PERNAMBUCO: As memórias do Zeppelin
PERNAMBUCO As memórias do Zeppelin Em maio de 1930 o registro histórico era visual. A chegada do Zeppelin ao Recife, no dia 22, levou multidões às ruas no final da tarde. O povo ocupava as pontes, as torres das igrejas, os tetos das casas, os terraços dos edifícios mais altos.
Foto: Arquivo Jornal do Comércio- Editorial O Ministério da Ciência e Tecnologia liberou, finalmente, uma verba de R$ 25 milhões para a construção do museu de ciências e planetário, além da restauração da antiga torre do Zeppelin, no Parque do Jiquiá. Esse é um projeto antigo que busca preservar, com as características originais, o único campo de pouso de dirigíveis existente no País. Ali, no Jiquiá, foi escrito um capítulo importantíssimo para Pernambuco na história do transporte aéreo de passageiros. O início dessa história está nos idos de abril de 1930, quando se anunciava que estavam acelerados os trabalhos no campo arrendado pelo governo do Estado no Jiquiá, para a amarragem do Graf Zeppelin, na sua viagem de experiência, em maio, à América do Sul. Para fascínio dos pernambucanos, a imprensa da época dizia que o Zeppelin era mais longo que a Ponte Buarque de Macedo. Enquanto isso, a vinda do gigantesco dirigível era usada em produtos como o Veedol Motoroil. Em maio de 1930 o registro histórico era visual. A chegada do Zeppelin ao Recife, no dia 22, levou multidões às ruas no final da tarde. O povo ocupava as pontes, as torres das igrejas, os tetos das casas, os terraços dos edifícios mais altos. Os relatos que ficaram dão um pouco da importância que merece hoje o Parque do Jiquiá: “Já o céu se cobria de estrelas, já se acendiam as luzes da cidade, quando ao norte, sobre Olinda, começou a ver-se, através da bruma indecisa do crepúsculo, um pequenino ponto luminoso, quase imóvel no horizonte. É ele! É ele!” Mesmo hoje, após o hiato de 80 anos, uma aparição dessas causaria emoção talvez não tão intensa, mas seguramente com um entusiasmo próximo do que levou o povo do Recife às ruas, mesmo quando, em sua chegada, só deu tempo de o dirigível fazer algumas evoluções e seguir direto para o campo do Jiquiá. O projeto destinado a trazer de volta ao interesse público esse marco histórico que é o Parque do Jiquiá como o único campo de pouso de dirigíveis no Brasil pode significar o efetivo resgate desse capítulo, trazendo para o Recife mais um ponto de referência para os visitantes.
Também os de casa podem ali ter um encontro com um pouco de nossa história em uma década que marcou a ascensão e queda do Zeppelin. Pois foi em 1937, numa trágica coincidência no mês de maio, que se deu o fim de um sonho que apareceu várias vezes nos céus do Recife, sempre com o mesmo fascínio das multidões: naquele mês, o maior e mais celebrado dos Zeppelins, o Hindenburgo, explodiu em Lakehurst, nos Estados Unidos, interrompendo o voo dos dirigíveis com suas cinzas e uma centena de mortos. Pois nós, em Pernambuco, temos como chamar a atenção para essa década histórica do século passado, trazendo de volta alguns dos seus símbolos mais marcantes e um deles é, certamente, o Parque do Jiquiá. Motivo para o nosso reconhecimento a esse derradeiro gesto de apoio do ministro de Ciência e Tecnologia, o professor Sérgio Rezende, um carioca com tantas raízes aqui plantadas que pode muito bem ser tido como um ministro pernambucano. E não podemos perder de vista que a atenção do ministro – que foi secretário no governo Arraes e é conhecido como um dos mais importantes físicos do Brasil – não se esgota nesse marco histórico que é o Zeppelin: o investimento agora anunciado é também para um museu de ciências e um planetário, ambos instrumentos de ensino e lazer, a que nossa juventude está pouco afeita. É, pois, um grande investimento para o futuro, que deve receber nosso reconhecimento. Entretanto, como se trata de dinheiro público federal, o ministro de Ciência e Tecnologia que assume em janeiro é paulista, e a grande preocupação prevista no futuro governo é de controlar a inflação e reduzir os gastos públicos, vale recorrer aos dirigentes estaduais, a bancada federal e os dois senadores eleitos na base de apoio à presidenta Dilma Rousseff para que se mantenham vigilantes e não deixem que o museu, o planetário e a restauração da torre do Zeppelin fiquem apenas como um projeto abortado pelas contingências políticas.
Ao chegar ao Recife, pela primeira vez, a tripulação e os passageiros do Graf Zeppelin foram recebidos pelo sociólogo Gilberto Freyre - chefe de gabinete do Governador Estácio Coimbra. O comandante alemão, Hugo Eckener, ficou tão entusiasmado com a hospitalidade pernambucana que sugeriu a mudança do nome do dirigível para Pernambuco. Leia ainda no "thepassiranews" o post comemorativo dos 100 anos da chegada do Zeppelin em Recife * Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas ao texto original |
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