24 de jun. de 2010

ESTADOS UNIDOS: Morre a enfermeira do beijo no Times Square

ESTADOS UNIDOS
Morre a enfermeira do beijo no Times Square
Edith Shain, a enfermeira reconhecida por ter protagonizado a cena de beijo mais famosa do século passado, no dia em que se comemorava o fim da segunda guerra mundial, em Nova Iorque, faleceu domingo passado, mas só divulgado nesta quinta-feira, em sua casa em Los Angeles

Foto: Alfred Eisenstaedt/Revista LIFE

Esta é uma das fotos mais célebres do mundo. Clicada pelo lendário fotojornalista Alfred Eisenstaedt em 15 de Agosto de 1945, no dia em que se comemorava a vitória dos Aliados na II Guerra Mundial, publicada pela revista LIFE

Toinho de Passira
Fontes: Cityroom , Estadão , Veja, LIFE, Art Scenecal

Era 14 de Agosto de 1945, e o fotógrafo Alfred Eisenstaedt, em meio a uma multidão que celebrava capturou aquele que se tornaria um dos beijos mais famosos do século XX: um marinheiro beijava uma enfermeira, numa cena cinematográfica, em pleno Times Square, em Nova York.

Publicada na revista Life, a imagem correu mundo e tornou-se rapidamente um símbolo da alegria do mundo que voltava a paz, após quatro anos de sangrenta guerra, desde o ataque japonês a Pearl Harbour, em Dezembro de 1941.

A carta de Edith, ao fotografo, revelando-se a mulher da foto
Dizem que ela virou símbolo de uma época, porque representava três importantes eventos: a vitória aliada, o regresso para casa de muitos milhares de soldados e o chamado baby boom – período imediatamente a seguir ao fim da II Grande Guerra Mundial durante o qual se verificou um crescimento exponencial da taxa de natalidade.

Alfred Eisenstaedt, o fotografo sempre foi um perfeccionista e metódico, mas na balburdia daquele dia, esqueceu de anotar os nomes dos dois personagens que estrelavam a foto. A curiosidade foi crescendo e 35 anos depois do acontecimento iniciou-se uma verdadeira caçada a identidade do casal. Quem era o marinheiro, quem era a enfermeira?

Em 1980 Alfred Eisenstaedt recebeu uma carta na revista Life, da enfermeira Edith Shain, então com 62 anos:

"Sou eu. Nunca o assumi publicamente porque podia colocar-me numa posição pouco digna. Mas agora os tempos mudaram" – escreveu Edith.

Curioso e emocionado, Eisenstaedt voou para Beverly Hills ao encontro dela. Edith estava já com 62 anos, era avó, professora num Jardim Infantil e ainda exercendo o ofício de enfermeira.

Foto: Revista LIFE

CRIATURA E CRIADOR - Edith Shain, a enfermeira retratada no famoso beijo na Times Square (Nova York) publicada pela revista Life, que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial, morreu no domingo, aos 91 anos, em sua casa em Los Angeles. Deixou três filhos, seis netos e oito bisnetos. Nas fotos Edith com parte da família, em 1980, e o autor da foto o fotografo Alfred Eisenstaedt.

A própria Edith desvalorizava a importância da foto para a sua vida: «O Sol nasce, o Sol põe-se. Não muda nada. Nem foi grande coisa» – disse ela ao fotógrafo. «Afinal meninas bonitas recebem sempre mais do que um único beijo, não é?» Aquele, o da foto, descreveu-o como «um bom beijo, longo. Fechei os olhos e não resisti. Às vezes penso que se não estivesse acompanhada com uma amiga talvez tivesse ficado ali». Mas naquele dia, depois do beijo cada um foi para o seu lado.

A revista Life publicou a história da descoberta de Edith juntamente com um pedido para que o marinheiro se identificasse. A resposta foi imediata: onze homens reclamaram serem eles os beijoqueiros da foto – e, surpresa, duas mulheres asseguraram terem sido elas as beijadas Greta Friedman e Barbara Sokol. Muitas enfermeiras haviam sido beijadas por marinheiros no Time Square naquele dia. Mas entre todas as histórias, a imagem e o perfil de Edith sempre foi o mais convincente.

Edith Shain, a enfermeira, exibe a famosa foto, numa das suas últimas aparições públicas
O mistério entre os homens, porém, continua, não se chegou a uma opinião definitiva até hoje. Dos onze americanos que se autoproclamaram autores do beijo, três disputam com mais evidencias o troféu, embora nenhum tenha sido aceitado pela revista LIFE.

Existe o reconhecido cientificamente, George Mendonsa, que teve a “aprovação” do Naval War College, a partir de uma análise das suas tatuagens, cicatrizes e testes biométricos na Mitsubishi Electric Research Laboratorie. Mas há quem diga que os exames não são conclusivos

O reconhecido sentimentalmente, pela própria Edith Shain, que acredita ter reconhecido como o marinheiro - Carl S. Muscarello.

Por fim, o reconhecido pela polícia: um cidadão chamado Glenn McDuffie é tido como o marinheiro por uma famosa especialista em identificação criminal, Lois Gibson, da Polícia de Houston.

Mas o mistério parece fadado a persistir para sempre.

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