“Coca-Colla” boliviana tem muito mais “coca”
BOLÍVIA “Coca-Colla” boliviana tem muito mais “coca” Parece Coca Cola, mais é Coca Colla, o energético boliviano lançado nesta semana, diz que não imita o produto americano, símbolo do imperialismo, e até acusa a outra de não ser legítima, afinal o energético boliviano, comprovadamente, tem muito mais da autêntica “coca” boliviana
Foto:EFE Toinho de Passira Ninguém sabe como a marca Coca Cola vai reagir a essa nova concorrente no mercado, mas a Bolívia lançou uma bebida gaseificada que diz ser o único produto original: a “Coca-Colla”, feita da folha de coca e assim nomeada pelo povo indígena Colla, dos altiplanos bolivianos, começou a ser vendida esta semana no país do presidente Evo Morales, um animado incentivador da fabricação do produto. Ela é preta, doce, e vem numa garrafa com rótulo vermelho – mas as similaridades com a Coca-Cola terminam aí, até porque o produto sul-americano tem dois “elles” na palavra Colla e enquanto a outra Coca Cola nega que usa folha de coca na sua formula, a bebida boliviana estampa no rótula orgulhosamente a folha da planta. Os bolivianos concorrem assim com o seu produto contra um dos símbolos do capitalismo, vendido em 136 países e considerada a marca mais conhecida e valiosa do mundo, que vende cerca de 1,6 bilhões de litros diários, em todo o planeta e que gasta em publicidade algo similar ao produto interno bruto da Bolívia. O primeiro lote de Coca Colla boliviana ao preço de US$ 1,50 (96 pesos) por meio litro, foi distribuído na capital, La Paz, e também nas cidades de Santa Cruz e Cochabamba, nesta semana. Por certo vem por aí um caminhão de encrencas nos tribunais da Organização Mundial de Comércio, pedido de indenizações e multas sobre questões de marcas e patentes e até discussões políticas com Washington. Os fabricantes bolivianos dizem que a nova bebida é feita da folha da coca, um estimulante suave que evita a fadiga e a fome e vem sendo usado nos Andes há milhares de anos em culinária, medicina e ritos religiosos. Lembrar que a coca é também a matéria-prima da cocaína, o poderoso narcótico que é o principal alvo da “guerra às drogas” liderada pelos Estados Unidos. No passado, a Bolívia chegou a tentar eliminar a folha a pedido de Washington. Mas isso foi antes de Evo Morales, um índio aimara e plantador de coca, ser eleito presidente, defendendo a coca como uma cultura vegetal com usos legítimos. Evo Morales diz que tem tolerância zero para a cocaína e traficantes, mas expulsou agentes americanos de combate ao narcotráfico acusando-os de espionagem. Além disso, encorajou companhias bolivianas a usarem a coca para produzir chás, xaropes, pasta de dente, licores, doces e bolos. Morales apoiou a Coca-Colla desde o início. “Estamos estudando como impulsioná-la, porque a industrialização da coca nos interessa”, disse o vice-ministro de desenvolvimento rural, Victor Hugo Vázquez, no início deste ano. Os Estados Unidos advertiram que a maior parte da safra de folha de coca é desviada para a produção de cocaína, e acusou a Bolívia de não cooperar no combate às drogas. A invenção de produtos usando a folha, pode ser a forma encontrada para explicar o aumento da área plantada. Essa não é a primeira vez que a corporação enfrenta uma rival sul-americana. Em 2005, índios Paez no sudoeste da Colômbia lançaram a Coca Sek, que também se baseava em extratos de coca, e tentou promover o cultivo e o consumo diário da folha de coca, incluindo-a em chás. Mas a bebida foi proibida no ano seguinte em meio a pressões do Conselho Internacional de Controle de Narcóticos, organismo responsável pela implementação das convenções sobre drogas da Organização das Nações Unidas. A nova coca boliviana não é um produto estatal, é produzido por uma empresa privada a “Organización Social para la Industrialización de la Coca” (Ospicoca), uma entidade que agrupa a unas 9.000 pessoas e cujo presidente, Víctor Ledezma, declarou modestamente que no pretende competir “con la gaseosa estadounidense”, embora pretenda vender seu produto em todo o mundo, como a outra. "No busco pelear con nadie. Mi bebida es energizante, ellos (The Coca-Cola Company) venden gaseosas, entonces no tienen nada que pelear conmigo", asseguró Ledezma em declarações a agencia de noticias EFE. Adiante fazendo comparações dos produtos deixou claro que a quantidade de estimulante na nova Coca é seu ponto forte. Segundo ele os mais interessados em consumir o novo produto são os motoristas de caminhão, que já descobriram o efeito do energético, que os deixa aceso e dispostos a dirigir por várias horas sem descansar. Fotomotagem Toinho de Passira |
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