EUROPA: O dia em que o euro tremeu
EUROPA O dia em que o euro tremeu Aprovado o pacote de 110 bilhões de socorro à Grécia, resta esperar que o país cumpra a sua parte para salvar a moeda comum Foto: Stefan Simonsen/AFP COM O DINHEIRO DOS OUTROS
Em Hanover, alemães satirizam a ajuda de 22 bilhões que seu país dará à Grécia Ana Claudia Fonseca Fonte: Revista Veja Um homem e duas mulheres, uma delas grávida de quatro meses, foram as primeiras vítimas da crise financeira grega. Os corpos carbonizados estavam em um dos oito prédios atacados na quarta-feira passada por coquetéis molotov lançados por uma multidão enfurecida. Não se sabe quem jogou as bombas, mas os alvos eram claros: bancos e instituições públicas. Cientes de que terão de permanecer com o cinto apertado pelos próximos três anos, 100.000 gregos saíram às ruas. Armados com paus e pedras, eles enfrentaram os policiais enquanto, no Parlamento, os políticos debatiam se aceitariam ou não as medidas austeras exigidas pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para que a Grécia pudesse receber um resgate bilionário anunciado no domingo 2. O pacote foi aprovado pelos parlamentares gregos na quinta-feira, mas isso não impediu que as bolsas do mundo despencassem em meio ao temor do impacto da crise grega sobre os outros países da zona do euro. A crise da Grécia foi causada pela irresponsabilidade do governo na gestão de sua política fiscal. "Os gregos gastaram mais do que podiam num ambiente em que não tinham domínio algum sobre a emissão da moeda, um dos mecanismos para reduzir o endividamento", explica o economista Sidnei Nehme, diretor executivo da NGO Corretora de São Paulo. O euro é uma moeda supranacional; enquanto cada governo é responsável por sua política fiscal, a política monetária e cambial é gerenciada pelo Banco Central Europeu. A ajuda internacional foi a saída encontrada para evitar que a Grécia declare o calote de sua dívida pública, hoje em 115% do PIB. O resgate dará aos gregos 110 bilhões de euros nos próximos três anos. A maior parte do dinheiro vem dos outros quinze países da zona do euro (80 bilhões de euros, ou 0,9% do PIB do bloco), e o restante, do FMI (que terá uma parcelinha brasileira equivalente a 227 milhões de euros). Foto: Reuters sar o dinheiro de impostos na ajuda financeira a outro país, obviamente, é uma medida impopular. Depois de semanas hesitante, a chanceler Angela Merkel aprovou em seu Parlamento a fatia alemã do socorro financeiro: 22 bilhões de euros. Foto: Reuters Embora a expressão da Grécia no contexto do bloco europeu seja pequena, a moratória mostraria que o euro não consegue resgatar países em apuros. Os investidores então abandonariam a moeda. Isso aconteceu na semana passada, quando o euro caiu em relação ao dólar para o nível mais baixo em catorze meses, enquanto crescia o temor de que a continuação da crise grega contagiasse outras economias europeias enfraquecidas, chamadas de PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). Foto: Getty Images José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, defendeu a urgência de reformas estruturais para evitar a implosão do euro. O principal defeito da moeda comum é a ausência de uma política orçamentária unificada. Em outras zonas monetárias há um banco central e um ministério responsável pelo equilíbrio orçamentário. Na zona do euro, existe apenas um banco, o Banco Central Europeu. E no lugar do ministério há um "pacto de estabilidade", que ninguém respeita. Foto: Acrescentamos fotos e legendas ao texto original da VEJA |
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