10 de out. de 2013

Finalmente o governo vai interferir em beneficio da brasileira, Ana Paula, do Greenpeace, presa na Rússia

BRASIL – RÚSSIA
Finalmente o governo vai interferir em beneficio da brasileira, Ana Paula, do Greenpeace, presa na Rússia
A Justiça russa indiciou formalmente os 30 ativistas do Greenpeace, de 19 países, inclusive a brasileira, presos pela guarda costeira russa, após tentarem invadir simbolicamente escalar uma plataforma de extração de petróleo, da estatal petrolífera russa Gazprom, protestando contra a exploração de petróleo no Círculo Polar Ártico. Só hoje, Dilma determinou ao Itamaraty providências visando proteger os direitos da brasileira.

Foto: Alex Yallop/Greenpeace

Ana Paula a bióloga gaúcha, ativista do Greenpeace que está presa na Rússia, sob a grave e infundada acusação de pirataria

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  BBC Brasil, G1, Zero Hora, Greenpeace, Flickr, Pravda, Izvestia, Pravda, Opera Mundi

O governo brasileiro finalmente se posicionou dizendo que vai tentar ajudar a encontrar uma solução via diplomática junto ao governo da Rússia, para o caso da bióloga gaúcha Ana Paula Maciel, detida junto com um grupo de ativistas do Greenpeace em 24 de setembro e exageradamente acusada de pirataria pelas autoridades russas, crime que pode levar a uma pena de 15 anos de prisão.

A presidenta divulgou no Twitter nesta quinta-feira, que solicitou "ao ministro (de Relações Exteriores Luiz Alberto) Figueiredo contato de alto nível com o governo russo para encontrar solução para Ana Paula" e pediu que o Itamaraty dê "toda a a assistência à brasileira", vinte dias após os fatos terem ocorrido.

brasileira e outros 29 ativistas estão em um centro de detenção na cidade de Murmansk desde que seu barco foi interceptado pelas autoridades russas durante um protesto em uma plataforma petroleira no Ártico.

O Itamaraty informou à BBC Brasil que uma agente consular da embaixada brasileira esteve com Ana Paula na quarta-feira e está acompanhando o agendamento de uma audiência, possivelmente na semana que vem, em que será solicitado que Ana Paula aguarde em liberdade as investigações russas sobre o episódio.

Outros países também têm intercedido pelos ativistas (que são de 18 nacionalidades). A Holanda exigiu a libertação imediata dos prisioneiros e do navio Arctic Sunrise, que é de bandeira holandesa.

A Chancelaria do Reino Unido também discutiu o caso dos seis britânicos detidos com o embaixador russo no país.

Foto: EPA

o Arctic Sunrise retido no porto de Murmansk, a disposição da justiça russa.

DROGAS NO NAVIO

Na quarta-feira, investigadores russos alegaram terem encontrado "drogas" - aparentemente, palha de papoula e morfina - no navio do Greenpeace.

Em comunicado, a ONG disse que a acusação é uma "calúnia e uma invenção".

"Só podemos deduzir que as autoridades russas estão se referindo aos suprimentos médicos que nossos navios são obrigados a levar, sob a lei marítima", disse a ONG.

"Há uma rígida norma contra (a posse) de drogas recreacionais em navios do Greenpeace, e deve ser vista com grande desconfiança qualquer acusação de que foram encontrados suprimentos que não sejam médicos", prossegue o comunicado.

Também na quarta-feira, a ONG informou que a mãe de Ana Paula, Rosângela Maciel, enviou uma carta para Dilma pedindo que a presidente peça a libertação de sua filha ao presidente russo, Vladimir Putin.


Ana Paula enjaulada no tribunal russo
QUÉM É ANA PAULA?

Ana Paula Alminhana Maciel, 31 anos, bióloga, gaúcha é ativista do Greenpeace desde 2006.

Formada em Biologia pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, Rio Grande do Sul, Ana Paula se juntou ao Greenpeace como voluntária em para fazer uma espécie de estágio no navio “Arctic Sunrise ”.

