20 de fev. de 2010

BRASIL: Náufragos do veleiro afundado estão a salvo no Rio

BRASIL
Náufragos do veleiro afundado estão a salvo no Rio
O veleiro Concordia de um colégio do Canadá soçobrou a 300 milhas náuticas ao largo da costa do Rio de Janeiro, nesta quarta, 17. Após 38 horas à deriva no mar, todos os 46 ocupantes da embarcação, a maioria meninas de 16 anos, foram recolhidas pela marinha brasileira já estão em terra firme, enquanto suas embaixadas providenciam documentação para elas embarcarem de volta as famílias

Foto: Reuters

Os ocupantes do navio eram na maioria estudantes de 16 anos, de uma escola canadense, chegaram ao Rio, ainda estão muito abaladas a aventura que tiveram que vivenciar

Fontes: G1, CNN, Canada News, Associated Press, Ultimo Segundo, Zero Hora, West Island College International - Class Afloat

Acabou bem, a aventura vivida pelos 46 náufragos do navio veleiro de bandeira canadense Concordia, que afundou a 550 km da costa do Rio. Os ocupantes da embarcação eram na sua maioria jovens de 16 anos, que faziam uma viagem de estudo redor do mundo enquanto faziam um curso de navegação. Chegaram ao Rio neste sábado (20), resgatadas pela Marinha brasileira, após ficarem mais de 38 horas à deriva.

Foto: Divulgação

O Concordia, construído em 1992, era um magnífico veleiro: tinha quase 60 metros de comprimento, um mastro de 35 metros e 15 velas. Acomodava até 66 pessoas. Pertence à universidade canadense West Island College International e está agora no fundo do Oceano Atlântico

De acordo com o relato das estudantes, por volta das 14h15 de quarta-feira (17), uma forte rajada de vento inclinou o navio. Depois de 30 minutos, a embarcação começou a afundar e os passageiros buscaram abrigo em balsas de emergência, amarradas ao navio.

Ao relembrarem o episódio, as jovens ficaram emocionadas e contaram que chegaram a beber água da chuva, com medo que ficassem mais tempo no mar e faltasse água potável e alimentos.

Segundo o comandante do veleiro, o americano William Curry, de 59 anos, (ao centro) aconteceram raras rajadas de vento verticais, por isso o navio inclinou” e afundou em seguida
William Curry, o comandante da embarcação, acredita que o naufrágio tenha sido causado pelo fenômeno climático “microburst”, que segundo ele, seria um forte vento atingindo a parte superior do navio, onde ficam as velas.

O comandante norte-americano disse, ainda, que no momento do naufrágio, o equipamento de rádio caiu no mar e começou a boiar. Mas, o mestre do navio, Goff Byers enfrentou ondas de até três metros e conseguiu recuperar o equipamento.

“A participação dele foi fundamental, porque ele colocou esse sinalizador na balsa, o que facilitou emitirmos um pedido de socorro à Marinha”, explicou o Comandante.

Após o pedido de ajuda, os passageiros do Concordia ainda ficaram 38 horas a espera de socorro. Um navio mercante, que estava próximo ao local, foi quem garantiu os primeiros socorros. Na quinta-feira (18), a Marinha Brasileira solicitou ajuda de uma aeronave da Força Aérea Brasileira para investigar o acidente.

Além do helicóptero da FAB, uma fragata da Marinha Brasileira e dois navios, ajudaram no resgate dos tripulantes.

Foto: Reuters

Apesar de a embarcação ser canadense, as estudantes e tripulantes eram de dez nacionalidades diferentes: Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Polônia, México, Austrália, Nova Zelândia e Japão.

Quando as aeronaves da força aérea brasileira localizaram uma das balsas salva-vidas com pessoas a bordo nas proximidades do local onde foi detectada a emissão do alarme foi solicitado à ajuda dos navios mercantes que estavam na região enquanto a marinha brasileira enviava ao local a Fragata Constituição.

