ELEIÇÕES - INGLATERRA: Comentário pode ter custado o cargo a Gordon Brown

ELEIÇÕES - INGLATERRA Comentário pode ter custado o cargo a Gordon Brown O jornal Times chamou de “bigot-gate” o incidente que envolveu, na quarta-feira, o primeiro ministro britânico Gordon Brown e uma eleitora trabalhista chamada Gillian Duffy ,de 65 anos. Brown sem saber que tinha um microfone ligado na lapela do paletó, comentou dentro do carro, com assessores, que a senhora era “bigot” (intolerante, preconceituosa). Em dificuldade nas pesquisas, a observação pode ter sido a gota que faltava, para consolidar a vitória dos seus adversários Foto: Reuters MICROFONE DA VERDADE: Na lapela de Gordon Brow o microfone traidor. A Sra. Gillian Duffy, ia comprar leite, esbarrou com o primeiro ministro, e acabou complicou a eleição inglesa Toinho de Passira Fontes: O Globo, O Globo, Estadão, Revista Veja, Time Online, The Guardian, The Sun O Partido Trabalhista do primeiro ministro Gordon Brown está colocado no terceiro lugar nas pesquisas eleitorais na Inglaterra, atrás de David Cameron, do partido Conservador, que conta com 33% das intenções de voto, e do antes azarão Nick Clegg, do Partido Liberal Democrata, que subiu de 18% para 30% desde o primeiro dos debates televisionados, inéditos nas campanhas britânicas. Na reta final, o pleito acontece nesta quinta-feira, a campanha toma tons dramáticos para o atual primeiro ministro Brown. Essa tem sido uma das mais disputadas campanhas eleitorais do Reino Unido em quase duas décadas. Peter Mandelson, coordenador de campanha do partido trabalhista, até anunciou um slogan para os últimos cinco dias da corrida: "lutando pelo seu futuro". "Estou lutando não apenas pela minha vida, mas pelo que eu acredito ser importante para o futuro do país", disse Brown para um grupo de jornalistas que o acompanhava. "Eu nunca desisto e nunca vou desistir", disse ele. As coisas pioraram muito para Brown quando na quarta-feira passada, o destino lhe aprontou uma armadilha. A aposentada e viúva Gillian Duffy, de 65 anos, aproveitou a presença do primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, em seu bairro em Rochdale, uma cidade nos arredores de Manchester, para expressar sua preocupação com a qualidade da educação, o déficit público, o aumento de impostos e, principalmente, a crescente imigração no país. Brown até se saiu bem no debate de rua improvisado com a eleitora, diante das câmeras de televisão, apresentando seu ponto vista, às vezes discordante da senhora, mas sempre de forma respeitosa e segura. ”Segundos depois, contudo, crente de que estava seguro no interior de seu carro, classificou a conversa com Gillian Duffy de desastrosa e ridícula e chamou a aposentada de preconceituosa. O desabafo foi registrado por uma equipe de TV, pois Brown havia se esquecido de tirar o microfone sem fio da lapela.” Foto: Reuters Divulgada a conversa vexatória, do primeiro ministro, a Sra. Gillian Duffy virou celebridade. Então quando se soube que Brown iria pedir desculpas pessoalmente, a imprensa e vizinhos fizeram plantão diante de sua casa. A aposentada, porém, não é uma pessoa fácil. Recebeu o primeiro ministro em sua residência, mas por exigência o encontro ocorreu de forma reservada, entre os dois, apenas tendo como testemunha um seu sobrinho,Peter Duffy. O sobrinho disse, depois, que Gillian aceitou o pedido de desculpas do premier, mas "ainda está triste". Ela é partidária dos trabalhistas e pretendia votar em Brown, mas, segundo a imprensa britânica, teria desistido de votar em qualquer dos candidatos. Foto: Reuters Mas para tornar a situação mais dramática a Sra. Gillian Duffy negou-se a sair da residência acompanhando o primeiro ministro. Brown teve que enfrentar a imprensa sozinho, sem a foto que selaria o perdão. Na verdade, bem antes da Sra. Gillian a campanha eleitoral apresentava aspectos incomuns, com clara indicação que pela primeira vez desde 1974, o país pode ter um parlamento em que nenhum dos partidos conseguirá a maioria absoluta das cadeiras. Isso deve acontecer porque os três debates televisivos, inéditos em uma eleição britânica, foram bem aproveitados pelo liberal-democrata Clegg para conquistar eleitores e tirar o seu partido da irrelevância. Se as intenções de voto se confirmarem, as bancadas dos conservadores e dos trabalhistas terão de disputar o apoio dos liberais-democratas para poder governar. Clegg já disse que não fará uma coalizão com o Partido Trabalhista se a opção para o cargo de primeiro-ministro for Gordon Brown, há treze anos no governo. Fotos: Reuters É bom ir se acostumando com as novas caras que conduzirão os destinos da Inglaterra doravante: à direita o conservador David Cameron e a esquerda o liberal-democrata Nick Clegg que podem inclusive formar uma coalizão. Não se pode valorizar o incidente dizendo que o “bigot-gate” mudou a história da eleição no Reino Unido, mas os trabalhistas nunca mais esquecerão a Sra. Gillian Duffy.