2 de fev. de 2010

OPINIÃO: Um processo virtuoso

OPINIÃO
Um processo virtuoso

Foto: Reuters

Merval Pereira
Fontes: Coluna de Merval Pereira – O Globo

Ao contrário do governo brasileiro, que faz questão de ressaltar os avanços alcançados no desenvolvimento do país a partir dos resultados obtidos nestes sete anos, sem olhar o que foi feito anteriormente, a visão generalizada aqui em Davos é que o país está em um processo de desenvolvimento contínuo que pode ser contado em duas décadas, o que só dá solidez às conquistas.

O professor John Coatsworth, reitor da escola de Negócios Internacionais da Universidade Columbia, em Nova York, um historiador especializado em economia da América Latina, ressaltou essa continuidade do processo de desenvolvimento do Brasil chamando a atenção para os fatores que, na sua opinião, impediram que o país continuasse seu ritmo de crescimento registrado no início do século 20.

Para Coatsworth, o Brasil parou seu crescimento, obtido ao longo dos 80 anos iniciais do século 20, devido basicamente ao protecionismo adotado como política de governo nos anos 1930, e ao descontrole da inflação durante décadas seguidas.


Fernando Henrique reconhecido como o gerador do desenvolvimento do Brasil
Sem dizer claramente, o professor de Columbia situou o encontro do Brasil com seu futuro em decisões de governos recentes: a abertura da economia, iniciada no governo Collor e aprofundada na gestão de Fernando Henrique, e no controle da inflação obtido com o Plano Real.

O Brasil, na verdade, já teve crescimentos sustentados do PIB de níveis asiáticos: de 1950 a 1959, média de 7,15%; de 1960 a 1969, média de 6,12%; e de 1970 a 1979, de 8,78%.

Ao analisar o crescimento de nossa renda per capita, o empresário Paulo Cunha mostra num estudo que, até 1980, o Brasil cresceu mais que a média mundial: de 1900 a 1980, a renda per capita brasileira cresceu em média 3,04%, enquanto a renda mundial cresceu 1,92%.

* O período de maior crescimento foi o de 1950 a 1980, quando o país cresceu em média 4,39% sua renda per capita, para um crescimento médio mundial de 2,83%.

Nesse período, o Brasil figurou entre os dez países mais dinâmicos do mundo.

** O ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tentar rebater elegantemente uma provocação em um dos debates sobre ser a política econômica do governo Lula uma mera repetição da do governo de Fernando Henrique Cardoso, apresentou números do crescimento da economia nos últimos anos.

Disse que a média dos oito anos do governo Fernando Henrique foi de 2,5% de crescimento do PIB, enquanto o governo Lula caminha para o dobro.

Há, no entanto, nuances nesses números. O crescimento médio da economia brasileira nos cinco primeiros anos do governo Lula, por exemplo, foi de 3,8%, colocando o Brasil em 35º lugar em uma relação com 39 países emergentes feita pela Austin Ratings.

A partir de 2007, o Brasil entrou em um crescimento anual em torno de 5%, mas outra vez há que se relativizar esse sucesso. Mesmo o crescimento de 6,1% de 2007 coloca o Brasil em desvantagem se considerados todos os países do mundo.

Em 2008, o país cresceu 5,1%, mas, em 2009, o crescimento será próximo de zero, ou mesmo negativo. Se se confirmar a previsão do governo de crescer 6% este ano, é possível que a média final de crescimento do governo Lula seja próxima de 4%.

Um crescimento menor, por volta de 5%, por exemplo, levaria a média do governo Lula para um patamar por volta de 3,5%, que esteve sempre abaixo da média do crescimento mundial, com o agravante de que os primeiros anos do governo Lula, antes da crise internacional, foram os mais prósperos do mundo nos últimos anos.

Um ponto positivo, que foi destacado pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é o de que o "crescimento potencial" do Brasil, que, no início do governo Lula, era de cerca de 1,5%, hoje já está por volta de 5%, o que mostra a evolução dos investimentos públicos e privados, e a melhoria dos fundamentos econômicos.

