10 de abr. de 2010

Serra é lançado pré-candidato a presidente pelo PSDB

ELEIÇÕES 2010
Serra é lançado pré-candidato a presidente pelo PSDB
A festa reuniu tucanos e aliados, em Brasília, para levar José Serra, a Presidência do Brasil

Foto: Dida Sampaio/AE

Só com Serra o Brasil pode mais

Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Portal PSDB, O Globo, O BBC Brasil, O Globo

O ex-governador de São Paulo José Serra foi lançado neste sábado pré-candidato do PSDB a presidente da República numa festa em Brasília, afirmando que "quer ser o presidente da união" e que o "Brasil não tem dono".

Serra começou seu pronunciamento pedindo um minuto de silêncio pelas vítimas das enchentes do Rio.

O pronunciamento, que teve como tema o "Brasil pode mais", destacou os avanços dos últimos 25 anos - para mostrar que o Brasil não começou em 2003 com o governo Lula - assim como os valores éticos na política.

- Eu me coloco diante do Brasil, hoje, com minha biografia, minha história política e com esperança no nosso futuro - afirmou Serra, em seu discurso para cerca de quatro mil militantes e convidados dos partidos de oposição.

- E determinado a fazer a minha parte para construir um Brasil melhor. Quero ser o presidente da união. Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais - disse ele ao fim do discurso, em que afirmou que não aceitaria a ideia do "nós contra eles" e que jamais rotularia "os adversários como inimigos da pátria ou do povo", numa referência à disputa entre governo e oposição.

Foto: Gustavo Miranda/O Globo

Vê-se que Serra não é preconceituoso: é capaz de beijar até Ana Hickmann

"Quero ser o presidente da união. Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais."

O ex-governador de São Paulo fez ainda uma ampla revisão de sua trajetória política e pessoal - especialmente como ministro da Saúde - destacando questões importantes sobre políticas de saúde, educação, agricultura e meio ambiente.

Um dos momentos mais emocionantes foi quando Serra citou Zilda Arns, morta em janeiro, no terremoto do Haiti, e Ruth Cardoso, falecida em 2008. A citação à dona Ruth levou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso às lágrimas.

Numa estocada no governo petista, Serra criticou o apoio a governos autoritários. Em seu discurso, defendeu respeito aos direitos humanos e ressaltando que em democracia eles não são negociáveis, "nem há operário fazendo greve de fome quando discordam do regime", em referência a Cuba.

No início, o tucano homenageou todos os companheiros presentes, em especial o ex-governador mineiro Aécio Neves, que o antecedeu no discurso e foi aclamado com gritos de " vice, vice".

Serra disse que os presentes no evento foram militantes dessa transformação do Brasil, "protagonistas mesmo".

- Contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso país. Nós podemos nos orgulhar disso. Não temos problema com o nosso passado, não temos mal entendido com o nosso passado.

Mas se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é inevitável: o Brasil pode ser muito mais do que é hoje - disse o tucano, que destacou ainda sua atuação como ministro da Saúde do ex-presidente Fernando Henrique.

Em seguida, o tucano destacou no pronunciamento o respeito aos valores éticos e morais na vida política brasileira.

- Democracia e Estado de Direito são valores universais, permanentes, insubstituíveis e inegociáveis. Mas não são únicos. Honestidade, verdade, caráter, honra, coragem, coerência, brio profissional, perseverança são essenciais ao exercício da política e do Poder. É nisso que eu acredito e é assim que eu ajo e continuarei agindo. Este é o momento de falar claro, para que ninguém se engane sobre as minhas crenças e valores. É com base neles que também reafirmo: o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais.

Foto: Gustavo Miranda/O Globo

Os tucanos Serra, Aécio, FHC e o presidente do DEM, Rodrigo Maia.

- Ninguém deve esperar também que joguemos estados do Norte contra do Sul, urbanos contra rurais, azul contra vermelho. Pode ser engraçado no futebol. Não quando se fala em país. O Brasil é um todo. Não aceito raciocínio de nós contra eles. Somos todos união na pátria.

No pronunciamento, o tucano evitou a ataques diretos aos adversários, mas deu recados.

