COLOMBIA Eleição desse domingo começa decidir sucessor de Uribe
Depois de oito anos de governo do direitista Alvaro Uribe, os quase 30 milhões de eleitores colombianos devem decidir se dão continuidade ao "uribismo" com seu ex-ministro da Defesa Juan Santos, ou se favorecem a mudança encarnada pelo ex-prefeito de Bogotá , Antanas Mockus.
Foto: Revista Semana
ELEIÇÕES COLOMBIA - Primeiro Turno Santos 34% e Mockus 32
Toinho de Passira Fontes: Semana , O Globo, Ultimo Segundo, AFP, AFP, BBC Brasil, La Republica, Portal Terra
A revista colombiana Semana, registra o despertar político de conscientização popular, a partir do momento em que o Tribunal Constitucional, não aceitou que Alvaro Uribe pudesse concorrer a um terceiro mandato.
Não que isso represente uma ojeriza a Uribe, que mantém mais de 70% de popularidade, é que as eleições com ele, seriam uma barbada tão grande, que dispensaria paixões.
Diz a revista: depois que Uribe foi afastado do pleito, a Colômbia, que acompanhava as notícias sobre eleições com enfado, deixou de ser um país apolítico para se transformar num país politizado.
A campanha eleitoral da Colombia tem sido de fato das mais emocionantes, principalmente, pelo quesito da incerteza, pois ninguém, de sã consciência, é capaz de afirmar, faltando um dia para o pleito, quem será o novo presidente da Colômbia.
Foto: Associated Press
TRANSFERÊNCIA - Juan Manoel Santos, a esquerda, o candidato do Presidente Uribe (a direita) não consegue transformar em votos a popularidade do seu padrinho
As pesquisas estão indicando um empate técnico, no primeiro turno, entre o candidato do Partido de La U, como é conhecido o Partido Nacional da Unidade Nacional, o economista e jornalista Juan Manuel Santos Calderón, 59 anos, ex-ministro da Comércio Exterior, Fazenda e da Defesa, com 34%, apoiado pelo presidente Alvaro Uribe e o matemático e filosofo, o filho de imigrantes lituanos, do Partido Verde, Aurelijus Rutenis Antanas Mockus Šivickas, 52 anos, ex-prefeito de Bogotá por dois mandatos, de 1995 a 1997 e de 2001 a 2004,com 32%. A pesquisa tem uma margem de erro de 2,8%.
Foto: Revista Semana
ELEIÇÕES COLOMBIA - Segundo turno Mockus 45% e Santos 44%
Mas a emoção não acaba aí, com um inevitável segundo turno, já no dia 20 de junho, em termos de pesquisa, continua o empate técnico, mas, com Antanas Mockus encabeçando com 45% e Juan Manuel Santos com 44%.
O problema de Santos, porém, é a rejeição. Observada as últimas pesquisas, 30% dos eleitores, dizem que de forma alguma votariam nele, enquanto apenas 19% têm o mesmo sentimento em relação à Mokus.
Há alguns meses atrás, antes de começar a corrida presidencial, propriamente dita, ninguém duvidava que o Manuel Santos, fosse o candidato vitorioso, por ser herdeiro político de Alvaro Uribe e pela sua atuação como Ministro da Defesa, responsável pelo enfraquecimento da guerrilha (FARC).
Foto: Getty Images
ULTIMOS DETALHES - Policial inspeciona seção eleitoral, na organização do pleito de amanhã, em Medelllin, departamento de Antioquia, Colômbia
Entre os nove aspirantes à presidência, só Santos e Mockus conseguiriam mais de 30% dos votos cada um; os demais, individualmente, não obteriam 6% das intenções.
Como ministro da Defesa, Santos tem, entre seus feitos, vários golpes contundentes às Farc, como a "Operación Jaque", Operação Xeque-Mate, durante a qual, em 2008, foram resgatados 15 dos reféns mais valiosos da guerrilha, entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e três americanos.
"Escolhemos a firmeza em vez da ambiguidade. Os colombianos sabem que comigo poderão dormir tranquilos", repetiu Santos insistentemente, ao "defender o legado de Uribe, o melhor presidente que a Colômbia já teve".
No entanto, apesar dessa firmeza, vem sendo atacado por denúncias sobre violações aos direitos humanos, em particular pelo escândalo dos chamados "falsos positivos" - as execuções extrajudiciais de civis apresentados como guerrilheiros abatidos em combate por militares, que buscavam obter recompensas.
