança e dar o caso por encerrado. A imprensa se satisfaz e amanhã voltamos a falar em carnaval novamente.

O esforço de Alcides terá sido em vão. E os criminosos serão presos de qualquer forma, podem apostar, sejam eles os verdadeiros ou não. Estamos àsvésperas do carnaval, tudo que não se quer é manchar o brilho e a segurança da festa. Depois que o caso for resolvido, Alcides deixa de ser símbolo e se transforma em mais um número.

Um número, igual aos 18% usados para indicar que estamos vencendo a luta contra a violência.

Um número a mais ou a menos. Números pouco importam para a mãe de Alcides, catadora de lixo. Ela nem sabe ler ou escrever.

VIOLÊNCIA
Recife envergonhado

Foto: Alexandre Gondim/JCimagem

João Valadares
Fonte:
PEBodycount

Alcides não acontece todos os dias. É símbolo. Desses que não são inventados. Daqueles que orgulha, que faz todo mundo repensar a vida, as oportunidades, os acertos, os erros. Alcides é história boa, daquelas que enche um livro inteiro, que faz a gente querer contar todos os detalhes para o taxista, o porteiro, os colegas de trabalho, para todo o mundo.

Morador da Vila Santa Luzia, na Torre, filho de uma ex-carroceira, tirou fino da miséria e passou no vestibular de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Passou bem. Foi primeiro lugar entre os alunos das escolas públicas. Não fazia outra coisa. Só estudava e frequentava o grupo jovem da Igreja da Torre. Deixou a mãe louca de felicidade. E a Vila Santa Luzia também. As mães de lá ganharam um rosto para mostrar aos filhos. "Tá vendo aquele ali. Passou no vestibular."

Aos 22 anos, Alcides ganharia o diploma em setembro. Iria fazer mestrado e depois doutorado. Mas ele morava no Recife. Foi o bastante para levar dois tiros na cabeça. Estava estudando à 1h da sexta-feira. Arrastado de casa por dois homens numa moto. Morreu na frente da mãe e das três irmãs. Queriam matar outro.

Encontrei com a mãe dele, dona Maria Luiza, hoje pela manhã. Ainda estava vestida de orgulho, com o jaleco branco do filho. Faltava bem pouquinho para ela dizer ao mundo que era mãe de um biomédico. Pouquinho para dizer que não era mais uma. Contou todo o sofrimento. Disse que ainda se agarrou com os assassinos. Mas não teve jeito. Conseguiu evitar apenas o terceiro tiro. Os dois primeiros já haviam interrompido o seu maior sonho. Maria Luiza voltou a ser mais uma. Hoje é 8 de fevereiro e 386 mães choraram, apenas neste ano, a morte de um filho.





2 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vergonha brasileira!
Políticos "sujos" que só pensam em enriquecer as custas do cargo.
Não fazem nada para mudar as leis criminais do nosso país.
ACORDA BRASIL!!!!!

TODOS CONTRA A PEDOFILIA disse...

Prezados Senhores,
Somos contra todo tipo de violencia, e nao podemos mais aceitar que pernambuco seja conhecido, como o primeiro em violencia a mulher, em prostituicao infantil, abusos de crianças e as drogas que vem matando nossos adolescentes e jovens.
Venho através do presente email, informar-lhe sobre o Fenasp, o nosso trabalho, e gostaria de ter a parceria e apoio deste blog nesta luta.
Sou o presidente do FENASP- FORUM EVANGELICO DE AÇAO SOCIAL E POLITICA em Pernambuco.
Nossas bandeiras junto com o Sen. Magno Malta são no combate a: pedofilia, prostituição infantil, pornografia infantil, violência a mulher, drogas e aborto.
Temos dado palestras em todo estado de Pernambuco, nos fórum e colégios do estado, alertando sobre os malefícios que vem atingindo nossas crianças, adolescentes e jovens. Conto com este importante meio de comunicação nesta luta. Quero ressaltar que sou seu assíduo leitor e lhe parabenizo e que Deus continue lhe conduzindo em TRIUNFO.

Atuando no cenário nacional, o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (FENASP) desenvolve atividades e lidera iniciativas na defesa dos princípios cristãos na sociedade brasileira.
Criado com o objetivo de defender e trazer à luz uma posição profética e pública em defesa dos valores do Reino de Deus para com o Governo, o Congresso Nacional e a opinião publica em geral. O FENASP vem atuando de forma decisiva para cumprir seu objetivo.
Nosso site foi criado para promover a interação entre seus dirigentes e a sociedade em geral, publicando informações sobre as atividades da instituição, artigos produzidos por pessoas envolvidas direta ou indiretamente com as ações do FENASP e divulgando a agenda atividades do Fórum.

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