TUNISIA: Os tunisianos puseram o ditador para correr
TUNISIA Os tunisianos puseram o ditador para correr Depois da fuga do ditador Zine al-Abidine Ben Ali, expulso pelas multidões que invadiram as ruas exigindo democracia, o presidente da Câmara de Deputados da Tunísia, Fouad Mebazza, assumiu interinamente o poder no país, neste sábado. A idéia é formar um governo de coalizão, para dá ao país condições de, em curto prazo, realizar eleições. O país tenta voltar à normalidade depois de dias de tensões, pilhagem e violência descontrolada. O mais importante desse evento é que outros ditadores da região estão sendo acuados, por manifestantes locais, inspiradas no vitorioso movimento tunisiano.
Foto: Holly Pickett/The New York Times Postado por Toinho de Passira Ninguém poderia imaginar que a onda de manifestações começou em dezembro, quando um jovem universitário desempregado, Mohamed Bouazizi, de 26 anos, ateou fogo a si mesmo após ter sido impedido pela polícia de vender vegetais por não ter uma licença, fosse acabar derrubando o ditador, Zine El Abidine Ben Ali, que há 23 anos comandava o país com mão de ferro. Os protestos inicialmente direcionados em solidarizar–se a Bouazisi foi acrescido de manifestações contra o desemprego. Inicialmente pareciam localizados na pobre região agrícola de Sidi Bouzid, onde os fatos aconteceram, reconhecida como uma das mais pobres do país. Em pouco tempo, porém, a revolta se espalhou pelo país, como uma rastilho de pólvora, inundando praticamente todos os recantos, principalmente a capital Tunis. O governo enquanto acusava a oposição de explorar o incidente, decidiu enfrentar a população sublevada de forma violenta, com a polícia a polícia autorizada a disparar munição verdadeira contra os manifestantes. A dura reação governista, que causou mortes e ferimentos a mais de uma centena de tunisianos, parece ter dado mais força aos manifestantes. Segundo o serviço secreto francês, Ben Ali teria levado na fuga 1,5 tonelada de ouro. Pouco antes da partida, a primeira-dama Leila Trabelsi, teria ido à sede do Banco da Tunísia resgatar os lingotes. O total do carregamento valeria 45 milhões. De acordo com informações de diplomatas em Paris, Ben Ali não deixou o país voluntariamente, mas foi obrigado a fugir após o comando do Exército, que decidiu não mais atirar contra os manifestantes, dizer que não mais se responsabilizava pela sua segurança e dos seus familiares. Foto: Mohamed Bouazizi/Associated Press Os principais jornais do mundo dizem que no momento a Tunísia é um país em estado de emergência a capital, Túnis, é uma cidade em estado de sítio. Após noites de pilhagens, que alguns residentes atribuíram a milícias partidárias do Presidente afastado, Zine al-Abidine Ben Ali, as principais artérias da cidade amanheceram ocupadas por tanques e outros veículos blindados, enquanto helicópteros de combate cruzavam os céus. Foto: Fethi Belaid/Agence France-Presse-Getty Images O país mergulhou no caos do vandalismo e da pilhagem generalizada. Noticia-se que dezenas, ou mesmo centenas de suspeitos de participação da onda de assaltos a lojas e a mansões, foram detidos numa ação conjunta das forças armadas e policia, visando defender a estabilidade social, segundo informou o Ministério de Assuntos Internos da Tunísia. Foto: Holly Pickett/The New York Times Com sempre acontece nessas ocasiões, num sinal de que os tempos do ditador se foram, funcionários de um café em Túnis retiravam da parede do estabelecimento o retrato do ex-líder, que estava no poder desde 1987. Foto: Fethi Belaid/Agence France-Presse-Getty Images Apesar da felicidade de parte da população, manifestantes que protestam há semanas contra a corrupção no governo, a alta de preços e o desemprego ameaçam realizar novas ações em sua campanha. Foto: Christophe Ena/Associated Press Foto: Fethi Belaid/Agence France-Presse-Getty Images Quando foi sabido da partida de Ben Ali para a Arábia Saudita, milhares de pessoas comemoram nas ruas como se fosse um fim de campeonato, principalmente em Sidi Bouzid, o berço do movimento de contestação. Enquanto os tanques e os soldados procuravam restabelecer a ordem pública em Tunis, sucediam-se os motins em prisões do país. Em Monastir, pelo menos 42 prisioneiros morreram num incêndio que terá sido ateado por um recluso. Dezenas de detidos conseguiram escapar. Em Mahdia, uma segunda sublevação numa cadeia acabou com a polícia a disparando contra prisioneiros em fuga. Testemunhas no local dão conta de “dezenas de pessoas” foram abatidas.
O primeiro-ministro sucessor, Mohammed Ghannouchi chegou a ser nomeado, na sexta-feira, para o lugar de Zine al-Abidine Ben Ali, depois da fuga do Presidente. Esse seria o caminho natural pela Constituição da Tunísia, entretanto essa solução deixava em aberto a possibilidade de um eventual regresso de Ben Ali ao poder. Porém, a pedido do próprio Ghannouchi, o Conselho Constitucional da Tunísia declarou “vacantia definitiva” da Presidência, nomeando para o lugar do presidente da República, de forma interina, o presidente do Parlamento Fouad Mebazaa. A cúpula interina procura agora dar os primeiros passos para a formação de um governo de unidade nacional. Rached Ghannouchi, líder da formação islamita Ennahdha, ilegalizada na vigência do regime, já se afirmou disposto a regressar à Tunísia para se posicionar na linha da frente das movimentações políticas do pós-Ben Ali. Formar um executivo de unidade, antecipou Ghannouchi em declarações à France Press, “é possível, mas não será fácil”: “Tudo foi destruído durante a ditadura. Vai levar tempo a reorganizar a sociedade civil e a sociedade política. Há uma espécie de fragmentação”. Sabe-se que os principais líderes do país começaram ontem a negociar a formação de um governo de união nacional, que precisa se organizar imediatamente para fazer o país sair do caos social em que se encontra e conseguir fazer eleições livres, no curto prazo de 60 dias. Na tarde de sábado, perto de oito mil manifestantes, na sua maioria tunisianos, percorreram as ruas da capital francesa para festejar a saída de Ben Ali e exigir a implantação definitiva da democracia na Tunísia. O movimento se repetiu em Marselha, onde mais de duas mil pessoas gritaram por “justiça”, apelidando o ex-Presidente de “assassino” e outras importantes cidades francesas, como Lyon, Lille e Toulouse. Manifestações semelhantes também ocorreram em Itália e na Suíça. Foto: Christophe Ena/Associated Press A imprensa francesa destaca que o presidente Nicolas Sarkozy ao tomar conhecimento da deposição retirou o apoio que sempre dispensou ao ditador da Tunísia, outrora elogiado, por ter posto em prática uma política de combate ao extremismo islâmico e reformas econômicas. O governo em nota, informou inclusive que os parentes do ex-ditador refugiados na França, não são bem-vindos e devem partir.
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Um comentário:
Depor os ditadores: é o que precisamos fazer aqui com urgência. Na Tunísia, a rebelião começou com 1 morto; aqui já são centenas. O que se está esperando?
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