8 de jun. de 2012

O que o Governador Perillo, vendeu além da mansão?

BRASIL – Corrupção
O que o Governador Perillo, vendeu além da mansão?
Foi na mansão comprada ao governador de Goiás, que Carlinhos Cachoeira foi preso. As negociações da venda do imóvel estão em dezenas de gravações da Polícia Federal. Pelos depoimento de testemunhas, parece que Cachoeira, pagou duas vezes, pela compra do imóvel, que nem está no seu nome. Ou Marconi Perillo, vendeu mais alguma coisa, além da casa, ou enganou o contraventor

Foto: Ailton De Freitas/Agência O Globo

Em resumo, além de outras coisas, Marconi Perillo, terá que explicar por que recebeu pelo imóvel mais dinheiro do que declarou oficialmente

Postado por Toinho de Passira
Fontes: R7, Veja

Após sucessivas contradições do empresário Walter Paulo Santiago, que prestou depoimento à CPI do Cachoeira nesta terça-feira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), terá que ser muito convincente nas suas explicações à comissão – para tentar justificar junto aos parlamentares – como foi a verdadeira venda em 2011 de uma mansão sua em Goiânia.

O mistério que envolve a mudança de donos da casa é emblemático porque foi nesta mansão que o contraventor Carlinhos Cachoeira, cujas atividades criminosas com autoridades públicas motivaram a criação da CPI, foi preso em fevereiro pela Polícia Federal.

O depoimento de Perillo à comissão de inquérito está agendado para o próximo dia 12. Com a paralisação do Congresso nesta semana por causa do feriado de Corpus Christi, a CPI não fará nenhuma reunião até a oitiva de Perillo. Vão se acumular no colegiado, portanto, requerimentos para o acesso a dados confidenciais do governador e para a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de duas empresas ligadas a Walter Paulo Santiago: a Faculdade Padrão e a Mestra Administração e Participações.

Durante suas explicações à CPI, Walter Paulo disse ter comprado a casa do governador tucano, mas apresentou pelo menos três versões sobre a origem dos 1,4 milhão de reais que foram aplicados na aquisição do imóvel: disse num primeiro momento que não poderia precisar de onde saiu o dinheiro, declarou depois que o caixa foi formado recolhendo recursos de diversas de suas empresas e, por fim, defendeu que o montante foi retirado exclusivamente da Faculdade Padrão, da qual é dono.

As inconsistências na versão sobre a origem do dinheiro aplicado na compra da mansão acenderam na CPI hipóteses de que o governador Marconi Perillo poderia até ter recebido duas vezes pela venda da casa: uma por meio de três cheques (dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil) emitidos pela empresa Excitant Confecções Ltda, de uma cunhada de Carlinhos Cachoeira, e outra vez, na versão de Walter Paulo, em “pacotinhos” com notas de 50 e 100 reais, ou, nas palavras do depoente, “uma coisica de nada” que pode ser transportada em “qualquer caixinha”.

O desencontro de versões ficou tão evidente que motivou especulações sobre o valor pago pela casa. Até aliados de Perillo saíram da reunião desta terça-feira sem acreditar na história apresentada por Walter Paulo. Há a suspeita de que parte do pagamento foi feita por fora, e que apenas 1,4 milhão de reais foi declarado. Mas os tucanos insinuam que a culpa seria de Wladimir Garcez, a quem o governador confiou a responsabilidade de negociar a casa.

Para justificar a desconfiança, os parlamentares citam um diálogo, obtido pela Polícia Federal, em que Cachoeira faz menção ao que seria o valor real do imóvel: 2 milhões de reais.

O entendimento de congressistas da CPI é que, diante da dificuldade de Walter Paulo explicar a compra da casa, a Mestra, da qual o empresário diz ser administrador, embora sem receber nada por isso, deve ser uma empresa laranja. A mansão que foi de Marconi Perillo está registrada em nome da Mestra, apesar de o dinheiro utilizado na aquisição da casa não ter saído dos caixas da empresa.

De acordo com o empresário, a Mestra tem capital social de R$ 20 mil e, portanto, não teria caixa para comprar a mansão do governador.

Desde 2006, quando foi fundada, a empresa só fez dois negócios, o que, na avaliação dos parlamentares, indicaria que a empresa é apenas de fachada. Ainda assim, Walter Paulo disse que, por meio da Faculdade Padrão, desembolsou 1,4 milhão de reais para a compra da casa – fora 100 000 reais de comissão ao ex-vereador Wladimir Garcez – para adquirir o imóvel “como investimento” da Mestra. Ele disse ser administrador da empresa, de graça, “para ajudar”.

Também em depoimento à CPI, realizado há 12 dias, o ex-vereador do PSDB, Wladimir Garcez, comparsa do contraventor Carlinhos Cachoeira, deu mais ingredientes para o choque de versões sobre a casa. Disse ter comprado o imóvel de Marconi Perillo com a intenção de morar nele e que o valor de 1,4 milhão de reais foi pago em três cheques pelo ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu.

A versão do governador sobre a venda da mansão é a de que Wladimir Garcez era apenas o intermediador da transação e que o dono da casa seria mesmo Walter Paulo. "Só há uma versão, a verdadeira dos fatos", disse Perillo em nota.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) diz ter ficado satisfeito com as explicações de Walter Paulo: "Em nenhum momento o governador participou das negociações. Ele agiu de boa-fé”, diz.

Na base aliada, o clima é outro: "A situação do governador Perillo se complicou, porque pode ser que esse dinheiro depositado não seja para o pagamento da casa", diz o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), diz que os depoimentos conflitantes lançam novas possibilidades para o caso: "O governador pode ter recebido duas vezes pela venda da casa", especula.

Em resumo imaginam que o dinheiro pode ter sido usado como caixa 2, na campanha de Perillo, ou foi aproveitada a transação para a contravenção presentear uma grana extra ao governador. Carlinhos Cachoeira poderia estar pagando também a compra da alma de Marconi Perillo.


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