A Blogueira cubana, Yoani Sánchez, comenta sua prisão
CUBA A Blogueira cubana, Yoani Sánchez, comenta sua prisão No jornal El pais e no seu blog, a internacionalmente famosa dissidente cubana conta os momentos de cárcere após ter sido detida, ao lado do marido, quando ia a serviço do jornal espanhol fazer a cobertura jornalística de um julgamento, na cidade de Bayamo, capital da província de Granma, distante 700 km de Havana Foto: Arquivo Postado por Toinho de Passira Em depoimento publicado, neste sábado, no jornal espanhol "El País", a blogueira cubana Yoani Sánchez comentou como foram as 30 horas em que passou como prisioneira do regime de Fidel. Yoani foi detida a caminho em Bayamo, capital da província de Granma, na última quinta-feira (4), acompanhada do marido e de um amigo, quando, como colaboradora do jornal da Espanha, El Pais, ia cobrir o julgamento do espanhol Ángel Carromero, acusado pela morte, por atropelamento, de Payá, um ativista cubano. Ela descreve como um gigantesco aparato militar, algo como uma operação para enfrentar o cartel de drogas ou prender um perigoso serial killer, posto na estrada para detê-la. O governo cubano supôs que a blogueira iria até a cidade onde ocorria o julgamento para tumultuar ação da justiça. A cubana disse que decidiu ir assistir ao julgamento, pois lera no Jornal Granma, um órgão da imprensa cubana, ligado ao governo, que o julgamento iria ser público. Ela comenta que tudo aconteceu porque o jornal Granma, publicou uma mentira. Diz que a desagradável experiência, serviu para ela ter uma pequena amostra da pressão que sofre um prisioneiro do regime, ao ser detida ilegalmente e privado dos seus direitos de cidadão. Contou que ficou na custódia de três mulheres uniformizadas, que lhe confiscaram o celular e fizeram uma constrangedora revista, tentando inclusive despi-la, no que ela reagiu. Neste instante Yoani diz que pagou por não permitir ser despida, mas não esclarece se sofreu alguma violência. Depois desses momentos de tensão, aconteceu o que chamou de segunda fase da prisão, quando foi abordada por uma militar, boazinha, como nos filmes de tortura, um personagem que serve para amolecer a resistência do prisioneiro. Segundo ela a mulher disse que tinha o mesmo nome dela, “como se isso fosse algo de bom” e se propunha a dialogar. Yoani diz que esse truque, tantas vezes reptido, uma combinação de violência seguida de simpatia, não lhe afetou. Discutiu com a interlocutora longamente sobre a ilegalidade passou a repetir, por mais de três horas supõe, a frase: "Eu exijo que você deixe-me fazer uma chamada telefônica, é meu direito." Segundo ela, o refrão a fez sentir-se forte contra aquelas pessoas treinadas com táticas para amolecer a resistência humana. “Uma obsessão era tudo o que eu precisava para enfrentá-los. E eu me tornei obcecada”, – disse na narrativa. Embora parecesse não se importar com a sua reivindicação insistente, por algum tempo, a blogueira, diz que logo depois foi autorizada a fazer uma ligação e pode trocar algumas palavras com o seu pai, numa chamada obviamente grampeada. Depois disso ela entrou numa fase de resistência que chamou de "hibernação", quando passou a recusar comer, e a beber qualquer líquido, não permitiu o exame médico, por várias vezes. A ideia era não colaborar de forma alguma com seus captores. Comentou que grande parte do tempo em que esteve detida foi acompanhada por câmeras, e não sabe se vão usar as imagens em algum momento, na programação da TV estatal. Por isso ela disse que foi cuidadosa no que falava e nos sues movimentos, para evitar que essas cenas servissem como desculpas a sua prisão ilegal. ”Eu tentei, tornar o mais difícil possível, uma edição futura desse material”. ”Eu só fiz um pedido durante as 30 horas como prisioneira. Pedi para ir ao banheiro, pois, estava eu preparada para levar a batalha até o fim, mas minha bexiga não, - comentou. Após isso diz que foi conduzida a um calabouço-suite. Ela disse ter se recusado a deitar na tentadora cama, e ficou o tempo todo numa cadeira, num canto enroscada, vigiada permanentemente por duas mulheres. Ela disse que sabia que não podia confiar em nada do que estava aconteceu dentro daquele ambiente. “A água não pode ser água, a cama mais parecia uma armadilha e médico estava mais para um delator que para um profissional da medicina. Tudo o que me restava era mergulhar nas profundezas do "eu", fechar as portas para o exterior. Foi o que fiz. A fase de "hibernação" levou a um sono auto-induzido e a uma mudez total. ”Até o momento foi-me dito que eu "estava sendo transferido para Havana," me custou abrir as pálpebras e língua pareciam fora da boca pelos efeitos de sede prolongada. No entanto, senti que tinha vencido. Em um gesto final, um dos meus captores estendeu a mão para me ajudar a entrar no micro-ônibus, onde se encontrava o meu marido. "Eu não aceitei a cortesia do repressor". Veja abaixo o post, sobre a prisão, que Yoani publicou, no seu Blog:
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