Cozido pernambucano, um prato de sustança, rico calorias uma mistura de carnes variadas como chambaril, músculo, costela de boi, peito, paio, lombinho, costela, toucinho de fumeiro, linguiça e charque, não é uma refeição recomendada ao senador Jarbas Vasconcelos(PMDB-PE) , 70 anos, um homem que se submeteu em junho passado, a procedimento cirúrgico-cardíaco para implantação de duas pontes mamárias e duas pontes de safena, necessárias para a superação preventiva da obstrução coronária.
Mas essa foi o prato principal no almoço na sua casa de veraneio na Praia do Janga, em Paulista. Ou melhor, esse foi o pretexto para reunir uma turma da pesada, da política pernambucana, na véspera do “Domingo de Ramos”, gente que há pouco, antes das eleições municipais, não se sentaria ao redor de uma mesma mesa, para fazer uma refeição ou negociar.
Há anos, na mesma data, Jarbas promove o tal cozido, nos oito anos que foi governador, a festança era bastante concorrida, e era preciso uma estrutura gastronômica e de transito para organizar o estacionamento em frente à mansão.
Ultimamente o evento ser resumia a amigos mais chegados e assessores pontuais. Sábado o cozido de Jarbas reviveu os dias de glória, porque foi preparado em homenagem ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, segundo Jarbas, candidatíssimo a presidente da republica do Brasil nas próximas eleições.
Segundo a Folha de São Paulo, o cardápio era o mesmo, mas os convidados de Jarbas Vasconcelos, deste sábado (23) “eram inéditos”: o governador Eduardo Campos (PSB), o homenageado, levou à tiracolo um grupo de aliados que, até o início do ano passado, jamais frequentariam o jardim e o terraço da casa onde o senador passa parte do verão e recebe os amigos mais próximos.
Foto: Ennio Benning/Istagram
Entre os convidados o poderoso deputado Guilherme Uchoa (PDT) e o jornalista João Alberto
Campos e Vasconcelos eram rivais históricos desde 1992, quando o governador de Pernambuco e seu avô, Miguel Arraes, romperam com o peemedebista.
A reaproximação só aconteceu 20 anos depois, nas eleições municipais do ano passado, quando Jarbas apoiou o candidato socialista, Geraldo Julio, que venceu a disputa.
Para Eduardo, o senador teve um gesto de "largueza".
A relação entre os dois está ainda mais próxima nos últimos meses, desde que Campos vem se colocando como provável candidato à Presidência. Jarbas afirma que já está intermediando conversas entre o governador e senadores interessados em apoiá-lo.
Neste sábado, "jarbistas", "arraesistas" e "eduardistas" conversaram como fossem velhos amigos.
Estavam no almoço membros do governo estadual, da Prefeitura do Recife, parlamentares de ambos os lados, além de integrantes da Justiça de Pernambuco e do Tribunal de Contas do Estado.
Apenas colunistas sociais dos jornais pernambucanos foram chamados. O senador disse que não queria dar um "tom político" ao evento. Mesmo assim, permitiu a entrada dos repórteres que observavam tudo por cima do muro.
Eduardo se disse feliz pelo encontro e afirmou que já recebeu Jarbas em sua casa.
"A história que nós temos nos liga muito mais do que nos separa", afirmou Campos.
O governador elogiou a postura do senador, que costuma ser um dos principais críticos do PT, desde o governo do ex-presidente Lula.
"As palavras de Jarbas em relação à conjuntura nacional são as palavras de um político que tem experiência pública e devem ser levadas em conta", afirmou.
Campos voltou a fazer críticas ao governo da presidente Dilma.
"Estamos, como muitos brasileiros de outros partidos, preocupados em que o Brasil melhore, que o Brasil possa ir se reencontrando, com crescimento econômico e distribuição de renda", disse o socialista.
Foto: Ennio Benning/Istagram
Ouvindo Eduardo ao lado de Jarbas e do artista plástico João Câmara, o ministro do Tribunal de Conta da União, José Múcio Monteiro
Enquanto o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), diz que só decidirá em 2014 se deixa a base do governo de Dilma Rousseff, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que o socialista já é um "dissidente".
"Na proporção que ele [Eduardo] continua dizendo que o governo andou, que o governo transformou, modificou, que o governo avançou, mas poderia ter avançado muito mais, então é uma dissidência", disse Jarbas.
No encontro do governador com empresários em São Paulo, relato na imprensa, Eduardo, Campos disse que "dá para fazer muito mais" que a presidente Dilma.
O senador Jarbas Vasconcelos, deixou claro que a afirmação sobre a dissidência "é uma análise pessoal", mas falou sobre o assunto ao lado do governador, que fazia cara de paisagem.
Foto: Ennio Benning/Istagram
Prefeito do Recife, Geraldo Júlio, fazendo estágio de aprendiz de feiticeiro, com os mestres Jarbas e Eduardo Campos.
Ex-desafeto político de Campos e aliado desde as eleições municipais do ano passado, Jarbas disse ainda que tem promovido conversas entre o governador e senadores. Ele afirmou que muitos colegas têm mostrado interesse em conversar com o provável candidato à Presidência da República.
"No Senado, está quase todo mundo, metade do Senado, ou mais da metade do Senado querendo conversar com ele", afirmou o senador, que completou: "isso não é uma frase de efeito. É uma frase verdadeira".
O senador disse que há "gente da base do governo" interessada na aproximação com Campos e citou como exemplos os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
Os encontros, segundo Vasconcelos, ainda não aconteceram por incompatibilidade de agendas.
O próprio governador admitiu que tem conversado com membros de várias siglas. "São pessoas dos mais diversos partidos e isso é natural que aconteça. Eu já fazia isso e estou fazendo com maior intensidade porque é fato que eu estou sendo mais procurado por lideranças políticas", disse Eduardo Campos.
O governador, no entanto, diz que as conversas não giram em torno de eleições. "Tenho conversado em termos políticos. Não tenho conversado em termos eleitorais", afirmou.
Foto: Ennio Benning/Istagram
Jarbas destampando a panela da sucessão presidencial
Apesar de falar no tema, Jarbas disse que não é o momento para discutir eleição e criticou o ex-presidente Lula por antecipar o debate, ao lançar a presidente Dilma à reeleição.
"Isso que a gente está conversando agora, no dia 23 de março, é uma estupidez. A gente está discutindo questão eleitoral por conta de Lula, que lançou Dilma e arrastou dissidentes, no caso de Eduardo, arrastou Aécio [Neves (PSDB), senador], que é oposição.
Jarbas Vasconcelos apoiou a decisão de Eduardo Campos de procurar o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) por entender que o tucano está desconfortável em seu partido.
"Se eu estivesse no lugar de Eduardo, faria exatamente o que ele está fazendo. Serra está numa situação de desconforto dentro do PSDB? Está. Então procura Serra, anda com Serra. É natural", afirmou.
Nem Eduardo Campos nem Jarbas Vasconcelos quiseram comentar as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste sábado. Ambas mostram ampla vantagem de Dilma Rousseff.
Segundo a Datafolha, Eduardo Campos tem 6% das intenções de voto, enquanto Dilma tem 58%.
Ainda bem que Jarbas explicou “ não queria dar um "tom político" ao evento (?)
As fotos que ilustram esse post são doInstagram de Ennio Benning, assessor do Senador Jarbas Vasconcelos
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