30 de jun. de 2012

EGITO: O islamista Mohammed Mursi toma posse

EGITO
O islamista Mohammed Mursi toma posse
Dia histórico no Egito, o primeiro presidente eleito democraticamente, assume. O exército, que ocupará o comando do país, quando Hosni Mubarak foi deposto, no ano passado, manteve sua promessa de ceder o poder assim que um mandatário fosse escolhido pelo povo, pelo menos é o que dizem

Foto: Reuters

Mursi é o primeiro presidente civil e islâmico do país. Também o primeiro eleito em um pleito livre

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, Reuters , O Globo

O islamista Mohammed Mursi, 60 anos, tomou posse neste sábado, no Supremo Tribunal Constitucional, no Cairo, com a difícil tarefa de consolidar a revolução que começou na Praça Tahrir e depôs o ditador Hosni Mubarak. É o primeiro presidente eleito por via democráticas no Egito e se torna o quinto presidente do país desde a derrubada da monarquia, há 60 anos.

Mursi, que venceu as eleições com quase 52% dos votos, renunciou a sua militância na Irmandade Muçulmana, grupo islâmico de origem do partido que o elegeu, após o anúncio de seu triunfo.

Com o Parlamento dissolvido e o Legislativo nas mãos dos militares, o novo presidente prestou o juramento diante da Corte Suprema Constitucional. Por ironia, o lugar onde aconteceu a cerimônia de posse fica ao lado do hospital militar em que Mubarak, deposto em fevereiro do ano passado e condenado à prisão perpétua, está internado há cerca de duas semanas.

Em um discurso otimista, em que procurou se equilibrar entre as forças em jogo, Mursi prometeu justiça social e dignidade e jurou defender a Constituição (que ainda está sendo escrita).

O presidente assegurou ainda, que estava tomando posse de plenos poderes, no país, que o exército, que assumiu o governo quando Hosni Mubarak foi deposto no ano passado, manteve sua promessa de ceder o poder.

O modo como o islamista vai tratar as relações exteriores do Egito também foi abordada no discurso. Mursi prometeu melhorar a ligação com os países vizinhos na África e no Oriente Médio. Num aceno a Israel, com o qual o Egito tem um acordo de paz, Mursi prometeu respeitar os tratados internacionais. Mas também defendeu "o direito legítimo do povo palestino".

Na véspera, Mursi fez uma espécie de juramento simbólico diante da multidão na Praça Tahrir, durante o qual também prometeu lutar pela liberdade de Omar Abdel Rahman, o clérigo egípcio atualmente cumprindo prisão perpétua nos Estados Unidos pelo planejamento do ataque de 1993 ao World Trade Center.

Nas negociações para a formação de um Gabinete especula-se que os primeiros nomes indicados serão os de uma mulher e um cristão copta (integrante Igreja cristã nacional do Egito), ainda não divulgados, que serão designados para os cargos de vice-presidente, com poderes de super-ministros. O objetivo é demonstrar o comprometimento do novo governo com uma gestão democrática e pluralista, sem barreiras tradicionais religiosas.

Ontem, também, noticiou-se que o candidato derrotado nas eleições presidenciais, Ahmed Shafiq, que havia sido primeiro ministro, nos tempos de Hosni Mubarak, fugiu do Egito em direção aos Emirados Árabes Unidos após virar alvo de investigações sobre corrupção.


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