23 de jun. de 2010

Apodrece e cheira mal o governo de Hugo Chávez

VENEZUELA
Apodrece e cheira mal o governo de Hugo Chávez
"Fedia como 100 cães mortos", disse uma Venezuelana moradora próxima a Puerto Cabello, referia-se a parte das 100 mil toneladas de alimentos importados pelo governo venezuelano que apodreceram em contêineres nos portos do país. O desperdício dessa comida é apenas mais um desastre imposto ao povo da Venezuela pelo estilo de governo bolivariano, uma mistura de autoritarismo, incompetência e corrupção.

Foto: EFE

Há algo de podre na Venezuela, disse o jornal espanhol El Pais, em editorial

Toinho de Passira
Fontes: Radio Vaticano, Portal Angop, Estadão, AFP, 24 Horas News, Venezuela Indymedia, Wall Street Journal, El Universal, Eo Pais

Muita comida, centena de toneladas de alimentos apodrece em portos da Venezuela, enquanto os consumidores enfrentam uma crise de abastecimento e uma inflação recorde no setor. O governo joga a culpa da inflação nos fantasmas de sempre e especuladores interessados em desestabilizar o regime do presidente Hugo Chávez.

Mas os carregamentos abandonados em deterioração foram importados pela PDVAL, uma subsidiária da Petróleos de Venezuela, a estatal convertida num dos principais instrumentos de intervenção na economia do País. O governo na semana passada, admitiu que foram 30 mil toneladas de alimentos estragados em contêineres no Porto Cabello. Mas de acordo com a imprensa, o total passa de 75 mil toneladas, podendo chegar a 100 mil, espalhado por vários portos do país.

Mais de 70% dos alimentos consumidos na Venezuela são importados e que o governo faz muito dessas compras nos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Uruguai e Equador.

Foto: Reuters

O exercito de Chávez invade o mercado enquanto o governo decreta a intervenção

A oposição pede que o Ministério público apure a compra desses produtos que se danificaram, denunciando que muitos deles foram adquiridos com as datas de vencimentos muito próximas, o que faz levantar suspeitas de corrupção ou no mínimo incompetência.

Parte da responsabilidade de toda essa comida estraga e dos prejuízos resultantes, pertence à gestão dos portos, que foram nacionalizadas em 2009 e colocado sob o controle da Companhia Bolivariana de Porto, com capital de 51% e 49% da Venezuela, de Cuba. (isso não poderia acabar bem)

Trabalhadores portuários, com promessa de anonimato, afirmam que Puerto Cabello, o maior porto do país, só funciona na metade da velocidade, desde que foi nacionalizado, principalmente por causa da burocracia. Muitas vezes um produto perecível dura até três meses para deixar as docas.

Mas os atrasos não são casuais: tem muita gente lucrando com eles, pois o governo paga cerca de US $ 150 por dia, pelo aluguel dos contêineres.

O que acabou apodrecendo a comida, porém, é que os contêineres refrigerados, armazenados ao sol das docas, ficavam todos os dias, duas horas, sem energia elétrica devido ao racionamento que era aplicado em todo o país, até duas semanas atrás.

Assim funciona o monstro de duas cabeças, corrupção e incompetência, do governo Chávez, um alimenta o outro enquanto o povo passa fome.

Foto: Reuters

O desabastecimento nos mercados enquanto toneladas de carne apodreciam nos portos

Os produtos não chegam, as prateleiras ficam vazias e a população enfrenta dificuldades cada vez mais sérias para se abastecer, como resultado o custo da alimentação subiu 21%, segundo o Banco Central venezuelano.

A inflação da comida é mais um componente de uma situação muito difícil para a maior parte da população, já afetada pela falta de água, pela escassez de energia elétrica, pelas deficiências do investimento público e por uma situação econômica em deterioração cada vez mais sensível.

Há anos o governo desperdiça o dinheiro do petróleo em ações destinadas a consolidar um regime cada vez mais centralizador e repressivo, em vez de aproveitá-lo para modernizar a economia, diversificar a produção e fortalecer o próprio setor petrolífero.

Foto: El Pais

Filas diante dos centros de abastecimentos do governo em busca de alimentos

Há uma distância enorme entre a tolice retórica a respeito da "soberania alimentar" e a criação de condições favoráveis à produção e ao abastecimento. Em todos os outros setores a intervenção oficial produziu resultados igualmente ruins.

Foto: El Pais

Contêineres em Puerto Cabello exalando mal cheiro como fosse 100 cães mortos

Esse é o padrão Chávez. A cada novo desastre provocado por sua ambição de controlar toda a vida venezuelana, ele reage distribuindo acusações e praticando mais alguma arbitrariedade. Já impôs ao Congresso domínio suficiente para não encontrar oposição séria entre os parlamentares. Domesticou boa parte do Judiciário, mandando prender quem se atreve a assinar uma sentença contrária a seus interesses políticos. Dispõe de milícias para promover arruaças e intimidar quem tenta manter alguma independência de opinião. Inabilita profissionais, especialmente jornalistas e advogados, quando se tornam incômodos.

As condições de abastecimento só não são piores na Venezuela porque ainda há algumas empresas privadas no setor. Mas o número diminui rapidamente. Na semana passada o governo anunciou a imposição de seu controle a mais 18 empresas do setor. O alvo principal de Chávez, agora, é a maior empresa privada do setor de comidas e bebidas, a Polar, já prejudicada pelo confisco de produtos. A desapropriação de mais uma grande empresa será uma nova oportunidade para a expansão da incompetência e da corrupção.

Foto: Associated Press

Movimento de descarga de ajuda humanitária no porto de Barahona, na Republica Dominicana

O escândalo ganhou ares internacionais quando as autoridades portuárias do Governo da República Dominicana, não deixaram um navio venezuelano desembarcar 60 contêineres de conservas de atum, leite e macarrão, no porto de Barahona, por estarem com o prazo expirado. O mais vergonhoso da história é que a carga havia sido doada pelo governo de Chávez como ajuda humanitária para o Haiti. (A maioria doas doações para o Haiti que chegam via marítima, desembarcam na Republica Dominicana, por apresentar melhor operacionalidade e é transportada pela fronteira terrestre ao Haiti.)

Foto: El Universal

A rádio do Vaticano noticiou um comunicado, assinado pelo Arcebispo de Maracaíbo, Dom Ubaldo Ramón Santana Sequera, presidente da Conferência Episcopal da Venezuela (CEV), condenando a negligência e a degradação moral dos organismos encarregado de importações de alimentos e distribuição.

"O desperdício de comida é um pecado que clama aos céus" – afirmam os prelados. Os alimentos poderiam matar a fome de 500 mil famílias pobres, mas agora não podem ser mais ingeridos porque perderam a validade.


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