18 de jun. de 2010

ESTADOS UNIDOS: Em Utah, Prisioneiro foi executado por fuzilamento

ESTADOS UNIDOS
Em Utah, Prisioneiro foi executado por fuzilamento
O prisioneiro Ronnie Lee Gardner, condenado por assassinato no Estado americano de Utah, escolheu ser executado por um pelotão de fuzilamento, que o alvejou mortalmente, nesta sexta-feira, dentro do presídio estadual

Foto: Francisco Kjolseth/Pool Photo

Ronnie Lee Gardner, com seus advogados numa das últimas audiências de apelação

Toinho de Passira
Fontes: Desert News, The New York Times, Portal Terra, CS Monitor, BBC Brasil, Estadão, Euronews

ÚLTIMA REFEIÇÃO:
Bife, lagosta, torta de maçã, sorvete de baunilha e o refrigerante 7UP foi a última refeição escolhida pelo prisioneiro Gardner

Foi executado em Utah, nos Estados Unidos, nesta madrugada, 00:20, horário local, Ronnie Lee Gardner, 49 anos,(foto) mediante os disparos de um pelotão de fuzilamento, método escolhido pelo próprio preso, condenado por matar o advogado Michael Burdell, em 1985, quando tentou escapar durante uma audiência judicial na qual era acusado de roubo e homicídio.

A execução de Gardner ficou definida na noite desta quinta quando a Corte Suprema negou uma moção apresentada pelos advogados do condenado para reconsideração do caso. Pouco antes, um tribunal de apelações de Denver (no estado do Colorado) tinha negado o adiamento do castigo em decisão apoiada pelo governador do estado de Utah, Gary Herbert.

Dos 35 Estados americanos que possuem a pena de morte, Utah é o único que oferece o fuzilamento como opção, para os que foram condenados antes de 2004.

Gardner elegeu este método porque acredita que é "mais humano", segundo seu advogado, Andrew Parnes, mas o último executado por disparos, John Albert Taylor, decidiu morrer desta forma para envergonhar as autoridades.

Antes de escutar os disparos, o preso pronunciou suas últimas palavras, ouvidas por cinco testemunhas, até cinco familiares das vítimas de seus crimes, dirigentes oficiais e nove jornalistas. Quatro redes televisivas de Utah transmitiram ao vivo a execução, mas longe da sala onde aconteciam os disparos.

Foto: Associated Press

A cadeira usada no fuzilamento, fotografada após a execução

O preso ficou sentado e amarrado em uma cadeira com um capuz e com uma marca no peito que serviu como um alvo para as cinco pessoas anônimas, voluntários das forças armadas locais, identificadas como "agentes pacifistas", que apertaram o gatilho.

Os atiradores, não foram visto pelo condenado, estavam atrás de uma tela com fendas aberta para o cano das suas armas. Eles também teriam treinado tiro juntos para que seja ouvido apenas um único barulho de disparo, em uníssono.

No entanto, nenhum dos cinco vai saber com certeza qual foi a arma que matou Gardner. Uma das armas será carregada com uma bala sem carga, provavelmente uma bala de cera, que daria o mesmo efeito que uma bala verdadeira, para o atirador.

Foto: Associated Press

Foi divulgada a foto das marcas dos disparos mortais que atingiram Gardner

O Governo emitiu permissões para dois protestos de grupos opositores à pena de morte, no Congresso do estado e perto da prisão, e houve orações por sua morte na catedral da capital do estado, Salt Lake City.

Foto: Associated Press

Presidio Estadual de Utah, onde Gardner passou metade da vida, 25 anos e onde foi executado, nesta madrugada

Outros quatro presos dos dez que estão sentenciados à pena de morte neste estado também escolheram o fuzilamento para sua execução.

Foto: Associated Press

Orações pelo prisioneiro executado na catedral de Salt Lake City

O advogado Michael Burdell, a última vítima de Gardner
O caso da execução de Gardner atraiu muita atenção nacional e internacional, pois o método tem sido criticado. Muitos alegam que o pelotão de fuzilamento é uma herança dos tempos do Velho Oeste e deveria ser abolido.

De acordo com o Centro de Informações sobre Pena de Morte, a Suprema Corte dos Estados Unidos deu a Utah a permissão para o uso do pelotão de fuzilamento como método de execução em 1879.

"Este é, claramente, um regresso a um tempo mais antigo e as pessoas perguntam como nós ainda fazemos isto?", disse recentemente Richard Dieter, diretor-executivo do centro, ao canal americano CBS.

Mas, Gary DeLand, diretor-executivo da agência penitenciária de Utah entre 1985 e 1992, afirma que não sabe porquê a execução por pelotão de fuzilamento gera tanto interesse. "Uma execução é uma execução", disse. "Acho que é apenas curiosidade mórbida."

Familiares e amigos de Michael Burdell, o advogado morto por Gardner dentro de um tribunal, teriam dito que a execução simplesmente seria uma vitória da violência que o advogado tentava combater.

Foto: Associated Press

Familiares e amigos de Ronnie Lee Gardner e ativistas contrários a execução reunidos do lado de fora da prisão. Quando souberam que a execução havia ocorrido soltaram simbolicamente os balões

Historiadores, por outro lado, afirmam que o método de execução tem origem em uma doutrina do século 19, da religião mórmon, predominante no Estado americano de Utah. Atualmente a igreja não tem opinião sobre assunto.

Foto: Deseret News Arquivos

Na foto Gardner sendo preso, em 1985, sujo com o sangue da vítima, após ter assassinado um advogado, numa tentativa de fuga de um tribunal onde seria julgado por outro homicídio.


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