Hoje Lewandowski pedirá canonização de Dirceu
BRASIL – Julgamento do Mensalão Hoje Lewandowski pedirá canonização de Dirceu
Na sessão de julgamento de ontem, ficou claro, mais uma vez, que o ministro Lewandowski segue uma estratégia associada aos interesses de Lula e do Partido dos Trabalhadores: de repente ficou ágil, apressado em votar, conciso e até concordando com o voto do relator Joaquim Barbosa. Na verdade foi instruído ou deduziu que será bom para o partido, que antes das eleições a corte se pronuncie sobre a participação de José Dirceu, como chefe do mensalão. Charge ; HUMBERTO – publicada no Jornal do Commercio ( PE) em 03/08/2005 Postado por Toinho de Passira O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, votou nesta quarta-feira pela absolvição de José Genoino, presidente do PT na época do escândalo. Fez a preparação, para hoje, absolver o chefe da sofisticada organização criminosa, o quadrilheiro José Dirceu. Apesar de Genoino ter assinado, em nome do partido e na condição de fiador, a concessão de um empréstimo comprovadamente fraudulento para a sigla, o ministro considerou que o petista não tinha ciência dos crimes cometidos por Delúbio Soares. Cheio de “datas vênias” e farto em elogios, baixou o sarrafo na douta Procuradoria-Geral da República:
"O Ministério Público jamais individualizou as condutas imputadas a Genoino", disse o ministro, que criticou duramente a Procuradoria-Geral da República ao tratar a acusação, neste ponto, de "artificial e forçada". Chegou a afirmar que Genoino era um deputado "ideológico", que não enriqueceu ao longo da trajetória política e, no limite, disparou: "O réu se viu obriga à kafkiana tarefa de defender-se de atos abstratos." Mesmo o aval dado aos empréstimos não vale como prova, alega o ministro, que acabou criando uma nova categoria de avalista: "Esse era um aval moral, muito mais do que um aval real". A acusação aponta que, com seu pequeno patrimônio declarado, Genoino jamais poderia se tornar avalista de um empréstimo de 3 milhões de reais. Lewandowski, aliás, disse que o empréstimo obtido pelo PT foi pago, o que provaria a lisura da transação. Coube ao presidente da corte, Carlos Ayres Britto, lembrar o óbvio: o pagamento só foi finalizado neste ano, bem depois que o escândalo do mensalão eclodiu. O ministro Marco Aurélio de Mello também interrompeu, com fina ironia: "Vossa Excelência está quase me convencendo de que o PT não fez nenhum repasse a qualquer parlamentar". Para livrar o ex-guerrilheiro, o revisor chegou a citar o patrimônio modesto (170 000 reais, segundo a Justiça Eleitoral) de Genoino como uma prova da idoneidade do réu - o ministro só se esqueceu de que o petista é acusado de corrupção ativa, não passiva. O petista, aliás, responde a mais sete processos, inclusive o que trata da concessão fraudulenta de um empréstimo do Banco BMG ao PT. Lewandowski adotou a estratégia de centrar as acusações do núcleo político em Delúbio Soares, um quadrilheiro politicamente mequetrefe, oferecido em sacrifício para salvar os grandes caciques. Para Lewandowski, Delúbio Soares, fazia e acontecia, por conta própria, em parceria com Marcos Valério, sem quem nenhum dirigente petista, soubesse ou aprovasse a sua atuação de quadrilheiro, corruptor e lavador de dinheiro. "Ficou bem comprovado que Delúbio agiu com plena desenvoltura, sempre associado a Marcos Valério para os fins políticos e quiçá privados descritos na denúncia", afirmou o revisor, ao condenar o petista. Com esse “quiça privado”, o ministro, insinua, por dedução, que Delúbio pode ter pegado dinheiro do esquema, para uso particular. O que significa, mais uma vez, que Delúbio, foi entregue mesmo em sacrifício, um peixe menor, desde que se tente salvar os tubarões. Antes, Lewandowski, já havia condenado quatro nomes ligados ao núcleo publicitário: Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach e Simone Vasconcelos e acompanhando o relator, absolveu Geiza Dias, funcionária da SMP&B que participava dos repasses financeiros. Sem dúvidas, hoje, começará votando pela absolvição do chefe da quadrilha o mafioso José Dirceu, a quem o relator Joaquim Barbosa, havia condenou por corrupção ativa, considerando-o "mandante" dos acordos para compra de apoio parlamentar ao governo Lula. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr Barbosa considerou que Dirceu "comandou" a ação do publicitário Marcos Valério, apontado como principal operador do mensalão, e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que seria responsável pelo "comando final" sobre os beneficiários dos recursos. Foto: Nelson Jr./SCO/STF O relator apontou, ainda, situações em que Valério e Delúbio atuaram "em nome" de Dirceu com o intuito de captar e distribuir os recursos empregados no esquema e disse que o publicitário atuava como "intermediador" do ex-ministro. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr |
Nenhum comentário:
Postar um comentário