3 de dez. de 2012

Senado homenageia Luiz Gonzaga

BRASIL – Centenário Gonzação
Senado homenageia Luiz Gonzaga
O centenário do rei do baião foi lembrado no senado brasileiro, em sessão solene, nesta segunda-feira, 3. Os senadores que representam Pernambuco não compareceram

Foto: Geraldo Magela - Agência Senado

Chambinho do Acordeon, na sessão em homenagem a Gonzagão no Senado Federal

Postado por
Toinho de Passira
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Nesta segunda-feira, o senado em sessão especial homenageou Luiz Gonzaga, pela passagem do centenário do seu nascimento. Nem um dos três senadores que representam Pernambuco, Armando Monteiro (PTB-PE), Humberto Costa (PT-PE), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), compareceram a homenagem, de iniciativa do Inácio Arruda (PCdoB-CE).

Os representantes pernambucanos aproveitaram carona no requerimento do senador cearense e assinaram também o pedido para que acontecesse a sessão, mas no dia da homenagem não deram as caras para prestigiar o rei do baião.

Coube a outros senadores pernambucanos, que hoje representam outras unidades da federação, o Cristovam Buarque (PDT-DF) e Romero Jucá (PMDB-RR), apresentarem-se como conterrâneos orgulhosos do imortal Luiz Gonzaga.

É verdade que Gonzagão é brasileiro e universal e não fica desprestigiado, pela falta de respeito desses “pernambucanos”, de meia tigela. Armando Monteiro nasceu no Recife, é muito urbano e não aprecia genuinamente o baião; Jarbas Vasconcelos, originário de Vivência na Zona da Mata, está mais perto do forró, mais parece que tinha "coisa melhor para fazer"; Humberto Costa, nem pernambucano é, nasceu em Campinas, São Paulo, e embora tenha vindo com sete anos morar no Recife, não possui raízes nordestinas, mas tinha de pelo menos cumprir a sua obrigação. É essa gente que nos está representando no senador federal.

Foto: Geraldo Magela - Agência Senado

O Senador cearense, Inácio Arruda, autor do requerimento, homenageado Gonzagão

Na sessão, o senador cearense Inácio Arruda, verdadeiro idealizador da homenagem, registrou a coincidência entre o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga e o registro de uma das piores secas vividas pelo Nordeste brasileiro nos últimos 40 anos.

- A voz forte de Gonzaga ainda ecoa, dirigindo-se para as autoridades, para denunciar o descaso, a burocracia que seguram e impedem a velocidade na ajuda ao povo do Nordeste. O centenário ocorre diante de mais uma tragédia, fruto da ação da natureza para a qual o homem, com toda a ciência, ainda não achou uma solução - lamentou.

Foto: Geraldo Magela - Agência Senado

O senador pernambucano Cristovam Buarque fala da emoção em homenagear o conterrâneo

Após apontar o filme Gonzaga, de pai para filho como um dos mais tocantes a que já assistiu, o senador pernambucano Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que enquanto Luiz Gonzaga não fez seus poemas e músicas, o Nordeste não existia para o resto do país. Cristovam também destacou trechos de músicas do Rei do Baião, como A Morte do Vaqueiro e Xote Ecológico, para realçar o viés filosófico e a preocupação com o meio ambiente presente em suas composições.

- O mais marcante em sua obra é sua força social - emendou o senador Rodrigo Goldemberg (PSB-DF), para quem Luiz Gonzaga era "a bandeira do sertão nordestino em que tremula o Brasil inteiro".

Conterrâneo de Rei do Baião, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também assinalou a importância do artista para o "transbordamento" da cultura nordestina para o resto do país e o mundo.
- Quero registrar a minha satisfação, o meu orgulho de participar de um evento em que o Senado fala em nome do Brasil. É uma homenagem do povo brasileiro a uma figura que, sem dúvida nenhuma, tem um espaço forte na formação da musicalidade do país - destacou Jucá.