Foto: Associated Press
O EXCENTRICO BOCKUS - Antanas Mockus, então prefeito de Bogotá, e sua mulher, Adriana Cordova, montados em elefante após casamento no circo (27/01/1996)
Mockus, um professor universitário, matemático e filósofo, gênio precoce (teria aprendido a ler aos dois anos), célebre pelas excentricidades, como ter abaixado as calças diante de um grupo de estudantes, quando reitor, e de ter casado num circo e a saído do local com a esposa sobre um elefante, tem um discurso de defesa da legalidade, recusando-se com firmeza a negociar com as FARC.
A ascensão de Mockus nas pesquisas foi vertiginosa nos dois últimos meses, durante os quais passou de menos 10% a mais de 30% para o primeiro turno.
Prega o valor da educação, as promoções pelo mérito e defende a transparência, o respeito aos direitos humanos e a legalidade. Apesar de ser do Partido Verde, o qual faz parte há apenas um ano, sua agenda não inclui efetivamente prioridades ecológicas.
"A vida é sagrada", diz Mockus, dirigindo-se a um país de 46 milhões de habitantes, principal produtor mundial de cocaína, e no qual 17.000 pessoas foram assassinadas em 2009.
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DESCONTRAÍDO - Tentando suavizar a imagem de sisudo e formal, cercado por guarda-costas, candidato presidencial da Colômbia Juan Manuel Santos, do Partido de La U, tira camiseta em comício em Aracataca, norte da Colômbia
Santos apresenta-se como o candidato da continuidade, especialmente em relação à segurança e à economia - quer atrair investimentos estrangeiros.
Promete, também, que se concentrará na criação de pelo menos 2,5 milhões de empregos,área tão pouco cuidada pelo seu padrinho.
Seus opositores dizem que ele também é herdeiro de um governo Uribe, com altos índices de corrupção e desempenho pífio no que se refere aos indicadores sociais: taxa de desemprego 13% e de pobreza, 46%, um dos piores da América do sul.
O jornalista Gerardo Quintero Tello, do "El País" da Colômbia, falou ao blog de Mirian Leitão, dizendo que “Santos representa a elite de Bogotá e tem pouco contato nas áreas não urbanas” enquanto o Antanas Mockus, representa a mudança e o combate à corrupção, que "consome 4 bilhões de pesos por ano. Para muitos colombianos, é visto como alguém que pode começar uma transformação nos costumes políticos do país, uma esperança".
Foto: Associated Press
VERDE CLARO - Apesar de pertencer ao partido Verde, o programa de Mockus não está baseado no desenvolvimento sustentável ou em bandeiras tradicionais dos partidos que defendem causas ambientais
Não será surpresa para ninguém, porém, se houver alteração substancias nesses resultados previstos, já que as pesquisas colombianas acontecem apenas nas áreas urbanas, mesmo quando os indicadores são buscados no interior do país, dispensando uma razoável e decisiva parcela da população que vive realmente no campo.
Imagina-se, por palpite, que essas populações não pesquisadas, são na maioria eleitores de Santos, pelo sentimento de melhor segurança que desfrutam agora, que a guerrilha está enfraquecida.
Foto: Associated Press
APOIO RURAL - Correligionário segura poste do candidato presidencial da Colômbia Juan Manuel Santos, do Partido de La U, em Fundación, zona rural, norte da Colômbia
Mas eles costumam encabeçar os altos índices de abstenção, por vários motivos, mas principalmente pelos riscos de votar na Colômbia rural, onde a guerrilha da FARC sempre é capaz de marcar presença com algum ato terrorista.
Portanto essa votação rural vai depender também da atuação da guerrilha. A FARC tem pregado que a que a população deve abster-se de votar, por não considerar nenhum candidato dentro dos seus modelos. Como para, os guerrilheiros, Santos é um inimigo sem perdão. Pode acontecer que imaginando, como muitos, que a população rural, não pesquisada, vá votar no candidato de Uribe, a guerrilha aterrorize essas populações para evitar sua participação no pleito.
Amanhã, domingo, 30, logo após o fechamento das urnas saberemos se as pesquisas combinam com a realidade. Nós do “thepassiranews” vamos acompanhar o pleito colombiano.
Foto: Getty Images
EFEITO GUERRILHA - Cerimonia em homenagem aos nove fuzileiros navais mortos, durante um ataque da FARC numa zona rural do departamento de Caquetá, ao sul da Colombia, no último domingo, 23. Os militares investigavam informações sobre explosivos e armas ocultos pelas Farc, "para a utilização em atentados terroristas durante as eleições presidenciais desse domingo |
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