- Ninguém deve esperar que joguemos o governo contra a oposição, porque não o faremos. Jamais rotularemos os adversários como inimigos da pátria ou do povo. Em meio século de militância política nunca fiz isso. E não vou fazer. Eu quero todos juntos, cada um com sua identidade, em nome do bem comum.

Sobre sua infância e adolescência, lembrou quando morou na Mooca e o trabalho duro do pai com "um modestíssimo vendedor de frutas". Um exemplo, disse, que o marcou na vida, na compreensão da vida.

- Ele carregava caixas de fruta o tempo todo, para que eu pudesse carregar caixas de livros.

Serra prevê que a eleição deste ano não será fácil, mas que manterá a serenidade para responder às provocações:

- Como falei no início, esta será uma caminhada longa e difícil. Mas manteremos nosso comportamento a favor do Brasil. Às provocações, vamos responder com serenidade; às falanges do ódio, que insistem em dividir a nação, vamos responder com nosso trabalho presente e nossa crença no futuro. Vamos responder sempre dizendo a verdade. Aliás, quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles.

Foto: Geraldo Barbosa/O Globo

Quatro mil pessoas prestigiaram o lançamento da pré candidatura de José Serra

Serra disse ainda:

- O Brasil não tem dono. Serra disse ainda:

- O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham; aos brasileiros que estudam; aos brasileiros que querem subir na vida; aos brasileiros que acreditam no esforço; aos brasileiros que não se deixam corromper; aos brasileiros que não toleram os malfeitos; aos brasileiros que não dispõem de uma "boquinha"; aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes; aos brasileiros que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida.

Na parte final do discurso, o ex-governador diz que pretende apresentar ao Brasil sua história, suas ideias e sua biografia.

- (vou apresentar) Minhas crenças e meus valores. Meu entusiasmo e minha confiança. Minha experiência e minha vontade.

No final, cita um trecho do "grande escritor mineiro Guimarães Rosa", que escreveu: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."

- Concordo. É da coragem que a vida quer que nós precisamos agora.

E completou:

- Coragem para fazer um projeto de país, com sonhos, convicções e com o apoio da maioria. Juntos, vamos construir o Brasil que queremos, mais justo e mais generoso. Eleição é uma escolha sobre o futuro.

Veja o discurso de Serra na Íntegra

FERNANDO HENRIQUE:
Vamos querer um Brasil que, ao olhar para o passado, o difama e ao olhar para o presente transforma tudo em marketing ou vamos querer um Brasil que construa o futuro?

Foto: Gustavo Miranda/O Globo

"Quem tem Serra e Aécio não precisa de mais nada, só de amigos. E amigos nós temos, amigos estão aqui presentes e vão nos levar à vitoria", disse FHC, presidente de honra do PSDB

Ao discursar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu sua gestão e disse que o governo Lula usa o marketing para mascarar a falta de realizações.

Ele afirmou que, apesar da propaganda oficial, não conseguiu ainda ver obras como a transposição do rio São Francisco, a construção de casas, o desenvolvimento do biodiesel e a melhoria da infraestrutura nacional saírem do papel. Segundo o ex-presidente, tudo isso será construído nos próximos anos "na velocidade tucana".

- Vamos querer um Brasil que, ao olhar para o passado, o difama e ao olhar para o presente transforma tudo em marketing ou vamos querer um Brasil que construa o futuro? - discursou Fernando Henrique para um auditório com cerca de 4 mil pessoas.

Alvo de críticas recorrentes de governistas, Fernando Henrique Cardoso defendeu seu governo:

Foto: Dida Sampaio/AE

A emoção de grandes aliados que iniciam uma nova luta em prol do Brasil

- Não somos daqueles que cospem nos pratos que os brasileiros estão usando... vamos consolidar, vamos fazer mais - afirmou.

Ressaltando a história política de Serra, FH criticou a "arrogância" e a "autoconfiança ilimitada" dos integrantes do governo Lula.

FH destacou que Serra é o melhor candidato a presidente e o mais preparado.

- As coisas não nascem prontas. Ele trabalha, ele faz. Ele se solidariza com as pessoas e todos nós, que temos relação com eles, sabemos que Serra é uma peça de apoio às pessoas. Quando vê uma criança, sorri. Essa cara fechada dele é só para inglês ver.

