22 de mai. de 2010

Mais um operário morre no navio inaugurado por Lula

PERNAMBUCO
Mais um operário morre no navio inaugurado por Lula
Nesta sexta-feira morreu um dos operários do Estaleiro Atlântico Sul, que trabalhava na construção do navio que o presidente inaugurou há 15 dias. Essa é a segunda morte, na construção do petroleiro João Cândido. As notícias é que o estaleiro trata a massa operária, como eram tratados os escravos nas construções das pirâmides

Foto: Wilson Firmo/Tribuna Popular

PAC DA MORTE - O governo não se preocupa com a segurança dos trabalhadores. Inaugurou o navio que ainda estava por acabar. As obras ficaram mais aceleradas para esconder a mentira, correndo riscos de mais acidentes

Toinho de Passira
Fontes: pe360graus, Blog do Jamildo, Nota do Estaleiro Atlântico Sul, Tribuna Popular

O operário Jaelson Ribeiro de Souza, de 47 anos, que trabalhava no projeto desde 14 de julho 2008, como montador do estaleiro Atlântico Sul, em Suape. , morreu ao cair de uma altura de 15 metros, numa fenda no piso da embarcação.

A queda ocorreu quando o trabalhador se encontrava na gaiuta (base da chaminé) do recém batizado navio João Cândido. O operário chegou a receber os primeiros socorros, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.

No primeiro acidente fatal no Estaleiro, em julho de 2009, um chapa metálica de mais de uma tonelada caiu por cima do ajudante industrial Lielson Ernesto da Silva.

Segundo o sindicato, até hoje o laudo pericial, do estaleiro, não foi encaminhado ao Ministério do Trabalho, nem a empresa foi exigida pelo órgão federal, que tem por obrigação proteger o trabalhador.

Foto: Wilson Firmo/Tribuna Popular

Os operários do estaleiro prestam homenagem ao companheiro Lielson, no velório. Após um ano do acidente, não existe laudo pericial, nem ninguém foi responsabilizado

A época funcionários do estaleiro, que trabalhavam com o jovem acidentado, disseram ao Jornal Tribuna Popular, do Cabo, “que apesar dos vários equipamentos de segurança existentes no galpão do Estaleiro, os “chefes fazem pressão para nós acelerarmos a produção e com isso a gente fica muito vulnerável aos acidentes”.

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Enoque Amâncio Ferreira Neto, assegurou que a morte de Lielson foi resultado de uma série de negligências do Estaleiro. Agora se repetem a encenação, Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego estiveram no Estaleiro Atlântico Sul na tarde desta sexta-feira (21) e interditaram a área do acidente até que a empresa corrija as falhas de segurança.

Mas apenas o local da obra onde ocorreu o acidente ficou interditado, a construção do navio, nos outros setores vai prosseguir, como se fosse à construção de uma pirâmide, tocada por um bando de escravos, cuja vida não tem o menos valor, o importante é que o navio de Lula não pode parar.

Na foto do álbum da família, Jaelson Ribeiro, o operário morto, que já foi presidente de associação de moradores e iria assumir a tarefa de prebístero na Igreja Remanescente
O acidente aconteceu no espaço interno do navio, por onde passará a casa de máquinas. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, não havia local para Jaelson prender o cinto de segurança, pois o andaime sequer havia sido montado e nessas condições ele trabalhou, até despencar.

Observem-se as condições precárias de trabalho desses operários. A cada acidente o Ministério do Trabalho, finge que toma providencias, diz que vai fazer investigações rigorosas e a matança continua.

As mortes são apenas a face mais cruel da história desse navio, que leva no seu bojo, o sangue, as fraturas, os machucados e a estafa dos operários, submetidos a condições subumanas.

Pode-se ver também até onde estava pronto o navio que Lula inaugurou no dia 07, na presença da sua candidata: “o operário morreu quando caiu num espaço onde será a casa de máquinas”. Que navio pronto é esse que não tem casa das máquinas?

O trabalho é ininterrupto, 24 horas por dia, sem domingos e feriados, foi o que disse o próprio presidente do estaleiro, Angelo Bellelis , quando da “inauguração” do navio, por Lula, chamando por diversas vezes os funcionários do estaleiro de “arretados".

Os arretados estão morrendo com as obrigações de produtividades esticadas e sem a segurança devida, para o presidente e os donos do negócio, o importante são os milhões de lucro e o prestígio político para obter novas encomendas.

Photoshop Toinho de Passira

PAC DA MORTE 2 - O navio de Lula serve de túmulo a dois operários do Atlântico Sul

O presidente Lula, ex-operário e vitima de acidente de trabalho, deveria ter uma política severa para o setor, mas desde que se bandeou para os lados dos patrões, os operários só servem para sair em fotografias ao seu lado como coadjuvantes descartáveis.

Talvez o afã de colocar no mar navio que já devia estar pronto, esteja gerando esses acidentes. Cabe-nos perguntar: quantos operários precisarão morrer e se ferir até que se entregue o navio que Lula já inaugurou, batizou e deu como pronto?


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