17 de dez. de 2012

Chavismo vence em 20 dos 23 estados, mas o opositor Capriles se reelegeu

VENEZUELA – Eleições Regionais
Chavismo vence em 20 dos 23 estados,
mas o opositor Capriles se reelegeu
O domínio quase que absoluto do partido de Chávez na eleições regionais, foi muito além do esperado. Além de manter os 15 estados que comandava o chavismo tecnicamente toma mais cinco da oposição, que fica minguada a apenas três estados. Mesmo com a vitória de Henrique Capriles, o principal opositor de Chávez, derrotado nas ultimas eleições presidenciais, o sucesso dos governistas foi avassalador. Um dado preocupante é que entre os chavistas eleitos governadores, 11 são militares.

Foto: Rodrigo Abd/AP

Partidários de Chávez comemoram reeleição do presidente em outubro passado, em Caracas

Postado por Toinho de Passira
Fontes: G1, El Nacional, El Mundo, El Universal, Reuters

Convalescendo no leito de um hospital em Havana, submetido a uma quarta cirurgia, para extirpar um câncer, que teima em voltar, há 2.157,39 km de Caracas, a capital da Venezuela, Hugo Chávez conseguiu o feito de esmagar ainda mais a oposição ao chavismo nas eleições regionais desse domingo.

O partido de Chávez conquistou neste domingo (16) os governos de 20 dos 23 estados da Venezuela, impondo uma severa derrota à oposição, cujo líder, Henrique Capriles, conseguiu se reeleger no estado-chave de Miranda.

"O governo proporcionou uma derrota estrepitosa (à oposição) e de derrota em derrota vêm", disse o vice-presidente Nicolás Maduro, em referência à reeleição de Chávez em outubro.

"Nos sentimos muito felizes de contar (ao presidente) a esta hora de 16 de dezembro que seu povo aqui cumpriu com um ato gigantesco de amor", completou.

A oposição manteve o governo de Miranda (norte), o estado de Lara e de Amazonas (sul), mas perdeu o mais populoso, o petroleiro Zulia (noroeste), o industrial Carabobo (norte), Táchira, na fronteira com a Colômbia, e Nueva Esparta.

Monagas (noroeste), que tinha um governo independente, também foi vencido por um candidato chavista. O chavismo controlava 15 estados antes das eleições.

Foto: AFP

Henrique Capriles se elege com governador de Miranda: “Estoy feliz por Miranda más no por Venezuela”- declarou

Os resultados deixaram uma sensação amarga na oposição, que pelo menos conseguiu resistir em Miranda, o segundo estado mais populoso, que envolve parte de Caracas, e reforçar a liderança de Capriles.

Neste pleito, Capriles bateu o ex-vice-presidente Elías Jaua com 50,35% dos votos, contra 46,13% para o candidato chavista, segundo o boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O resultado mantém o governador de 40 anos como potencial candidato a eleições presidenciais diante da eventual vacância de Chávez.

Capriles festejou o triunfo, mas admitiu que a oposição entra em um 'momento difícil' com a perda de quatro estados dos sete que governava.

A votação foi marcada pela apreensão com o estado de saúde de Chávez, que segundo o ministro Jorge Arreaza se recupera de forma 'progressiva' em Cuba e fez um 'apelo a todos os venezuelanos, especialmente os patriotas (...) para votar e consolidar todos os espaços que nos permitam seguir avançando para a justiça social'.

"Desde a sexta-feira, o 'comandante' já se comunica conosco para instruir, governar, dar instruções para que sejam cumpridas lá em nosso país", disse Arreaza, ministro da Ciência e Tecnologia e casado com a filha mais velha de Chávez.

A situação de Chávez foi utilizada pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, que convocou os eleitores a comparecer às urnas para 'não ficar mal' com o presidente.

"Não podemos falhar hoje, ninguém deve falhar com Chávez (...) Vamos mostrar isto, com coração, com voto, com orações", disse Maduro, designado por Chávez como seu herdeiro político.

O reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Vicente Díaz reagiu às declarações de Maduro afirmando que o vice-presidente não deveria realizar declarações de "claro sentido eleitoral promovendo a candidatura e a oferta eleitoral do governo nacional". "É um fato sem precedentes (...) e uma aberta violação da lei".

Como nas presidenciais de outubro, nas quais Chávez foi reeleito com 55% dos votos para o terceiro mandato de seis anos, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) adotou a estratégia de "um por dez", para que cada simpatizante chavista obtivesse dez votos.

Jesús Contreras/El Mundo

Gerneral Henry Rangel Silva um dos quatro ex-ministros da Defensa eleito governador neste domingo

O jornal venezuelano “El Mundo” destaca que entre os governadores vencedores no domingo, do partido de Chávez, 11 são chefes militares da reserva. Entre os eleitos quatro são ex-ministros de Defesa (Rangel Silva, Mata Figueroa, Ramon Carrizales e Garcia Carneiro), um ex-chefe do Seniat - a receita federal venezuelana - (Vielma Mora), um ex-ministro do Interior (Ramon Rodriguez Chacin) e um ex-ministro do Ministério da Presidência (Francisco Rangel Gomez).

Lembra o “El Mundo” ainda, que muitos desses oficiais, agora governadores, participaram com Chávez no fracassado golpe militar de 1992, quando tentaram tirar do poder, à força, o presidente Carlos Andrés Pérez.

Chávez, 58 anos, foi operado na terça-feira passada em um hospital de Havana, pela quarta vez, de um câncer cuja localização jamais foi revelada, e enfrenta um pós-operatório que o governo define como 'complexo'.

Reeleito no mês de outubro para mais um mandato, Chávez deveria assumir a presidência no próximo dia 10 de janeiro.

O vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, afirmou no sábado (15) que a eventualidade de Chávez não retornar ao país até 10 de janeiro 'depende' dos médicos, mas explicou que 'não é a preocupação agora' do partido.

Antes de partir para Havana, Chávez designou o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, seu herdeiro político para o caso de permanecer 'inabilitado', uma decisão inédita que aumentou os temores sobre a gravidade de seu estado de saúde, pois em nenhuma das ausências anteriores ele insinuara a possibilidade de um sucessor.


Oposição resiste cercada por uma maré vermelha, diz o jornal El Universal mostrando no mapa da Venezuela o resultado das eleições


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