Frangos tiram Maluf da eleição?
ELEIÇÃO 2010
Frangos tiram Maluf da eleição? Embora tramitem contra o deputado Paulo Maluf processos diversos, de coisas cabeludas, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, remessa ilegal para o exterior, nada disso tem atrapalhado a sua vida política. Porém, uma pequena condenação, por superfaturamento, na compra de frangos, nos tempos em que era prefeito, acabou por tirá-lo da disputa pela reeleição para Deputado Federal, por enquanto, enquadrado pela Lei da Ficha Limpa. Fotomontagem Toinho de Passira sobre foto de Lalo de Almeida/Folha Imagem Toinho de Passira Por quatro votos a dois, os juízes do TRE decidiram enquadrar o deputado Paulo Maluf (PP-SP) na Lei da Ficha Limpa Os magistrados consideraram que a condenação no TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo pelo suposto envolvimento em uma compra de frangos superfaturada pela prefeitura da capital paulista à época em que Maluf era prefeito serve como argumento para barrá-lo. O presidente do tribunal, Walter de Almeida Guilherme, que votou contra Maluf, disse no julgamento que a Lei da Ficha Limpa “é um avanço para a moralização dos hábitos políticos, pouco antes de votar pelo indeferimento”. Em nota enviada à imprensa, a assessoria do deputado diz: Paulo Maluf teve dois votos a favor, no julgamento do TRE, de dois eminentes juizes. A matéria, portanto, é controversa. Os advogados de Maluf vão recorrer ao TSE, conforme permite a lei. Paulo Maluf é candidato a deputado federal. O julgamento da candidatura de Maluf nesta segunda começou com a apresentação de uma impugnação ao registro da candidatura de Maluf com base na Lei da Ficha Limpa feita pela Procuradoria Eleitoral e pelo advogado Adib Abdouni, que também defende o delegado Protógenes Queiroz (PC do B), candidato a deputado federal, fez uma comparação entre os dois: “é a caça e o caçador”. Na última sexta-feira (20), o juiz do TRE-SP Mário Devienne Ferraz suspendeu a propaganda de Protógenes a pedido de Maluf. A propaganda mostrava a prisão de Maluf em 2005, que aconteceu durante uma investigação conduzida pelo delegado da Polícia Federal. Maluf foi impugnado pela lei aprovada neste ano, que considera “fichas-sujas” os políticos condenados por órgãos colegiados da Justiça, em geral cortes estaduais. A impugnação foi motivada pela condenação no Tribunal de Justiça de São Paulo por suposta participação em uma compra de frangos superfaturada. Ao todo, ele responde a quatro procedimentos criminais no STF --um inquérito e três ações penais. O mais antigo deles, a ação penal 458, começou na Justiça de São Paulo em 2001 e poucos se arriscam a dizer quando será concluído. Refere-se à acusação do Ministério Público de São Paulo de que Maluf, à frente da prefeitura paulistana (1993-1996), fraudou o orçamento para gastar mais no seu último de governo, deixando para o seu sucessor um rombo de R$ 1,2 bilhão. Os outros casos tiveram origem em investigações do Ministério Público que apontaram desvios de recursos públicos da construção do túnel Ayrton Senna e da Avenida Roberto Marinho. Um deles levou à prisão preventiva de Maluf por 40 dias em 2005. No último dia 27 de julho, o TJ-SP rejeitou um recurso da defesa de Maluf, que buscava cassar a condenação do congressista pela suposta participação no caso dos frangos. Não se pode comemorar com satisfação total esse embaraço malufista, como tantos outros, ele vai obter uma liminar e concorrer ao pleito. Esse imbróglio todo só vai ser julgado depois das eleições.
Tememos que essa euforia de fazer valer a lei da “Ficha Limpa” para barrar os candidatos condenados por um colegiado, que já colocou centenas de políticos condenados, disputando eleições sob liminar, com uma espada sobre a cabeça, com sério risco de ver sua diplomação como candidato ser negada, venha a se transformar numa enorme frustração popular. |
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