Outra questão importante que foi levantada nos debates das perspectivas futuras do Brasil foi a competitividade da economia em relação ao mundo globalizado.

O Fórum Econômico Mundial, como faz todos os anos, lançou um ranking de competitividade dos países. A China continua predominando entre as grandes economias em desenvolvimento, se posicionando entre as 30 economias mais competitivas do mundo.

Entre os outros Brics, Brasil e Índia também registraram avanços, enquanto a Rússia perdeu nada menos que 12 posições. O Brasil ganhou oito posições, ultrapassando o México pela primeira vez no relatório, depois de ter superado a Rússia no ano anterior.

A melhora na competitividade brasileira, segundo o estudo do Fórum, embora o país esteja em 56o, superado na América Latina pelo Chile e pela Costa Rica, é fruto do setor empresarial "inovador e sofisticado", do tamanho de seu mercado interno e da melhora na estabilidade macroeconômica.

Outras características vantajosas do Brasil são ter um dos mercados financeiros mais desenvolvidos na região e um setor de negócios diversificado, com significativo potencial para a inovação.

O estudo do Fórum Econômico Mundial aponta falhas que precisam ser corrigidas: o ambiente institucional, a estabilidade macroeconômica, a eficiência dos produtos e os mercados de trabalho.

Além, é claro, do sistema educacional precário.

Ricardo Hausmann, (foto) venezuelano e ex-ministro de governos da era antes de Chávez, e opositor claro do atual regime, hoje professor na Universidade Harvard, cobrou uma posição do Brasil em defesa dos princípios democráticos na região.

Uma consequência do reconhecimento do aumento da capacidade de influência do Brasil no mundo, a partir do princípio de que o país tornou-se, de fato, o líder regional indiscutível.

Mas isso traz também responsabilidades políticas que muitas vezes não têm correspondência nas atitudes do governo.

UM POUCO DE INCOMODA VERDADE

Fontes: Blog do Reinaldo Azevedo

Reinaldo Azevedo comenta que Mantega, no Forum Mundial afirmou “que a média do crescimento nos anos FHC foi de 2,5% contra 4,2% dos anos Lula”.

E continua Reinaldo:

“Eu ajudo o ministro da Fazenda. Estes são os índices de crescimento de 2003 para cá:

2003 ....... 1,1%
2004 ....... 5,7%
2005 ....... 3,2%
2006 ....... 4,0%
2007 ....... 6.1%
2008 ....... 5,1%
2009 ....... (*)

Em 2008, segundo os números oficiais do IBGE, a média de seis anos era, mesmo, de 4,2%. O problema está naquele asterisco de 2009. Se for preenchido com ZERO, já será uma boa notícia. Isso significa que, em 2009, a média de crescimento caiu de 4,2% para 3,6%.

Para que a da era Lula seja mesmo de 4,2%, o Brasil terá de crescer, neste ano, 8,4%. Acho que Mantega pode tirar o cavalo da chuva.

No auge da honestidade, seria obrigado a admitir que o Brasil, no governo FHC, cresceu a uma taxa superior à média mundial; no governo Lula, inferior.

E com uma diferença: os seis primeiros anos de Lula viram o melhor tempo da economia mundial em décadas; os seis de FHC, um dos piores.


O Passiranews comenta:

No período de maior crescimento da história do Brasil, segundo a matéria acima, trinta anos com a renda per capita brasileira crescendo quase o dobro da mundial, vinte e seis deles, 1964 a 1979, o país era governado por esses cidadãos generais: Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo (fotos).

Será que é isso que a comissão da verdade criada pelo governo Lula quer constatar?

Parece que nos vinte seis anos que os militares governaram o Brasil, além de ouvir mentiras de Dilma Rousseff eles também governaram o país com competência, apesar da esquerda festiva guerrilheira ter tentado atrapalhar. Um detalhe, nenhum deles ficou milionário.

Também não gostamos de governos não eleitos pelo povo, mais gostamos da verdade, mesmo que seja incomoda.



***Ao texto original de Merval Pereira acrescentamos fotos e legendas

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