Mal sabia que esta se tornaria sua segunda casa. No fim do estágio, foi convidada para fazer parte da tripulação fixa do navio no que aceitou emocionada.

Na sua primeira ação, em maio de 2006, ficou detida por algumas horas em uma tensa manifestação em Santarém, no Pará, contra o desmatamento provocado pela indústria de soja.

Um mês depois, foi presa e deportada na ilha de São Cristóvão e Névis, no Caribe, onde participava de um protesto contra a caça comercial de baleias.

A cada três meses, Ana Paula embarca em um navio, atua como ativista e marinheira e volta para descansar por mais três meses, esquema no qual trabalha até hoje. Pelos colegas, Ana Paula é descrita como uma pessoa mito comunicativa.

Onze dias depois de ter sido presa pela Marinha russa, a bióloga foi ouvida, pelo tribunal da cidade de Murmansk, no noroeste da Rússia, e ficou determinado que terá de ficar, inicialmente, pelo menos dois meses em prisão preventiva, enquanto o processo prossegue.

Mantida em uma pequena jaula, tradicionais em tribunais russos, diante do juiz, Ana Paula sorriu por instantes e exibiu uma anotação em inglês: "Save the Arctic" (Salve o Ártico).

Fotos: Denis Sinyakov/Greenpeace



Manobras dos ativistas do Greenpeace para escalar a plataforma russa em pleno Ártico

PROTESTO

A tripulação, de 30 pessoas de 19 países, que está presa na Rússia, sob acusação de pirataria, operavam o navio quebra-gelo Arctic Sunrise do Greepeace, que foi até o Ártico, no Mar Pechora, sul de Nova Zembla, Rússia, para realizar um ato de protesto pacifico, para chamar a atenção dos riscos ambientais da extração de petróleo no Ártico.

Dois alpinistas da equipe do Greepeace tentaram escalar a plataforma Prirazlomnaya, da gigante estatal russa Gazprom, a primeira existente no mundo, desenvolvida para operar a extração de petróleo em águas profundas no Ártico.

O jornal russo Pravda, diz que o além das prisões dos ativistas, a justiça russa pretende confiscar o navio do Greenpeace o Arctic Sunrise , apreendido quando do protesto na plataforma de petróleo e escoltado para o porto de Murmansk, onde se encontra fundeado, a disposição da justiça russa.

Foto: Denis Sinyakov/Greenpeace

Comandos da guarda costeira russa, no momento da abordagem aos ativistas no Greepeace

Se para os ativistas tudo não passou de um protesto pacifico e até rotineiro, para a guarda costeira russa, diante da tentativa de invasão a plataforma Prirazlomnaya, o incidente foi tratado militarmente como um ato criminoso internacional.

Em poucos minutos os ativistas viram-se cercados com barcos infláveis conduzindo militares fortemente armados e prontos para abrirem fogo, enquanto o navio do Greenpeace era ocupado por outro comando anfíbio, que desembarcou no convés do barco, descendo de helicópteros através de escadas de cordas, como nos filmes de ação.

Seguramente não houve violência, porque os integrantes do Greenpeace, treinados para saber se comportar de forma inequívoca nestas circunstancia, demonstraram fartamente que não pretendiam esboçar qualquer reação de resistência, submetendo-se obediente e pacificamente as ordens dos militares.

O Greenpeace diz haver farta evidência científica que qualquer derramamento de óleo, acidental, a partir de Prirazlomnaya, no mar Pechora, afetaria mais de 3.000 milhas (4,800 km) da costa norte da Rússia.

Para a Rússia, cuja desaceleração da economia está fortemente dependente das receitas de exportação de energia, apostas todas as fichas na esperanças de que o óleo e gás do Ártico ajudem decisivamente no crescimento econômico, os ativistas do Greenpeace, que tentam impedir ou dificultar as atividades das plataformas, são vistos como perigosos inimigos.

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