Sobre a versão de que o PSDB e Serra evitariam falar do seu governo, Fernando Henrique afirmou:

- Eu tenho certeza que Serra saberá reconhecer o que já foi feito. Inclusive o que foi feito pelo governo atual. Muito do que se faz hoje foi implantado em meu governo, em governos anteriores. Vamos botar outros tijolos.

Ouça o emocionante discurso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

Aécio Neves:
- Ninguém tem proposta melhor para o país do que o governador José Serra.

Foto: Gustavo Barbosa/O Globo

Antes de Serra e, falando em nome dos governadores, o ex-governador de Minas Aécio Neves disse que o momento é de consagrar a unidade do PSDB, para que o povo possa ver no Brasil "o governo do mérito e do resultado". Fez elogios iniciais a Serra, mas se dedicou em seguida a fazer grande homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique. No final, Aécio se comprometeu em ser um grande soldado na campanha de Serra e foi interrompido pelos gritos de "vice, vice, vice".

- Ninguém tem proposta melhor para o país do que o governador José Serra. A seu lado estarei. Nas montanhas de Minas e em qualquer lugar, onde quer seja convocado, para fazer com que sua voz possa ecoar para todo país.

E em referência indireta a Lula, disse:

- O Brasil cansou de certa arrogância, de quem desrespeita a lei, de arrogância ilimitada. Quer ver ladrão na cadeira. Cansou de ver autoridades passando a mão na cabeça de todo mundo que cometeu ilícitos.

Segundo o ex-presidente, Serra vai ser eleito para trazer de volta o Brasil da decência, da dignidade:

- E chegou a hora, a hora é do Serra.


RODRIGO MAIA:
“O governo Lula optou por apenas administrar a pobreza e não construiu uma política para superar a pobreza.”

Foto: Assessoria de Imprensa DEM

Rodrigo Maia: “As diferenças que temos com o atual governo federal, vão além das questões programáticas.”

O jovem Deputado Rodrigo Maia, presidente dos Democratas, não deixou barato, fez um discurso contundente de apoio a Serra e de criticas mordazes a forma de governar do Presidente Lula.

“Estamos aqui para reafirmar nossos compromissos em torno do nome de José Serra. São compromissos que vão muito além de um processo eleitoral. São compromissos que tem nos unido em defesa da liberdade, da ética, da democracia e do futuro do Brasil.

O atual governo federal não aceita críticas, não tolera adversários e opositores; o atual governo não gosta da imprensa livre.

Quantas vezes tentaram -e depois tiveram que recuar- na tentativa de controlar e manipular a liberdade de expressão?

Se nós não tivéssemos uma democracia estabelecida, uma democracia que os partidos aqui reunidos ajudaram a consolidar, seríamos hoje uma nova Venezuela.

Temos um governo que ignora a grave situação da segurança pública. Um governo que faz de conta que não é com ele, quando é o único capaz de liderar e coordenar a luta contra o tráfico de drogas.

A política externa se tornou um híbrido…ora é um de picadeiro dos delírios presidenciais ora palco da aproximação íntima com governos que representam atentados à democracia e a paz mundial.

Temos um governo que tem maioria no congresso mas que não aprova as reformas política e tributária. Mantendo o Brasil como um dos campeões mundiais em cobrança de impostos.

Outra marca lamentável do atual governo é o trabalho diário e sistemático pelo enfraquecimento do poder legislativo. Acham que a estratégia pode ser facilitadora das ações do governo. Terrível engano!

Medida-provisória nada mais é do que uma mal disfarçada reprodução do decreto-lei da ditadura. O que vimos nestes últimos anos aliás, foi uma verdadeira varredura da Federação…

O governo Lula optou por apenas administrar a pobreza e não construiu uma política para superar a pobreza.

Chega! Chega da máxima “meus amigos e aliados tudo podem...” Vamos, com a nossa união, romper com esse modelo ultrapassado de uma ética para cada situação inaugurado pelo PT.

Gostaria de falar aqui em nome dos milhões de jovens brasileiros que hoje são vítimas da violência e da falta de perspectivas. São vítimas acima de tudo, da falta de esperança.

E o futuro começa aqui e agora. Simbolicamente neste ato, mas com uma força e pujança poucas vezes vistas na história recente do país!

Leia o discurso de Rodrigo Maia, na integra



Nenhum comentário: