Desastrada operação do governo americano entregou milhares de armas a narcotraficantes do México
ESTADOS UNIDOS Desastrada operação do governo americano entregou milhares de armas a narcotraficantes do México Uma mal sucedida operação da agência americana que fiscaliza armas e explosivos do governo americano deixou que milhares de armas, que deveriam ser monitoradas, chegassem, sem controle, nas mãos de narcotraficantes do México. O escândalo ainda pode ser pior, levando-se em conta as manobras que a Casa Branca tem feito para abafar a extensão do caso, alimentando as suspeitas de que a estupidez dos agentes pode esconde algo maior Foto: Divulgação Postado por Toinho de Passira Os grandes escândalos começam pequenos. No dia 15 de dezem¬bro de 2010, um agente da pa¬trulha de fronteira dos Estados Unidos, Brian Terry, foi assassinado durante um tiroteio no Arizona, perto do México. Na cena do crime foram encontrados dois fuzis de assalto AK¬47. Examinando o número de série das armas, descobriu-se que elas haviam sido compradas por um laranja dos cartéis de droga mexicanos. Em segui¬da, soube-se que o laranja era um alvo sob vigilância da agência americana que fiscaliza armas e explosivos, co¬nhecida pela sigla ATF. Os investiga¬dores sabiam da compra das armas, mas nada fizeram. De propósito. A ideia era deixar que elas chegassem às mãos dos compradores finais. Assim, em vez de prenderem apenas um laran¬ja, os investigadores da ATF desvenda¬riam toda a rede de tráfico de armas na fronteira que abastece os cartéis da droga no México. A investigação foi batizada de Operation Fast and Furious (Operação Rápida e Furiosa). Equiva¬lente em sua intrínseca capacidade de dar errado a apagar incêndio com ga¬solina, o plano falhou.
As cerca de 2000 armas foram dis¬tribuídas sem critério, em vez de ser en¬tregues em um único carregamento fácil de monitorar, como planejaram os in¬vestigadores da ATF. Uma parte das ar¬mas foi parar no México, outra ficou dentro dos Estados Unidos mesmo. Até agora, 600 armas foram achadas em ce¬nas de crime nos dois países. O resto do arsenal, muito provavelmente, ainda es¬tá nas mãos dos criminosos. Ao debru¬çar-se sobre o escândalo, o Congresso americano descobriu que a estratégia de facilitar a entrega de armas marcadas a narcotraficantes vinha sendo executada desde 2006 - e com resultados igual¬mente desastrosos. Foi um daqueles ruinosos encontros da incompetência com a iniciativa. Na primeira operação, em 2006, a ATF acompanhou em tempo real cente¬nas de compras ilegais de armas nos Es¬tados Unidos. Conseguiu observar que elas atravessaram a fronteira com o Mé¬xico mas, a partir daí, o rastro dos arma¬mentos foi perdido. Com a mudança de governo na Casa Branca, o desastre de 2006 foi devidamente revisado em 2009. Os laranjas foram processados por tráfi¬co de 450 armas. Mas, para salvar as aparências da debate oficial, os réus fo¬ram absolvidos. Para piorar as coisas, a experiência fracassada não deixou nenhuma lição útil e foi repetida em 2007, dessa vez com mais de 200 armas. Os gênios da ATF tentaram montar uma operação conjunta com autoridades do México, mas, de novo, perderam o controle. Apesar dos fracassos sucessivos, o escritório da ATF em Phoenix, no Arizona, continuou insistindo na estratégia que, na prática, apenas armava os traficantes com um arsenal de alta letalidade. O alerta vermelho só se acendeu mesmo depois que o patrulheiro Brian Terry morreu baleado por uma das armas entregues aos bandidos. Foto: Susan Walsh/Associated Press Reuters A operação foi uma adaptação estúpida do que se faz nas investigações sobre dinheiro sujo em que cédulas com numeração conhecida são postas nos circuitos criminosos, permitindo, assim, monitorar todas as fases do processo de lavagem. Charge: Mike Keefe - Denver Post (USA) A “Operação rápida e furiosa”: ponha 2.000 armas em circulação para ver se elas acabam nas mãos de criminosos. O que poderia dar errado? |
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