27 de out. de 2012

Economist: Eduardo Campos ameaça reeleição de Dilma

BRASIL – Pernambuco – Eleições 2014
Economist: Eduardo Campos ameaça reeleição de Dilma
A importante publicação britânica desta semana traz uma matéria sobre o govenador Eduardo Campos, acentuando que apesar de aliado da presidenta, o socialista, em ascensão um adversário potencial para disputar a presidência em 2014. Diante de mais essa publicação gera-se uma expectativa de como será de agora em diante as relações de Eduardo com o governo Dilma, numa hora em que o estado está precisando de muita ajuda do governo federal, devido a seca prolongada que assola Pernambuco.


Detalhe da página do “The Economist” na internet

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Economist, O Globo, Estadão, Blog do Diário de Pernambuco, Ultimo Segundo, Blog do Mario Flavio, G1

A ascensão do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, no cenário político brasileiro, atravessou o Atlântico e desaguou na Europa: “The Economist” traz na edição desta semana um perfil do politico pernambucano, presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro, alardeando para o mundo que ele representa uma "possível ameaça à reeleição" da presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2014.

Entre as razões apontadas pela revista para a ascensão de Campos, estão o "sucesso" de sua administração no governo de Pernambuco e a "falta de novos quadros" nos dois partidos considerados "os mais importantes do Brasil" pela revista: PT e PSDB.

“The Economist” comenta também que Eduardo nasceu na política, pelas mãos do seu avô, Miguel Arraes, que lhe ensinara que é feita para "unir as pessoas, em vez de dividi-los." Cita que os opositores afirmam que ele exagerou em seguir essas lições do avô e o criticam taxando de uma "versão moderna dos antigos coronéis", destacando que ele "não desafiou a antiga ordem rural, troca apoios políticos por cargos conseguindo assim congelar a oposição".

Em uma retrospectiva da gestão de Eduardo Campos, a Economistavalia que a política industrial adotada por ele em seu governo é uma das razões de seu sucesso. "Enquanto o resto do Brasil se preocupa com a desindustrialização, Pernambuco, desde que Eduardo Campos tornou-se governador, em 2007, vem aumentando a participação da indústria na economia do estado, que era de 20% já é de 25%, e vai atingir 30% em 2015, segundo dados do próprio governador", aponta a revista.

"Esse 'boom' trouxe praticamente o emprego pleno a Pernambuco", conclui. Afirma, porém, que o calcanhar de Aquiles nesse momento é a escassez de mão de obra especializada no estado, para atender a demanda do crescimento industrial. Diz que há programas educacionais em curso, para tentar suprir as lacunas, mas provavelmente, por mais eficiente que sejam esses programas haverá um descompasso entre as necessidades das empresas, e a preparação plena do operário, para habilitarem-se as tarefas exigidas pelo mercado de trabalho. A publicação diz que esse é um dos pontos fracos do desenvolvimento pernambucano, que foi nos tempos coloniais, foi umas das Capitanias que mais prosperou, graças à indústria canavieira.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Presidenta Dilma no sertão pernambucano, quando Eduardo era só um aliado fiel e inofensivo.

A revista comenta que o renascimento da prosperidade atual começou com o porto de Suape, ao sul de Recife, onde se ergue um complexo industrial, dotado de estaleiros e uma grande refinaria de petróleo e petroquímica, cuja construção envolve cerca de 40.000 trabalhadores. Acrescenta que a parceria de Eduardo com o presidente Lula fez o governo federal despejar milhões nos projetos de interesse do estado e de Eduardo.

Ressalta que além do parque industrial ao redor do porto de Suape, o governador conseguiu atrair investimentos privados, graças ao aumento de renda dos brasileiros, distribuindo pelo interior do estado esses empreendimentos como a construção da fábrica da FIAT, e uma série de pequenas fábricas têxteis, de alimentos e calçados (cita o polo de calçados de Timbaúba) que estão sendo instaladas no interior pobre do estado.

De acordo com a publicação britânica o antecessor de Campos no governo, Jarbas Vasconcelos, já teria deixado as bases do "renascimento" de Pernambuco. "Ele teve sorte porque seu antecessor - menos alardeado - lançou as bases do renascimento de Pernambuco. Ele se apoiou nisso para modernizar o Estado", observou a reportagem.

A Economist diz que parlamentares de oposição o criticam afirmando que ele deveria fazer mais para combater a pobreza: na vizinhança de condomínios de luxo, erguidos em “praias com palmeiras”, Recife tem 600 favelas, e suas lagoas são fétidas por receberem esgoto sem tratamento.

Segundo a revista Eduardo responde que seu governo está fazendo o que pode para ajudar a geração marcada pela pobreza “dos cortadores de cana, particularmente na região assolada pelo semiárido no interior do estado. A sua aposta ousada é que utilizar investimentos de privados para melhorar a infraestrutura e a educação, para eliminar as causas da miséria do estado.

A aposta valeu, até agora, diz a revista, Campos ganhou um segundo mandato em 2010, e seu Partido Socialista Brasileiro saiu-se muito bem nas recentes eleições municipais, em Pernambuco e no país. Ele é, nominalmente, um aliado de Dilma Rousseff, sucessora de Lula como presidente. Mas ele também é uma ameaça em potencial para ela conquistar um segundo mandato na eleição de 2014.

Foto: Joel Silva/Folhapress

Carcaça de gado morto no agreste pernambucano, uma das áreas atingidas pela forte seca no Nordeste

Instado a falar sobre a matéria da Economist, enquanto lançava o programa Chapéu de Palha Estiagem em Caruaru, nesta sexta-feira (26), o governador Eduardo Campos (PSB), preferiu não tecer comentários sobre a reportagem.

“Apesar de todo o prestígio que o periódico tenha, não é meu papel comentar sobre notícias que saíram”, disse encerrando o assunto.

O governador sabe que de tudo que foi dito na matéria, apesar de não ser novidade e de já ter sido mencionada milhares de vezes pela imprensa local e nacional, o destaque dele ser uma ameaça à reeleição de Dilma, deve estar sublinhado as olhos do governo e do Partido dos Trabalhadores, principalmente, após a acachapante derrota dos petistas em Recife.

Eduardo Campos, já falou que espera após o encerramento do ciclo eleitoral nesse domingo, com o segundo turno, que “ é preciso "deseleitoralizar" o debate político no Brasil".

Pernambuco está enfrentando no momento uma das piores estiagens da sua história. Mais de um milhão de pessoas, de 212 municípios, sofrem os efeitos da seca prolongada. No Agreste do estado, criadores de gado fogem da seca e de uma praga que ataca as plantações de palma, que é um dos principais alimentos do animal em tempos de estiagem e falta de pasto.

Na região, os rios deixaram de correr e os reservatórios já não possuem nenhuma gota de água.

De acordo com a Secretaria de Agricultura de Pernambuco, 1,15 milhão de pessoas estão sendo atendidas com linhas de créditos emergenciais, programas sociais e a distribuição de água em caminhões-pipa.

Assim que a poeira eleitoral baixar Eduardo vai procurar o palácio do Planalto para pedir ajuda e muito dinheiro para atender essas necessidades emergenciais. Não se sabe, porém, se Dilma estará disposta a atender aos pleitos do ameaçador concorrente.


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