IRÃ TV Iraniana confirma que Sakineh não foi libertada
O canal de televisão estatal iraniano Press TV informou que a iraniana Sakineh, não foi libertada, como anunciou o Comitê internacional antiapdrejamento, com sede em Berlim. As imagens dela divulgadas ontem, mostram cenas de um programa onde o crime supostamente cometido por ela, o assassinato do marido, foi reconstituído. Mina Ahadi, líder do comitê alemão disse que o regime iraniano “brinca com a opinião pública internacional”
Foto: Reuters
As imagens fornecidas pela Press-TV do Irã, sugeriam que Sakineh Mohammadi-Ashtiani, estivesse em liberdade
Postado por Toinho de Passira Fontes: Estadão , AL Jazeera, Diario Digital, Portal Terra, Diário de Notícias, Press TV, The New York Times, Itamarati
A iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, 43 anos, condenada à morte por apedrejamento, não foi libertada "contrariando uma grande campanha de propaganda dos meios de comunicação social ocidentais", reportou hoje, o site da televisão iraniana Press-TV.
O Comitê internacional antiapdrejamento, com sede em Berlim, anunciou na quinta-feira à noite a libertação da iraniana, cujo caso revelado em Julho provocou protestos e intensa mobilização política, principalmente nos países ocidentais.
Foto: Press TV/Reuters
Nessa surpreendente imagem, Sakineh conversa tranquilamente com o seu filho Sajjed Ghaderzadeh
Na nota, a produção da Press-TV, diz que "Mohammadi-Ashtiani, homicida confessa, não foi libertada", a verdade é que as fotos, que motivaram toda a especulação foram tiradas quando "uma equipe de produção da Press-TV acompanhou Ashtiani a sua casa, com autorização judicial, para uma reconstituição do homicidio, supostamente praticado com a sua participação, na cena do crime".
A falsa notícia da libertação surgiu no final do dia, de ontem, através de um porta-voz do Comité Anti-Lapidação, com sede na Alemanha, que informou precipitadamente, com base nas imagens de Sakineh, junto com o filho, na sua residencias, fornecidas pela Press-TV e divulgadas pela agências internacionais. A notícia também dava conta que junto com ela haviam sido libertados Sajjed Ghaderzadeh, o seu filho, e o advogado, Javid Houtan Kian, que haviam sido presos, em outubro, quando davam uma entrevista a jornalistas alemães.
Chegou-se a comentar que “coincidência, ou não, “a libertação de Ashtiani” havia acontecido na véspera de mais um aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a 10 de Dezembro de 1948.
Foto: Press TV/Associated Press
Sakineh caminhando sozinha pela rua, como se fora uma pessoa em liberdade
Sakineh Mohammadi Ashtiani foi julgada pela primeira vez em 15 de maio de 2006, por quando admitiu ser culpada do crime de "manter relacionamento ilícito" com dois homens, em ocasiões diferentes, embora o incidente tivesse ocorrido após a morte do seu marido. Por isso ela recebeu uma condenação já cumprida de 99 chibatadas.
Em setembro de 2006 o processo foi novamente aberto quando outro tribunal julgava um dos dois homens envolvidos na morte do marido de Sakineh Mohammadi Ashtiani. Ela foi então condenada por cometer adultério enquanto ainda era casada e sua sentença confirmada como pena de morte por apedrejamento.
Durante uma das apelações ela declarou ao tribunal que não era verdadeira a confissão de adultério, que fizera. Na verdade confessará sob pressão e por só falar fluentemente o turco, não compreendia corretamente o que lhe falavam os seus interrogadores, que falavam no idioma farsi.
Precisa-se esclarecer que a relação sexual nesses casos é presumida. Basta que ela tenha caminhado com o homem, por um local pouco movimentado, recebido-o como visita em casa, sem a presença de um familiar masculino, para se concluir pelo adultério. Mulheres estrupadas já foram condenadas no Irã, por por não ter se precavido, ou ter tido um comportamente considerado insinuante.
O caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani virou comoção internacional, principalmente por causa da brutal pena de apedrejamento, mas os iranianos estão acostumados com esse tipo de execução: segundo o correspondente da BBC em Teerã Jon Leyne pelo menos duas pessoas por ano continuam a ser executadas pelo método no país.
A ONG alemã que divulgou a notícia da libertação comentou, nesta sexta-feira, que tem informações que a iraniana passou três dias em liberdade e voltou para a prisão. Segundo Mina Ahadi, do Comitê Internacional Contra a Pena de Morte e o Apedrejamento, há uma disputa interna no governo iraniano sobre o caso da mulher que fez o país se tornar alvo de pressão internacional.
Mina afirma que há integrantes do regime islâmico que são a favor da libertação de Sakineh, que foi condenada à morte por apedrejamento, mas teve a pena alterada para enforcamento. Segundo a diretora da ONG, do outro lado, entre os que apóiam a execução da iraniana, está o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad.
Captura de Tela
No portal da PressTV o anuncio do programa “Today Iran” de hoje à noite
A situação volta à estaca zero - disse Mina, avaliando que Sakineh pode ser executada nos próximos dias, mas também pode ser libertada. - O regime brinca com a opinião pública internacional.
Hoje à noite, a o Press-TV, exibe o programa “Iran Today”, uma espécie de Globo Repórter iraniano, mostrará a reconstituição do crime e entrevistas com testemunhas e pessoas ligadas aos fatos, segundo informou a TV do Irã.
Apressados, oportunistas e desesperados para aparecerem como protagonistas dos fatos, Lula e o seu assessor especial, o execrável, Marco Aurélio Top Top Garcia, precipitaram em comentar a notícia depois desmentida. Top Top Garcia informou a imprensa, sem ter tido o cuidado de antes consultar diplomaticamente se a notícia era verdadeira, que Lula havia ficado “muito, mas muito satisfeito e emocionado", com a “libertação da iraniana e acrescentou cinicamente que “o Brasil trabalha na libertação de muitas pessoas, além da iraniana.”
Fotos: Press TV/Getty Images e Associated Press . Imagem de Sakineh na sala e na cozinha de sua residencia
Recentemente numa entrevista ao jornal “The Washington Post”, a próxima presidenta, Dilma Rousseff, mostrou que não teria a mesma posição de Lula na votação da resolução sobre direitos humanos proposta na Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro, quando Lula mandou o embaixador brasileiro se abster na votação que condenava prática de amputações, chibatadas e apedrejamentos no Irã.
“Não sou a presidente do Brasil (hoje), mas ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento."
“Não concordo com o modo como o Brasil votou. “Não é a minha posição”, afirmou Dilma, criticando abertamente e com sensatez a praticas dessa penas medievais.
Pelo visto Garcia vai ter que remodelar e afinar o seu discurso, para continuar falando pelo governo, já que foi mantido no cargo por Dilma Rousseff.
Foto:Press TV/Reuters
Talvez o programa “Today Irã” desta noite, vá esclarecer parte do que pode ter acontecido com Sakineh nestes dias, e ajudar a entender essas inigmáticas fotos |
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