O navio mercante “Hokuetsu Delight”, de bandeira filipina, resgatou três balsas com 44 pessoas ainda de madrugada. Pela manhã, o “Cristal Pioneer”, da marinha mercante das Ilhas Caymans, resgatou a última balsa com 20 pessoas. Os tripulantes do Concordia aguardaram o resgate por quase 40 horas, acomodados em quatro balsas. “Nunca tinha passado por uma situação semelhante”, afirmou o capitão sobre o evento

Em setembro do ano passado o Concordia saiu do Canadá com jovens entre 16 e 21 anos de nove países. Passou pelo Reino Unido, Mar Mediterrâneo e África. Cruzou o Atlântico e chegou ao Recife em janeiro. No início de fevereiro, partiu em direção a Montevidéu.

As fotos feitas por um satélite meteorológico norte-americano mostram as condições na região na quarta à noite, quando aconteceu o naufrágio. Dois fenômenos podem ter piorado o tempo no local onde o Concordia passava.

Primeiro uma frente fria vinda do Rio Grande do Sul chegou à região. Ela foi seguida de muito perto pelo que os meteorologistas chamam de sistema de alta pressão.

A frente fria formou as nuvens, o sistema de alta pressão aumentou o vento. As ondas podem ter chegado a três metros de altura. Os ventos fizeram o veleiro virar e depois afundar.

Foto: Divulgação

Os alunos a bordo do veleiro canadense Concordia fazem parte de um programa educacional especial, conhecido como Class Afloat (escola flutuante) e direcionado a estudantes dos últimos anos do equivalente ao Ensino Médio, na preparação para a universidade. Por meio dele, todos os anos, dezenas de jovens viajam ao redor do mundo, têm aulas diárias, conhecem novas culturas e aprendem técnicas de navegação.

Foto: Divulgação

Segundo o site da West Island College International, o programa pode ser semestral ou anual e custa entre US$ 32 mil (R$ 58,2 mil) e U$ 47 mil (R$ 85,5 mil) a cada participante. Acompanhados de professores e de equipe de apoio, os 48 jovens pretendiam viajar durante o primeiro semestre no navio-escola, que era usado desde 1992 pelo programa.

Nas paradas, os jovens têm a oportunidade de explorar as cidades visitadas. Participam de atividades como acampamentos e visitas a museus e a eventos culturais. Também lideram atividades de apoio às populações. Enquanto estão a bordo, eles ajudam na operação do navio.

Foto: Divulgação

Em Recife, funcionários do porto informaram a ZH que o grupo ficou ancorado do dia 20 de janeiro a 8 de fevereiro e que os alunos dormiam na embarcação. Entre outras atividades, foram visto coletando amostras de água para uma aula de ciências.

Para os pais, a cada semestre é designado um porto no qual eles podem visitar a gurizada. Enquanto viajam, alguns dos alunos fazem relatos online das experiências. Nas postagens mais recentes, sobre o Senegal (destino anterior a Recife), estudantes falam das pessoas que conheceram e descrevem aspectos da cultura local.

Foto: Divulgação

De acordo com o itinerário do Concordia para o ano letivo de 2009/2010, o veleiro partiu de Lunenburg, no Canadá, em 7 de setembro de 2009. Antes de vir ao Brasil, a embarcação fez paradas em pontos de Portugal, Irlanda, França, Malta, Turquia, Tunísia, Marrocos e Senegal. A chegada ao Recife foi em 20 de janeiro de 2010, marcando o fim do primeiro semestre do programa escolar, com partida prevista para seis de fevereiro.

Em 23 de fevereiro o navio deveria chegar a Montevidéu, no Uruguai, de onde partiria para nova jornada com paradas em pontos do continente africano e nas Américas até voltar ao Canadá em 26 de junho.


Um comentário:

Coronel disse...

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CORONEL