Os secretos soldadinhos robots de Dunga
COPA 2010 Os secretos soldadinhos robots de Dunga Dunga se isola com a seleção. Não deixa os jornalistas trabalharem, não deixa os jogadores falarem. As emissoras de televisão e os profissionais de imprensa e de outras mídias estão sempre de fora. Prejuízo para todos. Para os patrocinadores que não tem divulgadas as imagens dos atletas, para os meios de comunicação que não tem o que o informar. Para a torcida que não sabe o que está acontecendo. A situação é muito pior que nos tempos da ditadura, dizem experientes jornalistas Ilustração Toinho de Passira Toinho de Passira Foto: Getty Images Na véspera e depois das partidas, cumprindo uma determinação da Fifa, todos passam por uma espécie de corredor polonês em zigue-zague, entre o vestiário e o ônibus, a chamada zona mista, e os que concordarem param diante dos repórteres que se acotovelam. Alguns seguem marchando, como fez o lateral Maicon após a estreia, com a justificativa de que estivera na coletiva anterior. O atacante Robinho "ouve" a primeira indagação sem tirar do ouvido o fone do iPod. Foto: Reuters Ou, ainda na definição do comandante, privadas. "Manda quem pode, obedece quem tem juízo", comentou o goleiro Júlio César (foto) na coletiva de sexta passada.
Jamais ocorreu nada semelhante na história dos canarinhos. "Na Copa de 70, três vezes por semana, dois jornalistas almoçavam com a delegação e falavam com quem queriam", lembra o ex-lateral Carlos Alberto Torres. "É preciso manter essa boa relação, porque o país inteiro está interessado em acompanhar o que acontece com nossa seleção." Em competições passadas, o técnico e os jogadores davam entrevistas diariamente, antes e depois dos treinos. Havia exagero, é claro, com a publicação de uma avalanche de notícias e uma batelada de irrelevâncias, embora nesse período leitores, telespectadores, ouvintes e internautas fiquem curiosos para saber se a dor nas costas de Júlio César poderia impedi-lo de atuar, se o meia Kaká comentou com a mulher sua falta de ritmo de jogo ou se o atacante Luis Fabiano estaria preparando uma nova coreografia para comemorar os gols. Durante a semana passada, foi impossível apurar coisas banais como essas. No período mais duro do regime militar, com a vigência da censura e do AI-5, os ditadores não davam entrevista. Dentro da seleção brasileira, chefiada na Copa de 70 por um brigadeiro e presidida em 1978 por um almirante, chegaram a trabalhar na comissão técnica o capitão Cláudio Coutinho, que seria o treinador "campeão moral" na Argentina, o major Raul Carlesso e mais três militares. "Mesmo assim, em plena ditadura, a liberdade era maior do que hoje", compara o experiente comentarista esportivo Orlando Duarte. "Os jornalistas passeavam pelo hotel da seleção à vontade e entrevistavam quem bem entendiam. Nas catorze Copas que cobri, nunca vi nada parecido com o que acontece agora." Foto: Getty Images *”A Força Expedicionária Brasileira” é título original do texto, assinado por Carlos Maranhão, na VEJA **Acrescentamos título, subtítulo, fotos e legenda |
Um comentário:
Po, já que ninguém comenta por aqui, vou fazer esse favor:
Não é só a Globo. A Veja, obviamente, também meteu sua colher torta. Quem escreveu contra a seleção de Dunga (e do Brasil) foi Carlos Maranhão, que ontem foi fazer queixa ao O Globo dizendo que também teria se sentido ofendido pelo Dunga (na matéria em que a Globo pedia que o técnico da seleção brasileira fosse suspenso, desestabilizando o grupo).
Mas o principal motivo, no fundo, é sempre o mesmo. Tanto que voces nem disfarçam e o elencam em primeiro lugar:
"Prejuízo para todos. Para os patrocinadores que não tem divulgadas as imagens dos atletas, para os meios de comunicação que não tem o que o informar. Para a torcida que não sabe o que está acontecendo..."
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