A presidente Dilma Rousseff subiu nas tamancas, colocou as mãos nos quadris e deu um baile na revista britânica
Economist que em artigo publicado ontem, sugeriu a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmando que ele teria perdido "a confiança dos investidores".
”Em hipótese alguma o governo brasileiro, eleito pelo voto direto e secreto brasileiro, vai ser influenciado por uma opinião de uma revista que não seja brasileira", afirmou a presidente, durante a 44ª Cúpula do Mercosul, realizada em Brasília.
"Diante dessa crise gravíssima pela qual o mundo passa com países tendo taxas de crescimento negativas, escândalos, quedas de bancos, quebradeiras, nunca vi nenhum jornal propor a queda de um ministro", reclamou Dilma.
Em sua última edição, a Economist publicou um artigo defendendo que, caso queira se reeleger, Dilma deveria demitir Mantega. Segundo a revista, nos últimos meses, o ministro perdeu a confiança dos investidores ao prever taxas de crescimento que ficaram longe de serem cumpridas.
A publicação disse ainda que o governo brasileiro não tem sido capaz de estimular investimentos e que suas sucessivas intervenções no mercado deixaram os empresários receosos.
A revista defendeu a nomeação de uma nova equipe para a área econômica, "capaz de reconquistar a confiança" do mercado.
Para Dilma, porém, a economia brasileira não inspira tantas preocupações. Irritada, ela comparou a situação local à dos principais países afetados pela crise mundial:
"Vocês da imprensa brasileira não sabem que a situação deles é pior do que a nossa? Pelo amor de Deus! Nenhum banco como o Lehman Brothers quebrou aqui, não temos dívida soberana", afirmou a presidente.
Segundo Dilma, a economia brasileira - que cresceu 0,6% de julho a setembro deste ano em comparação com os três meses imediatamente anteriores - vai continuar a se expandir no último trimestre.
"Então a resposta é: de maneira alguma levarei em consideração essa, digamos, sugestão (a demissão de Mantega)."
No fim de novembro, dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelaram que a economia brasileira cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses imediatamente anteriores, frustrando expectativas de que os vários estímulos adotados pelo governo federal neste ano surtissem efeitos mais profundos.
O resultado deve derrubar ainda mais as previsões de crescimento do governo para 2012. No início do ano, o governo disse esperar um crescimento de 4,5%. Agora, espera-se que a taxa fique em torno de 1%.
A publicação inglesa atira em Mantega, pois ele é o alvo visível, a sugestão é pouco elegante, mas tem algum sentido, embora o ministro não seja o principal culpado das coisas não darem certo.
Trocando em miúdos, a Economist acusa Mantega de ser excessivamente otimista, e com isso causar desconfiança nos investidores. Imaginem como ficaria a confiança dos investidores se Mantega apresentasse um discurso pessimista. Nunca se viu no mundo um Ministro da área econômica, ser pessimista e dizer a verdade sobre o futuro da economia do país.
Até porque apesar de mergulhada na matemática a Economia está longe de ser uma ciência exata. O imponderável e o inesperado navegam ao seu lado.
A situação atual, porém, tem um ingrediente a mais: o que poderíamos chamar de fator Dilma. Mantega não tem na atualidade a mesma liberdade plena de atuação que tinha nos tempos do governo Lula.
Atua amarrado em objetivos e fórmulas apontadas por Dilma, que por ter uma capenga formação acadêmica em economia, sente-se no direito de dizer o que quer, quando e como deve ser feito. Sem direito a discordância.
A revista sugeriu a retirada de Mantega mostrando a Dilma que se ela não tomar uma providência, ou será ela que vai acabar demitida em 2014, esperamos, caso a economia não entre nos trilhos.
Em resumo, para o bem do país, além de Mantega, quem deve sair também é ela.
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