6 de set. de 2014

Em delação premiada, ex-diretor da Petrobras diz que o Governador Eduardo Campos estava entre os recebedores de propina

BRASIL - Corrupção
Em delação premiada, ex-diretor da Petrobras diz que Eduardo Campos estava entre os recebedores de propina
O ex-diretor da Petrobras, Paulo Costa dizia na cela em que está preso na Polícia Federal em Curitiba (PR) que não teria eleições neste ano se ele revelasse tudo o que sabe. Entre parlamentares, ministros e governadores, a lista de atingidos pode chegar a 70 destacados políticos de cinco partidos, entre eles o PT, o PMDB, o PP e o PSB

Foto: Helia Scheppa/JC Imagem/AE

PROPINA - Ex-diretor Paulo Roberto Costa confirmou o esquema de propinas para políticos dentro da Petrobras

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha de S.Paulo, Diario do Poder, Facebook – Diario do Poder, Blog do Camarotti, Época>, Blog do Coronel

Na sua coluna, do dia 04, o jornalista Claudio Humberto, Diário do Poder, dizia, no dia 04, que o fato do Congresso Brasileiro, está esvaziado, no momento, pouco tinha a ver com o chamado recesso branco, que sempre ocorre em período eleitoral. A delação premiada, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em curso, na Polícia Federal em Curitiba, era a verdadeira responsável, a tirar o sono de inúmeros parlamentares, deputados e senadores, que circulavam por Brasília com o semblante carregado.

Nesta sexta, 05, a noite, os sites começaram a divulgar noticias, sobre a delação, materializando os temores dos políticos. Há ainda alguns desencontros de informação. A Revista Veja, que está para circular neste sábado, traz como reportagem de capa, O DELATOR FALA, e diz, no seu site, que vai publicar uma lista dos parlamentares, governadores e ministro, citados pelo ex-diretor da diretoria de Abastecimento da Petrobras, durante os governos Lula e Dilma, entre 2004 e 2012.

O site do jornal Folha de S. Paulo, diz que o delator dedurou pelo menos 12 senadores, 49 deputados federais e um governador.

Outros sites destacam que além dos parlamentares, estão na lista, três governadores e um ministro, do governo Dilma, oriundo da equipe de Lula.

A LISTA

Hoje pela manhã, mesmo sem a lista de Veja, começou a circular os primeiros nomes dos beneficiados com as proprinas: entre eles os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Os senadores, Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados figuram o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (PP-SC).

Citado também, o ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP.

Na relação dos três governadores, apontados por Paulo Roberto como destinatário da propina, estão políticos de estados onde a Petrobras tem grandes projetos em curso: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo.

Os citados teriam recebido 3% dos valores dos contratos celebrados enquanto ele, Paulo Roberto Costa, era diretor, entre 2002 e 2012, atingindo parte do período do Governo Lula e parte do governo Dilma.


Capa da revista Veja desta semana
MODUS OPERANDI

Desde a sexta feira passada, 29 de agosto, Costa está depondo em regime de delação premiada para tentar obter o perdão judicial. Ele é alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que desmantelou um grande esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobrás. São depoimentos diários que se estenderam por toda semana. O número de políticos citados foi mencionado por Costa nos primeiros depoimentos, mas pode crescer até o final da delação.

Costa relatou a formação de um cartel de empreiteiras dentro da Petrobras, em quase todas as áreas da estatal. Partidos políticos eram supostos beneficiários de recursos desviados por meio de comissões em contratos arranjados. E exemplificou:

“Todo dia tinha político batendo em sua porta”. Num depoimento, ele citou uma conta de um “operador do PMDB” em um banco europeu.

O ex-diretor Paulo Roberto, que assumiu a diretoria de Abastecimento da Petrobras, ainda no primeiro governo Lula, por indicação do ex-líder do PP deputado José Janene (PR) , já falecido, contou que os desvios nos contratos da Petrobrás envolveriam desde o funcionário do terceiro escalão até a cúpula da empresa, durante sua gestão na diretoria de Abastecimento, entre 2004 e 2012.

O ex-executivo também citou quase todas as grandes empreiteiras do País que conseguiram os contratos. Inicialmente seu alvo foram as empresas, mas não havia como isentar os políticos, uma vez que, segundo ele, foram beneficiados com propinas.

Por causa da citação aos políticos, que têm foro privilegiado, os depoimentos serão remedidos para a Procuradoria Geral da República. A PGR afirmou que só irá receber a documentação ao final do processo de delação.

Lembrar que Costa foi responsável pela obra mais cara da Petrobras, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujo preço final pode ultrapassar R$ 40 bilhões. Segundo a Polícia Federal, os contratos eram superfaturados e o sobrepreço era repassado pelas empreiteiras ao doleiro Alberto Youssef. O doleiro, por sua vez, cuidaria da distribuição do suborno aos políticos.

PERDÃO JUDICIAL

O acordo de delação premiada assinado por Paulo Roberto prevê praticamente o perdão judicial. A pena que ele receberá será mínima comparada aos 50 anos que poderia pegar se responder aos processos – já é réu em duas ações, uma sobre corrupção na Petrobrás e outra sobre ocultação e destruição de documentos.

O acordo prevê que o ex-executivo será colocado em liberdade quando encerrar os depoimentos. Ele deve ficar um ano usando tornozeleira eletrônica, em casa, no Rio, sem poder sair na rua.

Os depoimentos têm sido longos. No primeiro dia foram mais de quatro horas. Um advogado do Paraná que esteve com ele diz que Costa está “exausto, mas se diz aliviado”. O ex-executivo teria demonstrado preocupação apenas quando soube que a imprensa noticiou a delação premiada. Seu temor é se tornar um “arquivo vivo”.

Os depoimentos são todos filmados e tomados em uma sala na Custódia da PF em Curitiba. Ao final de cada dia os depoimentos são lacrados e criptografados pelo Ministério Público Federal, que os envia diretamente para a PGR, em Brasília. A PGR mandou emissário a Curitiba no início do processo de delação.

DOLEIRO - ELEIÇÃO

O doleiro Alberto Youssef, também preso acusado de ser um dos cabeças do esquema desbaratado pela Lava Jato, também tentou negociar com o Ministério Público Federal uma nova delação premiada (ele fez a primeira no caso do Banestado, em 2003), mas desistiu ao ser informado que pegaria pelo menos 3 anos de prisão, em regime fechado.

O depoimento do ex-diretor, Paulo Roberto Costa, foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise e homologação do ministro Teori Zavascki.

Segundo o Blog do Camarotti, a avaliação no PT é que o depoimento de Paulo Roberto Costa pode criar forte desgaste na campanha de Dilma Rousseff. A maior preocupação é que haja divulgação do depoimento com denúncias sobre a existência de caixa dois de campanha e do financiamento de políticos aliados.

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