A genialidade do criador do clássico Asa Branca também foi exaltada pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que creditou a Gonzagão o feito de tirar o Nordeste da sombra e lançá-lo na mídia.

- Envolvidos em sentimento de muito orgulho, brasileiros de todos os cantos agradecem o privilégio de ter abrigado um dos maiores talentos musicais, que trouxe uma incomensurável contribuição para a cultura brasileira - declarou Raupp.

A sessão especial de homenagem a Luiz Gonzaga foi presidida pelo senador João Vicente Claudino (PTB-PI), que recordou a morte do Rei do Baião no dia 2 de agosto de 1989, vítima de parada cardiorrespiratória, em Recife (PE).

- O Velha Lua, como também era chamado, repousa eternamente na pequena Exu, ao lado dos pais no Mausoléu do Gonzagão, que fica dentro do Parque Asa Branca, às margens da BR-122, um museu a céu aberto da vida e da obra do inesquecível Lua, um patrimônio cultural do nordeste brasileiro - relembrou João Vicente.

O cantor e compositor cearense Fagner aproveitou a homenagem do Senado ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, nesta segunda-feira (3), para compartilhar um pouco da experiência de dividir o palco e o estúdio com o Rei do Baião.

– Nossa convivência virou uma relação de pai para filho. Foram muitas idas a Exu (terra do Gonzagão), e muitas a minha cidade, Orós. Ele me tinha como filho e eu tinha ele como ídolo e um pai generoso e carinhoso - revelou Fagner, se dizendo honrado de participar de "uma homenagem justa para um homem do povo, que botou o Nordeste no mapa do Brasil e do mundo com sua música alegre, triste, falando das causas sociais."

Foto: Geraldo Magela - Agência Senado

O genial sanfoneiro Waldonys executou o Hino Nacional para dá início a sessão de Homenagem a Gonzagão

Os sanfoneiros Waldonys e Chambinho do Acordeon - este último viveu o Rei do Baião no filme "Gonzaga: de Pai para Filho", do diretor Breno Silveira - também expressaram seu orgulho com a obra deixada pelo artista pernambucano.

Depois de executar o Hino Nacional, Waldonys apresentou uma surpresa: fez um dueto com Dominguinhos - participação especial gravada em vídeo (foi o único artista pernambucano que participou da homenagem) - na música Não Vendo Nem Troco. Dominguinhos homenageou Gonzagão cantando ainda Vida de Viajante.

Foto: Geraldo Magela - Agência Senado

Chambinho do Acordeon, João Claudio Moreno e Fagner

Mas, antes de o Senado iniciar a sessão especial de homenagem a Luiz Gonzaga, a obra do Rei do Baião foi celebrada pela Orquestra Sinfônica de Teresina (OST), no Salão Negro do Congresso, com a apresentação da Cantata Gonzaguiana. O repertório da apresentação reuniu 13 composições do compositor pernambucano, como Asa Branca, Pau de Arara e Xote das Meninas.

– É difícil definir a música de Luiz Gonzaga, que tem a tristeza, a alegria, a esperança, uma certa ingenuidade, pureza, um mistério que não é explicado, mas, que é, sobretudo, uma identificação imediata com o povo pobre. A música de Gonzaga é eterna, atemporal, definitiva - avaliou o ator piauiense João Claudio Moreno.

Mais tarde Moreno, que já foi vereador de Terezina, falando na tribuna do Senado, disse que Gonzagão afirmará que o Crato, no Ceará era mais importante culturalmente para ele que a sua terra natal Exu.

João Claudio Moreno é um notável artista, o melhor imitador de Gonzagão do país, mais é também um descarado mentiroso, Luiz Gonzaga jamais disse isso.

Apesar de tudo lá na sua nuvem Gonzagão deve feliz em ver que a gente ainda vai lembrar-se dele por muitos séculos.


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