8 de jun. de 2012

Hugo Chávez, o mito messiânico

VENEZUELA – Eleições 2012
Hugo Chávez, o mito messiânico
As vésperas da eleição presidencial na Venezuela, o câncer de Chávez, envolto em mistério nos detalhes é o principal tema e dúvida da campanha. O presidente enfermo reverte a adversidade da doença em trunfo, consolidando uma imagem de mártir messiânico. Confinado, sem visibilidade, abatido pela moléstia e seu tratamento, competindo com um oposicionista dinâmico e midiático, Chávez surpreende, com a continuidade da liderança folgada nas pesquisas de intenção de votos .

Foto: Reuters

"Se o povo quiser, ficarei até 2019, até 2021, até 2031, até que o corpo aguente", afirmou Chávez repetidas vezes à seus simpatizantes.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, Veja, Prensa Latina, RTP, Exame

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, formalizará na próxima segunda-feira - último dia do prazo - a inscrição de sua candidatura à reeleição no pleito que será realizado no dia 7 de outubro.

O candidato de oposição, Henrique Capriles, nesta quarta-feira, deixou o cargo de governador do Estado venezuelano de Miranda, para disputar a eleição com Hugo Chávez. Anunciou que realizará a inscrição formal no domingo, e que antes liderará uma passeata de 10 quilômetros com seus partidários.

Chávez, de 57 anos, que sofre de câncer e está no poder desde 1999, quer se manter no cargo por mais seis anos, e para isso terá que vencer Capriles nas eleições de outubro.

Segundo a BBC Brasil, o mistério em torno do câncer que pode minar as pretensões eleitorais do presidente Hugo Chávez fortaleceu uma "aura messiânica" em torno do líder venezuelano, que encabeça todas as pesquisas de opinião.

Sai a imagem do líder vigoroso, guerreiro, incansável, inabalável, e entra a do mártir heroico, que apesar de combalido ergue-se das adversidades para combater os inimigos do país.

O certo é que o presidente Hugo Chávez, conta com 59,4 por cento de intenção de voto para as eleições do dia 7 de outubro, de acordo com a mais recente pesquisa da International Consulting Services, divulgada hoje.

Henrique Capriles, o candidato da oposição, representante da chamada Mesa da Unidade Democrática, atinge 29,1 por cento, das intenções de voto.

O mais admirável é que apesar de sua pouca exposição na mídia, e aparecimentos públicos, a sua popularidade e chances de vitória estão em ascensão, enquanto a do candidato oposicionista, em campanha diária pelo país, enfrenta índices com tendência de queda.

No lastro disso, 72 por cento dos consultados avalia positivamente o governo Chávez, enquanto 27,5 por cento considera negativo

A pesquisa tem uma peculiaridade, entre as questões apresentadas, pergunta sobre a saúde do presidente: 68 por cento considera atualmente que ele se encontra um pouco melhor ou muito melhor; 62,8 por cento considera que ele vai melhorar e só 8,5 o vê pior.

Foto: Reuters

Se Chavez não pode viajar para fazer a campanha, milhares de Chávez se mutiplicam pelo país

Segundo a BBC Brasil, esta situação favorável se sustenta por um clima de culto da imagem do presidente, criado pela direção do partido governista, o PSUV.

Por exemplo, diz que em numa reunião partidária para inscrever voluntários para a campanha presidencial em Petare, um dos bairros mais populosos de Caracas, a multidão de simpatizantes chavistas era embalada pelo som de tambores e o coro de um "mantra curativo", alusivo a Chávez.

"Está salvo, está salvo, levanta a mão, levanta a mão", cantavam. As canções foram interrompidas somente quando a voz de Chávez foi ouvida em uma gravação do hino nacional, cantado pelo mandatário em alguma das manifestações lideradas por ele antes da doença.

A "hiperliderança" de Chávez, criticada inclusive por setores chavistas, se tornou o principal aspecto de incerteza e crise no interior do governo. Com o líder enfermo, se torna ainda mais incerto o futuro do projeto político bolivariano.

Além de ser garantia de unidade das diferentes correntes que formam o chavismo, Chávez também é sua garantia de "êxito". Sem ele, uma disputa eleitoral contra a oposição tenderia a ser mais difícil.

A oposição também enfrenta dificuldades devido ao câncer presidencial. Os problemas da gestão chavista levantados por Henrique Capriles durante sua campanha se diluem no mistério do câncer presidencial.

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, afirmou nesta quinta-feira que sem os subsídios petrolíferos de Chávez, os regimes de Cuba e da Nicarágua, ficarão numa situação muito difícil.

Ausente de atividades públicas desde fevereiro - quando anunciou a reincidência do câncer e a aparição de um novo tumor – o principal desafio de Chávez será convencer seus eleitores que terá saúde para governar durante os próximos seis anos. O opositor Henrique Capriles tem a difícil tarefa de criticar o governo Chávez, sem parece que está querendo atingir a figura messiânica e heroica do atrevidos desgovernável Hugo Chávez.

Foto: Associated Press

Henrique Capriles a ingrata e quase impossível tarefa de tentar vencer o mito Hugo Chávez


Nenhum comentário: