Drama de Eike Batista continua: a OGX vai pedir recuperação judicial nesta quarta-feira
BRASIL - Economia Drama de Eike Batista continua: a OGX vai pedir recuperação judicial nesta quarta-feira Decisão ocorre um mês após a companhia anunciar que não pagaria uma parcela de 45 milhões de dólares aos detentores de títulos vendidos no mercado internacional. Dívida da petroleira é estimada em 4 bilhões de dólares. Um editor da revista 'Bloomberg Businessweek' disse no início do mês, que há grande chances de Eike Batista já estar com o patrimônio negativo". Foto: Fabio Motta/Estadão Postado por Toinho de Passira A OGX deve apresentar à Justiça o pedido de recuperação judicial na quarta-feira. A decisão ocorre um mês após a companhia anunciar que não pagaria uma parcela de 45 milhões de dólares aos detentores de títulos vendidos no mercado internacional. Só a esses credores, a OGX deve 3,6 bilhões de dólares. O total de dívidas da petroleira é estimado em 4 bilhões de dólares. Pelas regras do contrato com os credores, a companhia tinha prazo até 3 de novembro para negociar uma saída. Sem acordo, o caminho seria a recuperação judicial ou, num extremo, a falência. Segunda-feira, a OGX anunciou ao mercado o fracasso das negociações. A principal proposta aos credores previa que eles injetassem mais capital em troca de participação na empresa. Inicialmente, pediram-se 500 milhões de dólares. Depois, o valor baixou para 250 milhões, mas nenhum credor quis correr o risco de perder ainda mais dinheiro. Segundo cálculos internos da OGX, seu principal ativo, o campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, ainda exigirá investimentos de 2 bilhões de dólares até começar a dar lucro. Ontem, enquanto seus advogados delineavam a estratégia para a recuperação judicial na OGX, Eike Batista demonstrava perplexidade com o fracasso das negociações. “Ele ainda não entendeu por que não deu certo. Até agora ainda acredita que a companhia tem solução”, diz um amigo. Mas, segundo interlocutores dos credores, nas últimas semanas, apesar das longas reuniões no Rio de Janeiro e em Nova York, ficou claro que o clima dentro da própria OGX era tão confuso que ficou difícil saber em quem confiar. Os três consultores contratados para trabalhar na reestruturação – Angra Partners, Lazard e Blackstone – não se entendiam e parte deles entrou em atrito com os principais executivos da petrolífera, que acabaram sendo demitidos. O primeiro a sair foi o diretor financeiro e de relações com investidores, Roberto Monteiro, e, mais recentemente, o próprio CEO, Luiz Guimarães Carneiro. O comportamento de Eike também não ajudou. Ao perceber que a saída de Monteiro havia irritado os credores, Eike mandou readmiti-lo, o que deixou uma impressão ainda pior. Em poucos dias, Monteiro foi desligado novamente. A menos que uma solução realmente milagrosa surja de hoje para amanhã, qualquer saída para a OGX passará pela recuperação judicial – a maior já realizada na América Latina. A partir do momento em que o juiz aprovar a medida, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano. Em seguida, haverá uma assembleia de credores para a aprovação desse plano. Começará então uma nova fase para a empresa, igualmente difícil e, ao que tudo indica, bastante longa. No inicio deste mês a edição internacional da revista de negócio americana 'Bloomberg Businessweek' ironizava a crise do empresário Eike Batista comentando na capa da publicação sobre a foto do empresário:"Como perder uma fortuna de US$ 34,5 bilhões em um ano". O texto destaca o luxo e o poder que cercavam o executivo há um ano: "Até aquele momento (abril de 2012), ele havia fundado cinco empresas negociadas publicamente e estava próximo de lançar a sexta. Sua fortuna pessoal é estimada em US$ 34,5 bilhões; a maioria de suas empresas são geridas sob o guarda-chuva de uma companhia com suas iniciais, o grupo EBX. Aos 55 anos, ele é o homem mais rico do Brasil - e o oitavo mais rico do mundo". Ao final de 2010, observadores cuidadosos poderiam ter percebidos alguns sinais estranhos sobre o império Batista, comenta a matéria na revista. Por exemplo, Batista estava vendendo publicamente uma participação no Campos Basin para compradores chineses e outros investidores possíveis, sem ter encontrado interessados - isto em um momento em que o grupo Sinopec, de Pequim, estava disposto a pagar US$ 7,1 bilhões por uma parcela de 40% das operações brasileiras da espanhola Repsol", relata a reportagem. Hoje, a OGX é a empresa mais problemática do grupo EBX. A situação da empresa contrasta com a ostentação de riqueza que sempre marcou o comportamento de Eike Batista, destaca a "Businessweek". A revista lembra que o empresário chegou a posar com um carro de luxo estacionado em sua sala de estar, além de dar festas em seu iate particular. O editor Matthew Miller, afirma que o patrimônio do empresário pode ter evaporado completamente. Segundo Miller, a dinâmica de vender ativos em uma empresa para saldar dívidas de outra, expediente usado por Eike nos últimos meses, pode ter minado todos os seus recursos, ainda que não haja comprovação disso até o momento. Com uma fortuna de cerca de 70 milhões de dólares, o empresário não conseguirá fazer um aporte de 1 bilhão de dólares na OGX nos próximos meses, conforme a empresa exige valendo-se dos termos do acordo de acionistas. "Há grande chances de ele já estar com o patrimônio negativo", diz Miller. A revista lembra que o empresário chegou a posar com um carro de luxo estacionado em sua sala de estar, além de dar festas em seu iate particular. "Sugere-se que o papa Francisco, que planeja voltar ao Brasil em breve, visite novamente os pobres, incluindo Batista", ironizou a revista. |
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