As mil e uma utilidades do Twitter de Hugo Chávez
VENEZUELA As mil e uma utilidades do Twitter de Hugo Chávez O presidente venezuelano é por certo a autoridade mundial que mais “tuita” na atualidade. Para ele o microblog serve para fazer propaganda, combater o capitalismo, dá notas oficiais, fornecer noticias em primeira mão e se comunicar com a população. Criou um órgão oficial só para responder a dezenas de milhares de mensagens que recebe e uma verba especial para atender os pedidos ali postados. Só não se sabe quando ele vai enjoar do brinquedo
Foto: Reuters Toinho de Passira O presidente venezuelano Hugo Chávez lançou-se no site de microblog na semana passada, com o claro propósito de contrapor a rede de adversários que tem usando cada vez mais, a internet e o Twitter em particular, para criticar seu governo. Chávez apresenta-se no Twitter como “presidente da República Bolivariana de Venezuela, Soldado Bolivariano, Socialista y Antiimperialista”. Sua conta, @chavezcandanga, atraiu cerca de 300 mil seguidores - muitos dos quais presumivelmente curiosos se o coronel famoso por seus discursos longos poderia adaptar-se limite máximo de 140 caracteres do Twitter. Numa segunda onda, o Twitter presidencial tem sido inundado de mensagem de milhares de usuários escrevendo para pedir ajuda em questões de saúde, trabalho, vaga na rede pública de educação, e até para denunciar a existência de buracos na rua em que moram. Foto: Reuters O presidente então criou a primeira estatal Twitter do planeta, contratando uma equipe de 200 servidores públicos, segundo anunciou pela televisão, só para ajudá-lo a responder as mais de 50 mil mensagens que diz ter recebido em apenas nove dias. Devido à visibilidade do Twitter de Chávez, o microblog sofreu um boom de usuários na Venezuela, onde há agora mais de 200 mil contas ativas. A conta de Chávez é o segundo mais seguido no país após a Globovisión, o canal de televisão oposicionista. Na fala televisiva sobre o assunto, Chávez disse que seus seguidores, classificavam-se em simpatizantes, mais da metade dos acessos, os requerentes, reclamantes e pedintes ocupando um pouco mais de um quarto das mensagens e menos de 20% de visitantes hostis. O presidente tem transformado o Twitter num palanque presidencial, onde ele faz promessas à população, falar de aumento de salários ou pensões, ao mesmo tempo em que posta mensagens anticapitalistas e em prol da sua maluca revolução socialista. "Não nos resta alternativa a não ser apertar a regulação do mercado capitalista selvagem. Ou acabamos com o capitalismo ou ele acaba conosco", diz um dos posts mais recentes do venezuelano. O microblog começa a tomar uma importância inesperada porque Chávez tem antecipado nas suas mensagens atos de governos e notícias em primeira mão, que só horas ou até dias depois são divulgadas e confirmadas pelos órgãos oficiais venezuelanos. Por exemplo, a nacionalização de uma universidade foi o tema de uma de suas mensagens. "Informo, atenção Barinas: estudantes da Universidade Santa Inês, acabo de aprovar o plano de nacionalização para o bem de todos. Agora: GRÁTIS." Na madrugada desta quinta-feira, o caudilho chegou a anunciar o afundamento de uma plataforma de gás, com 95 trabalhadores. "Com pesar, informo que a plataforma de gás Aban Pearl afundou há poucos momentos. A boa notícia é que 95 trabalhadores foram salvos", afirmou ele pela rede social aos seus 313.982 seguidores. Pouco depois, uma nova mensagem atualizava a situação. "Todos foram retirados e, neste momento, patrulhas das Forças Armadas se dirigem ao local. Seguiremos adiante e venceremos. Viva a Venezuela". O pronunciamento oficial do governo sobre o acidente, no entanto, veio apenas após a mensagem eletrônica de Chávez e foi feito pelo ministro de Energia e Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, na televisão estatal. Em Portugal a chancelaria lusa, correu atrás para confirmar a vinda do 1º Ministro português, José Sócrates a Venezuela publicada no Twiter de Chávez, em absoluta primeira mão. “También llamó el amigo José Sócrates, 1er Ministro de Portugal. Nos visitará pronto, el sábado 29 de junio. Saludos a la comunidad Portuguesa”, escreveu Hugo Chávez. Foto: Reuters O jornalista e ex-diretor geral da Globovisión, Alberto Federico Ravell, vê a adesão de Chávez à rede como uma garantia contra a censura.
No começo de 2010, ele tirou do ar, pela segunda vez em três anos, a emissora RCTV - que se recusou a exibir um pronunciamento do presidente e outros cinco canais de televisão. As suspensões causaram a renúncia do vice-presidente da República, além de uma onda de protestos no país, que acabou com a morte de dois jovens. Logo depois, em março deste ano, o presidente da emissora Globovisión, Guillermo Zuloaga, foi preso, acusado de ter insultado o governo Chávez durante um Congresso da Sociedade Interamericana de Imprensa. Mas nada garante que esta realidade não esteja com os dias contados, se levarmos em conta o perfil de censor do ditador venezuelano que de um momento para outro pode se cansar do brinquedo, tentar identificar e mandar prender quem usou o Twiter para atacá-lo e acabar com essa farra de liberdade momentânea. |
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