10 de dez. de 2010

Liu Xiaobo proibido de receber prêmio Nobel da Paz

NORUEGA - CHINA
Liu Xiaobo proibido de receber prêmio Nobel da Paz
Uma cadeira vazia representou o dissidente chinês condenado há 11 anos, laureado, este ano, como o Premio Nobel da Paz, na cerimônia de entrega, nesta sexta, em Oslo, capital da Noruega. As autoridades chinesas, além de nem ventilarem sua ida, não permitiram também, que nenhum dos seus parentes o representasse. O Comitê do Nobel da Paz, durante a cerimônia pediu que China libertasse o ativista chinês premiado

Foto: Getty Images

A cadeira vazia representava o ativista chinês Liu Xiaobo, vencedor do Nobel da Paz deste ano, durante a entrega da premiação em Oslo, nesta sexta-feira.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, CM Jornal, Portal Terra

A ausência do principal homenageado - ou de algum de seus parentes próximos - marcou a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz, nesta sexta-feira, em Oslo, capital da Noruega, ao dissidente chinês Liu Xiaobo, de 54 anos, que cumpre pena em uma prisão no nordeste da China.

Ausente, involuntariamente, Liu recebeu por diversas vezes aplausos da plateia.

Durante a cerimônia, o presidente do comitê Nobel, Thorbjorn Jagland, fez um apelo para que a China liberte o ativista.

"O comitê Nobel sempre acreditou que existe uma conexão próxima entre direitos humanos e paz", disse Jagland no início da cerimônia. "Lamentamos que o homenageado não esteja presente."

Guardas fazem cordão de isolamento diante da residência onde encontra-se a esposa de Liu, em prisão domiciliar.
Às vésperas da cerimônia de entrega, o governo da China deteve e restringiu liberdades de amigos, aliados e simpatizantes do ativista. A mulher do dissidente, Liu Xia, está em regime de prisão domiciliar.

Nas últimas semanas, a China tem realizado uma ampla campanha contra a concessão do prêmio a Liu. A ONU diz ter relatos de que o governo chinês deteve pelo menos 20 ativistas, além de tentar impedir o trabalho da mídia ocidental.

Também foram noticiados pelo menos 120 casos de prisão domiciliar, restrições a viagens, cortes de acesso a telefone e internet, realocação forçada de pessoas e outros atos tidos como tentativas de intimidação por parte da China.

O repórter da BBC em Pequim Damian Grammaticas, que está em frente à casa de Liu, afirma que guardas uniformizados e à paisana estão fazendo a guarda da residência.

Thorbjorn Jagland disse que, com 1,3 bilhão de habitantes, ou cerca de um quinto da população do planeta, a China "tem em seus ombros o destino da humanidade" e da democracia global.

"Se o país se mostrar capaz de desenvolver uma sociedade civil com direitos plenos, isso será positivo para a sociedade", afirmou o presidente do comitê do Nobel. Se não, ele disse, "as consequências serão negativas para todos nós".

Mais adiante, ele pediu ao governo chinês: "Liu deve ser libertado". Em reação, a plateia aplaudiu mais uma vez, desta vez de pé, o dissidente.

Foto: Reuters

Thorbjorn Jagland, o presidente do comitê coloca o diploma destinado a Liu Xiaobo, sobre a cadeira vazia

Ao fim do discurso, o diploma da premiação foi colocado sobre a cadeira que deveria ter sido ocupada pelo dissidente ou seu representante. Foi a primeira vez desde 1936 que o prêmio Nobel da Paz, no valor de US$ 1,5 milhão, não foi entregue pessoalmente.

Antes da cerimônia, quase um terço dos cerca de 50 países convidados havia dito que não compareceria à entrega do Nobel, entre eles, Rússia, Arábia Saudita e Paquistão. Muitas das ausências são consideradas um resultado da pressão do governo chinês.

A Sérvia, após ter comunicado que não participaria, voltou atrás após pressão da União Europeia (UE) e de grupos políticos internos.

Foto: Reuters

Mais cedo, os Estados Unidos haviam divulgado uma nota na qual o presidente Barack Obama lamentava a ausência de Liu e de sua esposa na cerimônia em Oslo.

"Os Estados Unidos respeitam a cultura e as tradições únicas dos diferentes países. Respeitamos o sucesso extraordinário da China em tirar milhões de pessoas da pobreza e acreditamos que os direitos humanos incluem a dignidade que vem com a liberdade de escolha", diz a nota.

"Mas Liu nos recorda daquela dignidade humana que também depende do avanço da democracia, da sociedade aberta e do Estado de Direito. Os valores que ele representa são universais, a sua luta, pacífica, e ele deve ser libertado o quanto antes."

Por fim, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou a declarar que o ativista chinês Liu Xiaobo merece o Prêmio Nobel da Paz muito mais do que ele, o premiado do ano passado.

Foto: Reuters

A imagem do ativista chines Liu Xiaobo foi projetada na fachada de um hotel no centro de Oslo, após a cerimônia, durante homenagem prestadas por manifestantes pacifistas

Liu foi preso em dezembro de 2009 devido a sua participação no manifesto Carta 08, que pedia mudanças políticas no país.

O manifesto, assinado por 300 acadêmicos, artistas, advogados e ativistas, pedia uma nova Constituição, um poder judiciário independente e liberdade de expressão. Liu cumpre pena de 11 anos, sob a acusação de "subverter o poder".

Antes disto, o Nobel da Paz já havia sido preso por participação nos famosos protestos da Praça da Praz Celestial em Pequim, em 1989, e por criticar em público o sistema político de partido único chinês.

Foto: Getty Images

Em Hong Kong, China, uma vígilia silenciosa, foi utilizada como forma de homenagem Liu Xiaobao e pedir sua libertação


Nenhum comentário: