23 de out. de 2013

Morreu ARLINDO DOS OITO BAIXOS, instrumentista genial reconhecido como Patrimônio de Pernambuco

BRASIL – Pernambuco - Luto
Morreu ARLINDO DOS OITO BAIXOS, instrumentista
genial reconhecido como Patrimônio de Pernambuco
Arlindo dos Oito Baixos, começou a tocar sanfona ainda na infância, como passatempo, em Sirinhaém, na Zona da Mata. Luiz Gonzaga abriu-lhe as portas para o sucesso, como parceiro e companheiro de shows. Por essas horas, está no céu dos sanfoneiros, recepcionado por Sivuca, Dominguinhos e pelo Rei do Baião. Hoje o forró no paraíso não tem hora para acabar

Foto: Divulgação

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco, G1

O sanfoneiro Arlindo dos Oito Baixos, 72 anos, faleceu no início da tarde desta quarta-feira (23), no Instituto de Medicina Integral de Prof. Fernando Figueira (Imip). Um dos detentores do título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, o músico tinha diabetes e já havia amputado as duas pernas em decorrência de problemas circulatório. Seu coração funcionava com apenas 30% da capacidade e fazia sessões periódicas de hemodiálise.

Segundo a direção do hospital, às 12h30 desta quarta, Arlindo iniciava uma sessão de hemodiálise, quando veio a óbito. Ele realizava três sessões por semana. O músico era acompanhado pelo IMIP há cerca de cinco anos, quando deu início ao tratamento renal. "Diabético, ele já havia apresentado outras complicações, também decorrentes da doença, como problemas da visão e cardiovasculares", dizia o comunicado oficial do Instituto.

De acordo com o produtor cultural Anselmo Alves, mesmo muito debilitado, Arlindo dos Oito Baixos ainda empunhava sua sanfona de oito baixos. Anselmo é autor do documentário Arlindo dos 8 Baixos: o mestre do Beberibe. Para realizá-lo, ele chegou a gravar 120 horas de gravação com Arlindo, que antes de se dedicar à música profissionalmente foi barbeiro e vendedor de feira.

SANFONEIRO AOS DEZ ANOS

Arlindo Ramos Pereira nasceu em 16 de abril de 1942, no povoado de Santo Amaro, município de Sirinhaém, na Mata Sul de Pernambuco. Quando criança, trabalhava em um engenho de cana-de-açúcar da região, mas já arriscava os primeiros acordes na sanfona. O primeiro contato com a de oito baixos foi aos 10 anos, através do instrumento que pertencia ao pai. De início, Arlindo não era autorizado a tocar na sanfona, contudo, tomou tanto gosto pela música que acabou ganhando uma de presente.

Ele deixou a roça de lado quando aprendeu a cortar cabelo e, convidado por um tio, veio morar em Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Entre um corte de cabelo e outro, costumava tocar a sanfona para treinar, o que atraía a atenção de clientes e transeuntes. O repertório era variado, do forró ao chorinho, passando por ritmos latinos como tango e cumbia.

O músico, então, começou a tocar em pequenas festas até que, aos 23 anos, já morando no bairro do Fundão, no Recife, passou a ter mais contato com outros artistas e radialistas.


Arlindo num show em homenagem a Gonzagão

LUIZ GONZAGA

Foi quando surgiu o convite para entrar na banda Coruja e seus Tangarás, grupo que o fez viajar pelo Brasil e o deu a oportunidade de abrir uma apresentação de Luiz Gonzaga, em um show no Parque de Exposição do Cordeiro.

Arlindo, que também afinava sanfonas, lembrou de quando conheceu o Rei do Baião: “No dia seguinte [ao show], ele apareceu na minha casa. Eu nem acreditei quando o vi. Afinei o instrumento e não quis cobrar, mas ele queria me ajudar e deu para minha mulher, no valor de hoje, cerca de R$ 1 mil, dinheiro que eu não ganharia em um mês."

A amizade só cresceu desde então e Arlindo tocou com Luiz Gonzaga por 22 anos.

"Ele que me fez voltar aos oito baixos. Disse que já tinha sanfoneiro demais, mas ninguém tocava oito baixos. Gravei e na hora de assinar os créditos ele pediu pra trocar Arlindo do Acordeom por Arlindo dos 8 Baixos", lembrou, em entrevista ao Diario de Pernambuco, no ano passado.

Ao mesmo tempo, ele construía uma carreira solo que se consolidou e ficou ainda mais conhecida quando abriu o Forró do Arlindo, hoje Espaço Cultural Arlindo dos Oito Baixos, em Dois Unidos. O que começou como uma brincadeira de fundo de quintal da casa do sanfoneiro tornou-se numa referência de forró para todo o Nordeste.

No DVD, que registra um show na Feneart, no Centro de Convenções, há três anos, Arlindo não se limita a rever a carreira. Faz uma retrospectiva do próprio forró sanfonado. Incursiona pelos mais diversos ritmos empregados no forró instrumental: xaxado (Xaxadinho das Alagoas), arrasta-pé (Isto aqui tá bom demais), baião (Sol com a mão), frevos (Vassourinha) e chorinho (Saxofone porque choras).


Momentos do DVD Arlindo dos 8 baixos Ao Vivo



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