HAITI - BRASIL - Viúvas dos militares mortos lutam por direitos
HAITI - BRASIL
Viúvas dos militares mortos lutam por direitos Governo ainda não pagou as indenizações, aprovadas pelo congresso, as viúvas dos militares brasileiros mortos no Haiti. Entregues a própria sorte, estão indo a justiça, em busca dos direitos de indenizações junto a seguradoras que funcionam dentro dos quartéis, que se negam a considerar que os militares morreram de morte Foto: Ricardo Stuckert/PR
Toinho de Passira Diante da catástrofe que matou 230 mil pessoas, os hierarcas de Brasília foram marqueteiramente impecáveis. Lula chorou durante a cerimônia da chegada dos primeiros esquifes, foi ao Haiti, percorreu ruínas e deu uma ajuda de US$ 15 milhões aos desabrigados. Além disso, anunciou que indenizaria com R$ 500 mil cada família de militar morto, mais um auxílio de R$ 510 mensais por filho em idade escolar. A iniciativa foi votada no Congresso e sancionada em junho. Passaram-se sete meses da chegada dos mortos ao Brasil e dois da sanção. Cadê? Nenhuma viúva ou órfão recebeu um só centavo. Nem previsão há. Cada militar tinha direito a uma indenização de US$ 50 mil das Nações Unidas, sob cuja bandeira também serviam. Receberam no início de abril. O Exército deu às viúvas o amparo devido e elas recebem pontualmente as pensões a que têm direito. Apesar disso, elas tinham mais a sofrer. Seus maridos pagaram regularmente por uma apólice de seguro de grupo vendida pelo Bradesco, por intermédio da Poupex, vinculada à Fundação Habitacional do Exército. Instituição privada, presidida por um general (da reserva), utiliza dependências militares para atender sua clientela. Confunde-se indevidamente com a instituição. Na hora de receber o seguro, as viúvas foram informadas de que o contrato não previa pagamento em caso de terremoto. Por deferência do Bradesco, cada família receberia entre R$ 100 mil e R$ 250 mil, como se os maridos tivessem sofrido morte natural. Como um enfarte na praia. Elas sustentam que eles morreram num acidente, a serviço do país. Nesse caso, o valor do seguro dobra. Meu marido morreu fardado, diz uma senhora. O Comando do Exército e o Bradesco (lucro de R$ 4,5 bilhões no primeiro semestre) estão diante de uma encrenca. Primeiro, porque surgiram quatro viúvas valentes que resolveram lutar pelos seus interesses. Até aí, jogo jogado, pois a seguradora sustenta que seu direito é melhor que o delas e, se não estão satisfeitas, recorram à Justiça. Elas informam que pretendem fazer exatamente isso, até porque o caso foi enriquecido por uma curiosidade: dois militares mortos tinham apólices individuais das seguradoras do Itaú e da Amil. Nenhuma das duas opera dentro de quartéis, nem associa seu nome ao Exército. Ambas entenderam que seus clientes tiveram morte acidental, pagaram o que julgaram devido e não há queixas em relação a elas. No governo do companheiro Obama, nada disso aconteceria, porque nenhum presidente dos Estados Unidos é maluco a ponto de permitir que se vendam ilusões financeiras em quartéis. Uma das coisas que melhor funcionam na burocracia americana é o seu Departamento de Veteranos, que não se mete com seguradoras privadas. * *”As viúvas dos militares do Haiti vão à luta” é o título original do texto de Elio Gaspari Acrescentamos comentários iniciais, imagem com legenda, título e subtítulo |
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