13 de abr. de 2010

Papa ameaçado de prisão quando visitar Londres

IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA
Papa ameaçado de prisão quando visitar Londres
Dois intelectuais britânicos ateus vão pedir a prisão do Sumo Pontifice da Igreja Católica, quando da sua proxima visita a capital inglesa, sob a acusação de crimes contra a humanidade, devido a conivência do prelado com os religiosos pedófilos.

Foto: Getty Images

Em um outdoor, que anuncia a visita do Papa em Bahar ic-Caghaq na ilha de Malta, no próximo dia 17 de abril, pichadores acrescentaram um bigode ao estilo de Adolfo Hilter e a inscrição “PEDOFILIIA”. . O papa vai visitar a ilha predominantemente católica em sua primeira viagem ao exterior desde o escândalo dos padres pedófilos explodiu recentemente.

Toinho de Passira
Fonte: BBC Brasil

Dois renomados intelectuais britânicos expressaram sua intenção de processar o papa Bento 16 pelo seu papel nos casos de abusos sexuais envolvendo padres da Igreja Católica em diversas partes do mundo.

Os escritores Richard Dawkins e Christopher Hitchens são defensores conhecidos do ateísmo e críticos ferrenhos da religião. Os dois disseram que moverão um processo contra o papa tanto na Justiça da Grã-Bretanha, país que o pontífice visitará em setembro, quanto na Corte Penal Internacional.

Foto:Arquivo

Richard Dawkins e Christopher Hitchens se tivessem essa idéia nos tempos da inquisição já estariam ardendo em alguma fogueira, como hereges e bruxos

Dawkins, biólogo de formação, é autor de livros que questionam a validade e a veracidade das religiões. Seu trabalho mais conhecido, Deus, um Delírio, vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e virou um best-seller publicado em mais de 30 países.

Hitchens é filósofo e cientista político pela Universidade de Oxford, e colunista de diversas publicações, como Vanity Fair, Harper's e Granta.

Na carta, o então cardeal Ratzinger afirmou que o "bem da Igreja universal" precisava ser levado em conta em um ato como a destituição das funções sacerdotais. O cardeal mostra-se mais preocupado com a “reputação” da Igreja que com o sofrimento das vítimas e a necessidade de justiça
A argumentação jurídica seguiria a mesma lógica da ação que culminou com a prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet durante sua visita a Londres em 1998.

Os pensadores alegam que o pontífice "não é imune à prisão no Reino Unido" porque, apesar de ser o chefe do Vaticano, não é um chefe de Estado reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

"Acredito que a Justiça britânica rejeitará (o argumento de imunidade do papa)", disse o advogado especializado em direitos humanos que representará os escritores, Mark Stephens.

"Se o papa viesse em visita de Estado, normalmente um chefe de Estado teria imunidade soberana. O que defendo é que ele não é um soberano, não é chefe de Estado, por isso não pode se valer dessa defesa."

Dawkins e Hitchens e seu advogado crêem que podem acusar o papa de crime contra a humanidade.

Se a Suprema Corte Inglesa considerar que o Papa não é chefe de Estado, Sua Santidade pode passar vexames no Reino Unido. Não se pode imaginar o Papa preso pela mesma justiça que acabou soltando o ditador Pinochet do Chile, sob o argumento de que o general estava doente, e havia ajudado os ingleses na Guerra das Malvinas.

Como há loucos e ateus em todo mundo, a suscitação dessa questão, pode acabar impedindo que o Papa faça viagens internacionais.

Assim ele acabará preso em Roma, uma espécie de prisão domiciliar.

Foto:

Não se tem notícia de uma situação vexatória como essa vivida pelo Papa Bento 16, nesse momento.

Bento 16 tem sido alvo de críticas diante das inúmeras denúncias de abusos de menores que surgiram, porque ele chefiava o braço da Santa Sé responsável pela disciplina.

Em muitos casos o papa, então cardeal Joseph Ratzinger, é acusado de omissão. Mas no fim da semana passada veio a público uma carta de 1985 em que ele resiste à ideia de destituir das funções sacerdotais o padre americano Stephen Kiesle, acusado de abuso sexual.

O então cardeal Ratzinger afirmou na carta que o "bem da Igreja universal" precisava ser levado em conta em um ato como a destituição das funções sacerdotais. O Vaticano confirmou a assinatura do cardeal no documento, revelado pela agência de notícias Associated Press.

Em resposta à divulgação da carta, o porta-voz do Vaticano disse que o documento foi apresentado "fora do contexto".


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