7 de mai. de 2010

OPINIÃO: “Lula virou um idiota útil para o Irã?”

OPINIÃO
“Lula virou um idiota útil para o Irã?”
Esse é o título original da coluna do editorialista Jackson Diehl do Washington Post de ontem. (Perdoe-nos a tradução, aceitamos correções)

Ilustração Toinho de Passira

Na opinião do colunista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está “sendo usado” como “um idiota” pelo presidente iraniano.

Jackson Diehl
Fonte: Washington Post

Teria o presidente brasileiro, Luiz Inácio "Lula" da Silva transformando-se num idiota útil para o Irã?

Mahmoud Ahmadinejad claramente pensa assim. Na quarta-feira seu site postou um comunicado afirmando que aceitou "em princípio" uma proposta brasileira para neutralizar suposto impasse do Irã com o Conselho de Segurança da ONU - e impedindo a adoção de novas sanções pretendidas pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França.

A chancelaria brasileira, às pressas, negou que houvesse uma proposta concreta. Mas isso é irrelevante: Lula, que está planejando uma viagem a Teerã na próxima semana, obviamente, busca posicionar-se como o mediador e fiador de um acordo entre o Irã e o Ocidente.

Seu gesto seria tão irrelevante como a sua recente tentativa de resolver o conflito entre Israel e palestinos - exceto pelo fato de que o Brasil detém um dos assentos rotativos no Conselho de Segurança.

Como a Turquia, outro membro temporário, o Brasil está resistindo bravamente a iniciativa de novas sanções, razão pela qual a medida não foi aprovada no mês passado, como a administração Obama esperava.

Lula está fornecendo ao Irã um tempo valioso para atrasar novas sanções, enquanto o país segue em seu programa nuclear preparando uma nova geração mais eficiente de centrífugas para enriquecer urânio.

A proposta brasileira "parece corresponder a uma outra versão do acordo Irão já rejeitou várias vezes: uma troca de parte do material nuclear já enriquecido para reabastecer um reator de pesquisa médica.

Teerã pareceu inicialmente a aceitar a oferta ocidental nesta mesma Lina, no outono passado, depois recuou. Desde então, tem se empenhado em discutir várias variações sobre o tema - a maioria dos quais sem utilidade para solucionar a questão do ponto de vista do Ocidente, que deseja a remoção de material nuclear enriquecido do Irão.

Ahmadinejad tem a intenção de discutir a proposta com Lula o maior tempo possível - sem, é claro, sempre concordar. "A proposta não tem muitos detalhes", disse o chefe de gabinete de Ahmadinejad, na quarta-feira.

A Turquia já participou deste mesmo jogo com o Irã durante meses, sem resultados. Então, por que Lula se lança nessa direção? Pela mesma razão, que o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan: provar que o seu país é uma potência mundial emergente que é capaz de agir de forma independente - desafiando os Estados Unidos. Não interessa a Lula que a diplomacia não tenha chance de sucesso. O que importa são as notícias publicadas no Brasil descrevendo o país "uma potência mundial emergente" e Lula como um dos líderes mais influentes do globo.

O preço para essa diplomacia vaidosa é o atraso contínuo de sanções que poderia ser a última chance de interromper, de forma pacífica, os esforços do Irã em produzir uma arma nuclear. Os Estados Unidos parecem impotentes: Ahmadinejad e seus companheiros da Guarda Revolucionária estão confiados na crença de que não têm nada a temer do Ocidente. A tentativa do presidente Obama para restaurar a diplomacia dos Estados Unidos, não funciona.

Mas haverá quaisquer consequências para o Lula? O presidente brasileiro aparentemente pouco se importa se o Irã produza armas nucleares - afinal, ele está em seu último ano de mandato, e o Irão não representa qualquer ameaça para o Brasil. Nem a administração Obama parece inclinado a punir o líder brasileiro, a quem Obama recentemente chamado de "meu homem". O Departamento de Estado disse esta semana que o governo está "cada vez mais céptico" que o Irã vá mudar o curso, e que "ainda mantém diferenças de opinião "com o Brasil", como esta sendo conduzido esse processo."

No entanto, "nós reconhecemos o valor ea importância de uma variedade de países envolver o Irã", disse o porta-voz Philip Crowley.

Em outras palavras: Lula,vá em frente e jogue para as arquibancadas.


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