21 de mar. de 2013

Governo sul-coreano multa quem usar minissaia

ASIA
Governo sul-coreano multa quem usar minissaia
Um surpreendente decreto da nova presidenta da Coreia do Sul, Park Geun-hye, empossada há menos de um mês, permite multar as mulheres que usarem minissaias. A medida trouxe de volta memórias de restrições semelhantes sobre comprimentos de saia na década de 1970 sob o governo do falecido ditador Park Chung-hee, pai da presidenta. Oposição e população reagiram com humor, indignação e surpresa diante da nova lei, que consideram, entre outras coisas, como um sinal de um retorno à era autoritária.

Foto: Chris McGrath/Getty Images

Grupo de K-pop “Girls Generation”: as meninas terão de aumentar o comprimento das saias depois da vigência da lei de superexposição na Coreia do Sul

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Korea Times, Daily Mail, Veja

A partir de amanhã, 22, as mulheres que forem flagradas usando minissaias em público, na Coreia do Sul, serão abordadas pela polícia e obrigadas a pagar uma multa de 50.000 won (90 reais) sob o pretexto de superexposição pública.

A novidade é o cumprimento de um decreto da presidenta Park Geun-hye, 61 anos, solteira, integrante do Partido conservador, há menos de um mês empossado como a primeira mulher presidente do país.

A medida parece coisa da vizinha Coreia do Norte, a ditadura comunista cuja principal atividade consiste em proibir os cidadãos de fazer coisas.

Presidenta Park Geun-hye, decretou a ilegalidade da minissaia
Causa estranheza que um país desenvolvido e moderno como a Coreia do Sul, uma economias que ultrapassa 1,5 trilhões de dólares, conhecida pela capacidade tecnológica e alto índice de desenvolvimento humano, conviva com uma situação com uma imposição como essa.

Não sem razão, associa-se a medida aos tempos da ditadura no país, quanto decreto semelhante esteve em vigor, até por que a nova presidenta é filha do antigo ditador Park Chung-hee, que como presidente vitalício esteve à frente do governo por 18 anos (1961-1979) e só deixou o cargo porque foi assassinado, pelo chefe do seu serviço de segurança. Na época, as saias que terminavam 20 centímetros ou mais acima do joelho eram proibidas na Coreia do Sul.

A novidade tem sido vista com humor e indignação pela população da Coreia do Sul. Por exemplo, comenta-se que as populares cantoras do “Girls Generation”, grupo de jovens artistas do país, sempre sexy e graciosas vão ter que adaptar o guarda-roupa aos novos tempos e a nova lei.

Membros da oposição questionaram a interferência do estado no modo de se vestir dos cidadãos e alegaram violação da liberdade de expressão. “O governo de Park Geun-hye nos dá motivo para preocupação de que estamos voltando para a era quando o comprimento do cabelo e da saia era regulado”, disse um membro do partido União Democrática.

No país, a moda de roupas curtas invadiu as ruas de Seul e outras grandes cidades sul-coreanas, principalmente depois do estouro do K-pop, um estilo musical liderado por boy e girlbands que apostam em roupas justas e curtas para atrair o público.

As mulheres sul coreanas trocaram as calças e saias longas por leggings, micro shorts e minissaias. Muitos videoclipes, inclusive, foram classificados como proibidos para menores de 19 anos. No final do ano passado, o estilo musical foi impulsionado mundialmente com o single Gangnam Style, do rapper sul-coreano PSY.

Além de opositores ao governo, personalidades do país também reagiram contra a medida. “A multa por superexposição é real? Estou perdida”, postou a cantora e atriz Lee Hyori, mais famosa sex symbol do país, em seu perfil no Twitter. A cantora Nancy Lang publicou uma foto segurando notas no valor da multa junto ao seu decote.

Autoridades sul-coreana, porém, diz que a oposição propositadamente deu uma interpretação errônea do decreto, que na verdade classificaria como superexposição deixar partes do corpo à mostra e não tem a ver com o tamanho da saia ou outras roupas.

“Essa medida é para casos como nudez e indecência pública”, disse o inspetor Ko Jun-ho, da Agência Nacional de polícia. “Qualquer comentário de que estamos regulando o que as pessoas vestem é completamente falso”.

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