O dia em que a formiga visitou a cigarra, por Valéria Maniero
13h23m
BRASIL - Opinião O dia em que a formiga visitou a cigarra A colunista comenta a visita da primeira ministara alemã Angela Merkel, a Grécia, para conversar com o primeiro ministro Antonis Samaras e as semelhanças com a fábula da cigarra e a formiga. Foto: Grigoris Siamidis / Reuters Postado por Toinho de Passira O encontro de hoje entre Antonis Samaras, da Grécia, e Angela Merkel, da Alemanha, lembra um pouco a fábula "A Cigarra e a Formiga". A Grécia viveu bem durante um tempo, acima das suas possibilidades, como costumam dizer os analistas, mas um dia, a conta chegou. Cheia de juros. A Alemanha, por sua vez, trabalhou duro, em todas as estações, e está mais preparada para o inverno, para essa crise da dívida que atingiu a Europa. É a primeira vez que a chanceler alemã pisa em Atenas desde que a crise começou na Grécia, devorando empregos, crescimento econômico e esperança. Para os gregos, Merkel representa a austeridade, os cortes que produzem piora na qualidade de vida de um país que caminha para o quinto ano de recessão. Por isso, eles foram para as ruas protestar hoje, enquanto Merkel se encontrava com Samaras. Os jornais estrangeiros contam que a Grécia montou um forte esquema de segurança para receber Merkel: 7 mil policiais pela cidade, franco-atiradores nos telhados, ruas, bairros e estações de metrô bloqueados. Apesar de as manifestações terem sido proibidas, muita gente saiu às ruas para protestar, manifestantes enfrentaram a polícia. Como disse Samaras, a Grécia não pede mais dinheiro, mas sim, oxigênio que, nesse caso, significa mais tempo para cumprir as medidas acordadas com a troica (FMI, CE e BCE), os credores que deram ajuda ao país. Mas ela também quer que seja liberada mais uma parte do resgate, no valor de 31,5 bilhões de euros - para isso, é preciso um "sim" dos credores. A Grécia espera um reconhecimento de que, apesar de não ter cumprido alguns pontos, já fez muitas coisas, como informa o "El País". A Reuters destacou uma frase dita pela alemã, que disse não estar ali "como uma professora para fazer um exame", mas como sócia para expressar seu apoio a um país que atravessa um "caminho difícil". E o caminho da Grécia tem sido mesmo complicado. Os números ajudam a entender o que aconteceu com o país nos últimos anos: no período de 2000 a 2007, cresceu, em média, 4,15%, mas aí veio 2008 e estragou tudo. O país teve retração de 0,16% naquele ano, quando a crise começou nos EUA, e foi se afundando no atoleiro: em 2009, a economia teve queda de 3,25%; em 2010, de 3,51%; em 2011, encolheu 6,9%. Este ano, segundo previsão do FMI, a queda deve ser de 6% e, em 2013, de 4%. O desemprego é de 24,5%, mas chega a 55,4% entre os jovens. Segundo Merkel, a Grécia "progride a cada dia na gestão das tarefas difíceis", mas ainda "há trabalho por fazer", como diz a imprensa europeia. - Se não resolvermos os problemas agora, eles voltarão a aparecer mais adiante de forma mais dramática - disse a chanceler, segundo a Efe. O "El País" informou também que o ministro alemão Guido Westerwelle disse, em entrevista a um jornal local, que a visita de Merkel é um "gesto europeu, um ato de reconhecimento para com o governo grego que está sob grande pressão por conta de sua política de reformas". No entanto, falou, mais uma vez, da importância de o país cumprir as medidas de austeridade para poder receber mais uma parcela do resgate. E que existe a vontade de "ajudar o país a criar uma administração eficiente, mas em algum momento deve poder se sustentar sozinho, não pode ser um poço sem fundo". Mas o tempo da Grécia é cada vez mais apertado: na reunião de ontem dos ministros das Finanças da zona do euro, foi dado um ultimato ao país. Que ela se apresse em aplicar as reformas pendentes até o dia 18 de outubro, se quiser receber o resto da ajuda. *Acrescentamos subtítulo, foto e legenda a publicação original |
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